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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 30 de março de 2020

QUEM É UM MESTRE?

QUEM É UM MESTRE?
(Desconheço o autor)

Ao longo de nossas vidas conhecemos alguns mestres. Os encontramos na professora dos primeiros graus, talvez em algum professor do nível médio, em algum poeta ou em homem qualquer que nos tocou profundamente com suas atitudes e palavras. Por que os recordamos? O que nos transmitiram, que nos fez guardá-los em nossa memória? Podemos dizer mui brevemente: NOS INCITARAM A CRESCER.

O que significa que um mestre incite a crescer? O que significa crescer? Crescer significa adquirir complexidade, quebrar as linearidades; uma mulher ou um homem crescem paralelamente ao enriquecimento do mundo e mestre é aquele que nos desperta a curiosidade de aparecermos para essa constante abertura da realidade. Mestre é aquele que deixa aprender, diz o pensador Martin Heidegger. É mais: o verdadeiro mestre não deixa aprender mais que o aprender, agrega. E isto tem a ver com a liberdade.

Se até agora – por viver na modernidade – considerávamos a liberdade como um atributo do ser humano, agora se faz necessário um estado de disponibilidade que chama os mestres ao progresso. Por isto, o mestre é quem põe em condições de aprender e não quem ensina. Porém, antes de tudo, aquilo que o mestre deve aprender é a converter-se ele mesmo em discípulo; é por isto que o mestre tem muito mais dúvidas do que os alunos.

Como é o ser humano que educa para o futuro? O que desenvolve uma fina sensibilidade para as mudanças, o que não se apega a sistemas de explicações, aquele que sabe – como ensinava Jorge Luiz Borges – que as razões são falíveis. Não se trata de abandonar a compreensão das coisas; se trata de abrir-se para outro tipo de inteligibilidade. Creio que os seres humanos que conservam a juventude em suas almas apreciam mais a quem os permitem aprender do que aqueles que pretendem fechar a realidade em explicações. Como num jogo, a estratégia deve ser a plasticidade; a partir de certas exigências mínimas, a realidade em geral e a vida humana em particular, são um desafio constante à criatividade e à mobilidade de critérios. 

Agora, nos confins da modernidade, “verdade” é a originalidade de toda verdade que, ao apresentar-se em forma de jogo, nos permite arriscar; arriscar a viver, a trabalhar, a saber, a amar e a saber morrer. Só nisto se fixa nossa esperança de liberdade e mestres são os que ajudam a ser livres.

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