Em 04.10.2021 o Respeitável Irmão Carlos Henrique Silva Oliveira, Loja Aliança Fraternal, 3.779, REAA, GOB-SP, Oriente de Santos, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:
TRANSMISSÃO DA PALAVRA NA LITURGIA DE ABERTURA
Venho por meio desta solicitar, que esclareça uma dúvida em relação a compreensão textual sobre a transmissão da palavra sagrada do grau de Aprendiz.
1) Temos que sussurrar a palavra por inteiro (sem soletrar) e depois repeti-la soletrando-a?
2) Só sussurrar a palavra somente soletrada?
3) Primeiro sussurrar de forma soletrada e depois repeti-la silabada?
CONSIDERAÇÕES:
Essas explicações encontram-se no SOR - Sistema de Orientação Ritualística hospedado na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA. Vale mencionar que as orientações contidas no SOR são para aplicação imediata sobre os rituais do GOB que estão em vigência desde 2009.
Esse sistema de orientação (SOR) está no site oficial do GOB e é amparado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral publicado no Boletim Oficial do GOB em outubro de 2019.
A despeito disso, no tocante aos procedimentos propriamente ditos, na liturgia da transmissão da palavra para a abertura e o encerramento dos trabalhos de Aprendiz, o transmissor da palavra a comunica de modo sussurrado, letra por letra no ouvido do coadjuvante. Isto é, a dá soletrada, mas sem a troca das letras entre os interlocutores como geralmente ocorre em um telhamento.
Esse procedimento ritualístico (abertura e encerramento) que se dá entre os Diáconos e as Luzes da Loja não é um exame para se verificar a qualidade de um maçom (telhamento), é porém uma simples transmissão que ocorre entre Mestres Maçons, cujo desiderato é reviver antigos costumes operativos que ocorriam no canteiro (hoje Loja) quando do esquadrejamento dos cantos, do nivelamento e da aprumada da obra.
Assim, especulativamente, substituindo o velho costume dos canteiros de ofício medievais, atualmente no REAA transmite-se na ocasião a palavra sagrada do grau de modo sussurrado (sigiloso) por inteiro e, no caso de Loja de Aprendiz, letra por letra, mas sem intermitência de troca de letras entre os interlocutores tal como quando ocorre em um telhamento (exame de um maçom).
De tudo, é de boa geometria que o maçom compreenda desde cedo o significado das passagens ritualísticas emanadas do ritual. Em resumo, saber o que está se fazendo. Na liturgia e ritualística maçônica, muitas coisas que parecem possuir o mesmo sentido, na verdade têm significados distintos.
Vale também lembrar que no Grau de Aprendiz, a palavra sagrada é dada sussurrada "soletrada", independente da ocasião em que ela possa ocorrer, ou seja, tanto na transmissão para abertura e encerramento dos trabalhos, assim como quando indagada e proferida em um telhamento com o objetivo de se reconhecer a qualidade de um maçom.
No grau de Aprendiz a diferença é a de que no telhamento os dois protagonistas trocam entre si as letras da palavra (quem pede sempre é quem dá a primeira letra), enquanto que na transmissão para abertura e encerramento não há troca de letras, pois o transmissor, nessa oportunidade, a dá na forma de costume, isto é, inteira e soletrada, e no ouvido direito do receptor.
Outro aspecto importante a se observar é o de que no grau de Aprendiz não existe mais ao final da transmissão, em qualquer das ocasiões, a equivocada repetição por sílabas entre os coadjuvantes. Destaque-se que essa correção e orientação se encontra no SOR desde 2019, portanto o ato de no 1º Grau se repetir silabada a palavra que simbolicamente só pode ser soletrada não deve mais ser praticado no REAA.
Isso se explica no simbolismo maçônico porque iniciaticamente o Aprendiz, simulando o início da jornada de aprimoramento, representa a infância. Desse modo, ainda ofuscado pela Luz, o Aprendiz só sabe "soletrar", não fazendo, portanto, nenhum sentido de que nessa representação emblemática o iniciado venha pronunciar por “sílabas” uma palavra que, na sua condição iniciática, só lhe é permitido “soletrar”.
Diferente do Aprendiz, o Companheiro, por ser iniciaticamente mais evoluído, já sabe pronunciar por sílabas a palavra, enquanto que o Mestre, experiente, por dominar a escrita e a leitura, pode perfeitamente pronunciar a palavra com naturalidade. Ora, em termos iniciáticos isso é ponto pacífico na doutrina do REAA, pois essa alegoria tem o desiderato de demonstrar exatamente a evolução do obreiro na senda do aperfeiçoamento.
Concluindo essas considerações, a alegoria da transmissão da palavra para a abertura e encerramento se inicia no grau de Aprendiz com o Venerável Mestre dando, letra por letra, sussurrada e por inteira no ouvido do 1º Diácono, a palavra sagrada do 1º Grau: B, -, -, -. Apenas isso, sem interlocução e sem silabá-la no final. E assim procede-se sucessivamente até que a palavra tenha alcançado o 2º Vigilante para ele então declará-la J∴ e P∴.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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