MAÇONARIA PROGRESSISTA
(republicação)
Em 23/03/2017 o Respeitável Irmão
Fabrício Osti de Melo, Loja 15 de Março, 70, REAA, Grande Oriente Paulista
(COMAB), Oriente de Teodoro Sampaio, Estado de São Paulo, solicita o seguinte
esclarecimento:
Respeitosamente venho beber de
seu conhecimento para esclarecer uma dúvida conceitual que nasce na
contraposição, a meu ver, entre os movimentos sociais contemporâneos e os
preceitos da Sublime Ordem.
Nosso Ritual do REAA traz, em
diversas oportunidades, o conceito que define a Maçonaria, entre outros
adjetivos, como Instituição Progressista.
Pode-se, primeiramente, definir
Progressismo como: “refere-se a um conjunto de doutrinas filosóficas, éticas e
econômicas baseado na ideia de que o progresso, entendido como avanço
científico, tecnológico, econômico e social, é vital para o aperfeiçoamento da
condição humana. Essa ideia de progresso integra o ideário iluminista e tem
como corolário a crença de que as sociedades podem passar da barbárie à
civilização, mediante o fortalecimento das bases do conhecimento empírico. O
progressismo está ligado à ideia de "progresso infinito" mediante
transformações da sociedade, da economia e da política. A ideia de progresso,
por sua vez, é frequentemente relacionada com o evolucionismo e o positivismo”.
Ao mesmo tempo, é perceptível que
nosso conceito de “bons costumes”, está intimamente ligado a valores
Conservadores de família e religião (não se tratando, aqui, de uma
especificidade religiosa), como exemplifica nosso Ritual ao trazer: “Um Maçom
tem por dever obedecer à Lei Moral (...) nunca será um ateu nem um libertino
irreligioso.” (grifo nosso)
Sabemos que, por anos, fomos
paulatinamente doutrinados por uma ideologia que praticamente condenou,
humilhou e desacreditou o conservadorismo, em prol de uma agenda obscura de
objetivos incertos.
Assim, o conflito nasce, sob meu
ponto de vista, quando observamos a exegese do conceito de Progressismo atual
que traz: “também pode ser vinculado a posições político-filosóficas ligadas ao
reformismo e opostas ao conservadorismo. Contemporaneamente, o progressismo
também tem sido associado à luta por direitos civis e individuais, bem como a
movimentos sociais, como o feminismo, o ambientalismo, o secularismo, o
movimento LGBT (diversidade sexual) e o movimento negro, entre outros.” (grifo
nosso)
Desde modo, e em sua sábia
opinião, como devemos nós, os Maçons, e consequentemente a Maçonaria em geral,
nos portarmos quando confrontados com esse embate entre Progressismo e
Conservadorismo? Devemos ser progressistas a tal ponto de, por exemplo,
aceitarmos em nossas colunas “homens transexuais” (gênero humano nascido
mulher, mas que se considera homem)? Ou até mesmo mulheres, em conformidade com
o preceito feminista de direitos iguais? Deixemos de lado, em nossa vida
profana, a Moral Judaico-Cristã em prol da agenda Progressista de liberação das
substâncias entorpecentes (drogas), aborto, fim das religiões em favor ao
Estado, entre outros? Pode o Progressismo subverter a Tradição?
Cordialmente despeço-me,
desculpando-me pelo prolongamento da explanação, e por qualquer afirmação que
hipoteticamente possa vir a ofender os Irmãos, o que jamais foi minha intenção.
CONSIDERAÇÕES:
Entendo que a Moderna é
progressista porque ela acompanha a evolução da ciência e das artes trabalhando
incessantemente para o aperfeiçoamento moral da humanidade observado os ditames
da Lei de cada Nação.
Quanto às transformações sociais,
sobretudo as que envolvem os usos e costumes, é assunto complexo e assim peço
vênia para não comentá-los, até porque eu penso que não tenho competência para
tal, principalmente pelo vasto campo no elemento contraditório que envolve a
questão, ponderando-se que a moral e os “bons costumes”, em muitos dos seus
aspectos, só mesmo são definidos de acordo com as latitudes terrenas.
Por outro lado, no caso da
Maçonaria, existem ainda nuances particulares inerentes às Constituições e os
Regulamentos de cada uma das suas Potências, cujas bases são amparadas pelos
lindeiros (limítrofes) da Ordem, comentados e definidos segundo a visão dos
verdadeiros Landmarks (os imemoriais, os espontâneos e os universalmente
aceitos). Isso em qualquer opinião deve ser amplamente levado em conta.
Nem sempre, em se analisando a
evolução e os objetivos das Instituições, sejam elas religiosas ou filosóficas,
nos cabe simplesmente compreendê-las pelas definições exaradas nos diversos
dicionários vocabulares. Há também que se observar, que certas mudanças sociais
e de costumes, se simplesmente adotadas, dependendo do caso, podem inclusive
alterar substancialmente a razão da existência e do objetivo de uma Instituição
– é o caso da Maçonaria, por exemplo.
Entendo que é ofício das nossas
autoridades maçônicas a manutenção dos nossos usos, costumes e das nossas
práticas consuetudinárias. É deles a competência de manter ou não os nossos
“limites”, ou mesmo alterá-los, sem nunca se esquecer de que mudanças e
adaptações dependem de reconhecimento para que lhe seja dada a regularidade.
Para não fazer nenhum juízo de
valor antecipado e nem preconceituoso, eu devo salientar que não tenho nenhuma
opinião formada sobre a questão de o progressismo poder subverter a tradição,
até porque cada pensamento, seja ele de ordem prática ou filosófica, deve nele
existir um critério próprio para suportar uma análise mais crítica. Aliás, eu
penso que para tudo deve existir limite e equilíbrio - é o que eu entendo por
bom senso.
Sob a minha óptica eu aprendi a
ser tolerante, mas não indulgente. Num caso que porventura possa envolver
reformas por movimentos sociais, tais como os mencionados na sua questão, eu
prefiro seguir o ditame da prudência. Se por acaso eu entender que o progresso
feriu a tradição ao ponto de transfigurar a existência e a essência da
Maçonaria, gentilmente e exercendo o meu direito de liberdade, eu pedirei para
me retirar.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Eis uma visão mais pura do conceito. A que se considera atualmente está bastante poluída, a meu ver. Excelente Peça de Arquitetura! TFA
ResponderExcluirOlhem o logo da Maçonaria Progressista e me digam se não é um "algo" fora dos preceitos da Maçonaria.
ResponderExcluirEsquadro e compasso sobre um martelo.
Sugestivo? Não, escancaradamente, ligado ao Marxismo Leninismo.