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sábado, 30 de abril de 2016

AS ESPADAS NA MAÇONARIA SIMBÓLICA

Espada Flamejante e Malhete
Arte: João Guilherme
AS ESPADAS NA MAÇONARIA SIMBÓLICA
Por Kennyo Ismail

A verdade é que a espada não tinha presença tão forte e tão variados papeis no Antigo Ofício. Nos rituais mais antigos só há uma única espada na Loja: a do “Tyler”, do Cobridor. Espada Flamejante??? Nem pensar! E essa “escassez de espada” ainda pode ser vista nas Lojas americanas e inglesas, mesmo quando no grau de Mestre Maçom.

Antes de alguém cogitar a ideia de achar estranho um Mestre Maçom sem espada ou uma Loja sem Espada Flamejante, raciocinemos: o que é “maçom”? Nossa Maçonaria Especulativa originou-se do que?

Maçom é pedreiro. A Maçonaria Especulativa originou-se da Maçonaria Operativa, ou seja, das associações de artífices, sindicatos de pedreiros. Por um acaso os pedreiros usavam espada? Espada é uma ferramenta de trabalho de um pedreiro?

Se você pensar bem, uma espada entre esquadro, compasso, régua, maço, cinzel, nível, prumo, alavanca, é um objeto um tanto quanto estranho e dissonante. Isso porque quem usa espada não é pedreiro. É cavaleiro. E já está mais do que claro que Maçonaria Simbólica nada tem com Templários, mesmo Ramsay tendo desejado o contrário.

Então de onde surgiu essas espadas presentes no grau de Mestre em tantos ritos? Observa-se que a espada como acessório oficial do Mestre Maçom está presente nos Ritos de origem francesa: REAA, Moderno, Adonhiramita. Isso porque, quando a maçonaria surgiu na França, foi pelas mãos dos escoceses exilados na França, os stuartistas. As primeiras Lojas eram compostas de nobres escoceses, nobres franceses e militares franceses. Todos esses usavam espadas e parece que elas acabaram adentrando aos templos com certa facilidade. É fácil entender o raciocínio desses pioneiros na França: eles eram nobres e militares. Combinaria mais com eles serem sucessores de cavaleiros medievais do que de pedreiros! Ramsay teria sido apenas o porta-voz da vontade desses senhores.

E a espada flamejante? Ela tem tudo a ver com isso. Quem se ajoelha para ser recebido e consagrado com uma espada sobre a cabeça definitivamente não é o pedreiro, e sim o cavaleiro. E numa Loja em que todos têm uma espada, a espada da sagração, visto ter exatamente o objetivo de “sagrar”, precisa ser diferente, precisa ser sagrada, imaculada. Daí então, as Sagradas Escrituras serviram de inspiração para a adoção duma Espada Flamejante, cujo porte pelos querubins imprime uma imagem sacra e o fogo simboliza purificação. Por isso, esqueça aquela baboseira escrita por um dos grandes “sábios” da maçonaria brasileira, de que a espada flamejante é um “raio jupteriano” que fulmina o candidato se encostar em sua cabeça. Pelo menos, aconteceu comigo na minha iniciação e eu não morri!

Foi assim que as espadas tiveram ingresso na Maçonaria Simbólica, fugindo da simbologia do Antigo Ofício, mas caindo nas graças da burguesia que, até aquela época, não portava espadas e não se sentava na mesma mesa que os nobres. Característica da cavalaria inclusa nas antigas tradições maçônicas, vista por uns como aberração e justificada por outros como evolução.

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