Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

segunda-feira, 22 de junho de 2020

NORTE MAIS ESCURO

NORTE MAIS ESCURO
(republicação)

Em 01/10/2015 o Respeitável Irmão Gilberto Nielsen, Loja União Santelenense, 100, REAA, GLMEGO, Oriente de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, solicita esclarecimento para o que segue: gilbertonielsen@hotmail.com

Meu Irmão fui nomeado pelo Venerável Mestre de minha Loja para o cargo de Mestre de Instrução e Liturgia, e sou Mestre Instalado. 

Estou procurando-lhe para que me ajude a sanar uma dúvida, que, não estou conseguindo dentro dos canais procurados. Gostaria de saber o porquê de algumas Lojas que seguem o REAA∴, tem o lado norte da Loja mais escuro na iluminação do Templo, assim era em nossa Loja, desde quando iniciei na Ordem há mais ou menos 20 anos, mas reformaram o Templo recentemente e iluminaram tudo, questionei, mas, no Ritual não tem nada sobre o assunto diz apenas que na preparação do Templo para as reuniões, todas as luzes deverão ser acesas. Gostaria de contar com a ajuda do Poderoso Irmão para sanar essa dúvida e esquecer o problema, mas com a consciência do dever cumprido.

CONSIDERAÇÕES:

Mano, o aspecto é simbólico e não de prática literal.

Uma sala da Loja (Templo) representa um canteiro de obras simbólico. No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, rito que é filho espiritual da França, adota a evolução da Natureza como teatro simbólico de renovação e aprimoramento do Homem iniciado como parte integrante da Natureza.

É assim que o Templo simbólico é orientado de Leste para Oeste e Norte para o Sul com seus trópicos e meridianos – na verdade o Templo representa mesmo um segmento do Globo terrestre onde o eixo longitudinal é o Equador que divide o espaço em dois hemisférios (Colunas do Norte e do Sul).

As Colunas B e J, também chamadas de Colunas Solsticiais (indicam as datas solsticiais – João, o Batista e o Evangelista), marcam a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul. Assim a parede Norte é o topo da Coluna setentrional e a Sul é o topo da Coluna meridional; o Oriente é o nascente e o Ocidente o poente ou o ocaso.

Dadas essas breves considerações, a questão do Norte mais escuro é a seguinte: levando-se em consideração de que o berço da Maçonaria é original do Hemisfério Norte e devido à inclinação da Terra de aproximadamente 23º em relação ao seu plano de órbita, essa posição faz com que durante o movimento de translação o planeta Terra tenha, conforme a posição no seu deslocamento em torno do Sol dias iguais em sua duração (equinócios) ou dias mais longos e noites curtas opostas por Hemisfério (solstícios).

Desse movimento aparente do Sol é que de acordo com a situação do observador nas diversas latitudes terrenas faz com que haja maior ou menor distância da luz. Isso obviamente pela inclinação e esfericidade da Terra.

Assim, como a Maçonaria nasceu no Hemisfério Norte, alguns dos seus ritos adotaram para o seu arcabouço doutrinário as Leis Naturais, cuja mensagem indica que a posição do observador, quanto mais ao Norte, estará mais distante da região mais iluminada - nesse caso o Equador terrestre.

Devida essa posição geográfica é que quanto mais ao Norte em relação ao Equador haverá mais predomínio das sombras. Desse distanciamento surgiu então o conceito regional de menos iluminado para a meia esfera boreal.

Já do mesmo Norte, em se vislumbrando o Sul tem-se a impressão de que o Sul é mais fulgente. Daí o termo Meio-Dia equiparado à região mais iluminada do Planeta.

Note que esse conceito é o mesmo que aparece na Bíblia onde se trata da região Sul como Meio-Dia. Aliás, os cultos solares da antiguidade – elementos de suporte da maioria das religiões – tratam do movimento aparente do Sol e dos ciclos da Natureza (estações do ano) como alegoria doutrinária – vide Natalis, invicti Solis, ou Igne Natura Renovatur Integra.

Graças a isso é que a Maçonaria, mesmo não sendo uma religião, traz através do ecletismo de alguns dos seus Ritos a associação da senda iniciática com a evolução da Natureza.

Nela então foi montado a sua estrutura doutrinária sugerindo que no Norte (berço da Ordem) a Primavera e o Verão se relacionassem com a infância e adolescência (Aprendiz), o Outono com a juventude (Companheiro) e o Inverno com a maturidade (o Mestre) – esses ciclos estão perfeitamente representados pelas Colunas Zodiacais que vão posicionadas no Ocidente nas paredes norte e sul, porém nunca no Oriente.

Portanto é dessa alegoria natural que o Aprendiz, representando os primeiros ciclos na sua jornada maçônica, tem lugar na parte simbolicamente mais distante do Sul, ou Meio-Dia – mais escura – no topo da Coluna do Norte (toda parede norte até a grade do Oriente).

Assim, na medida em que o iniciado vai evoluindo e se aperfeiçoando na senda, ele vai paulatinamente se aproximando da Luz que, simbolicamente, passa pela Coluna do Meio-Dia (ver as três janelas no Painel do Grau – Oriente, Sul e Ocidente).

Então sob o aspecto prático, a questão é apenas simbólica. Desse modo não carece o preciosismo de se iluminar mais o Sul do que o Norte no Templo Maçônico.

Iniciaticamente não há como se confundir iluminação do recinto com a luminosidade litúrgica. Essa é apenas e tão somente uma alegoria que instiga o iniciado a associá-la ao seu aperfeiçoamento como um elemento passível de aprimoramento.

Sob essa óptica, do lado mais ou menos iluminado do recinto, as lâmpadas, ou velas litúrgicas das Luzes da Loja (o Venerável e os Vigilantes) cumprem perfeitamente esse papel, já que simbolicamente elas iluminam a Loja de acordo com a evolução do Obreiro – três para o Aprendiz, cinco para o Companheiro e nove para o Mestre.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.041 – Melbourne (Vic.) quarta-feira, 4 de maio de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário