ESTUDOS SOBRE A 1ª VIGILÂNCIA
Danilo Bruno Louro de Oliveira, 22º, MEM
PARA QUE NOS REUNIMOS PARTE 4: LEVANTANDO TEMPLOS À VIRTUDE E CAVANDO MASMORRAS AOS VÍCIOS
“Para impormos um freio salutar a essa impetuosa propensão, para elevarmo-nos acima dos vis interesses que atormentam o vulgo profano e acalmarmos o ardor de nossas paixões é que nos reunimos aqui neste Templo. Aqui trabalhamos para adaptar nosso espírito as grandes afeições e só conceberemos ideias sólidas de virtude, porque somente regulando nossos costumes pelos eternos princípios da Moral é que poderemos dar a nossa alma esse equilíbrio de forças e de sensibilidade que constitui da Ciência da Vida”. Grande Ritual de Iniciação – Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia – GLEB
1. INTRODUÇÃO
Comecemos com a resposta do 1ºo Vigilante ao Venerável sobre os motivos da reunião dos Maçons, quais sejam, “combater a Tirania, a Ignorância, os Preconceitos e os Erros, glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade, promover o Bem Estar da Pátria e da Humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando Masmorras ao Vício”. Sendo objeto deste estudo, a parte por mim grifada.
Continuando nossas reflexões, abordaremos o trecho final do diálogo.
2. GERÚNDIO
O dicionário Michaelis define essa forma nominal: “Forma nominal do verbo, invariável, terminada em ‘ndo’”.
O gerúndio pode expressar uma ação que está em curso, ocorrendo simultaneamente ou mesmo progredindo, avançando.
Seu uso ressalta que a continuidade da ação, seu aperfeiçoamento e busca ao ápice.
No caso em estudo, os gerúndios “levantando” e “cavando” aparecem no final do texto, o que denota a necessária continuidade da prática dessas atividades não apenas nas reuniões da Loja, mas, principalmente em nossa convivência no mundo profano para que nossas construções sociais sejam duradouras onde mais são necessárias, na sociedade que nos cerca.
3. TEMPLOS ÀVIRTUDE
“Que entendeis por Virtude? É uma disposição da alma que nos induz à prática do Bem”. Grande Ritual de Iniciação da Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia – GLEB.
Virtude são as qualidades básicas que nos constituem como Seres Humanos e possuem o desiderato de nos guiar em nossa busca pela Verdade, várias são as virtudes e os agrupamentos onde são listadas, pois tão antigo quanto o homem é o desejo de ser bom, belo e justo, características que, necessariamente, reivindicam uma vida virtuosa.
A virtude revela-se quando é fruto de nosso livre-arbítrio, de nossas boas escolhas quando temos oportunidade de fazer as más, essa educação é um grande desafio que devemos enfrentar quando reunidos em Loja, rodeados por Irmãos em diferentes níveis de evolução e comprometimento, em torno de um objetivo comum e virtuoso que é tornar feliz a humanidade.
Além do quanto ensinado, aprendido, estudado e debatido em Loja, a Virtude materializa-se na construção prática do Maçom no mundo profano, na prática da solidariedade, do altruísmo, do estudo, da compaixão, da caridade entre muitas outras.
É importante nos atentarmos que atos isolados e esporádicos não podem ser considerados como Virtude, como uma perene busca pela Verdade, nosso estado de espírito deve ser direcionado uma busca que possa arraigar em nosso pensar e agir a procura por uma verdadeira vida virtuosa.
E nisso a Loja Maçônica possui papel fundamental, nunca nos permitindo esmorecer ou desistir, mas sempre nos incentivando a enfrentar as dificuldades e desafios próprios de uma vida virtuosa e frutífera.
O auxílio dos Irmãos é expresso em nossos rituais em uma das mais hercúleas e necessárias tarefas que o Maçom toma, ao menos inconscientemente, para si: Vencer as suas paixões e submeter a sua vontade.
Ao nos conscientizarmos de nossas paixões e seu lado maléfico, temos por obrigação buscar a superação deste, mediante aplicação das virtudes e da convivência social para que possamos vencer esta grande limitação de nossa matéria.
Ao desbastarmos nossa pedra bruta e diminuirmos nossas asperezas, revelamos nosso divino interior e enxergamos qualidades que julgaríamos impossíveis em nós, mas sempre presentes em todos aqueles que se dedicam a essa nobre e árdua tarefa.
Ao submetermos nossa vontade, igualmente, nos conscientizamos de nosso incipiente estágio evolutivo e suas flagrantes dificuldades. O que desejamos e buscamos de maneira incisiva e impensada pode gerar grandes danos em nossos semelhantes, em nós mesmos e até na Maçonaria, simplesmente por nos faltar a essencial qualidade Maçônica da humildade.
Quando nos falta a percepção da nossa pequenez e insignificância perante o Universo, quando ignoramos que nossa vontade irrefletida pode revelar-se tão nefasta e cruel por estar alicerçada em nosso orgulho e arrogância, a posterior prática constante da Virtude é a única redenção, permitindo a busca da Verdade que deve guiar o Maçom em sua senda iniciática.
Nosso ritual nos ensina uma preciosa lição: A virtude aparece em toda sua glória quando se materializa em uma disposição forte e constante para a prática do bem.
Por fim, abrimos um parente para refletir que o alarde quanto à própria ou próxima virtude possui o malefício de anular a principal qualidade de uma vida virtuosa: a necessária modéstia que sempre a acompanha.
Eis uma lição prática para uma vida virtuosa: Ignoremos nossa virtude e deixemos que nossas obras e nosso trabalho falem por nós, pois o reconhecimento nada mais é que o resultado de nossos labores e naturalmente acompanham todo aquele que procura uma vida ética de retidão.
4. MASMORRAS AOS VÍCIOS
“Que pensais ser o Vício? É tudo que avilta o homem. É o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal”. Grande Ritual de Iniciação – Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia – GLEB
Os vícios são uma das maiores razões de nos reunirmos em Loja Maçônica, seu combate deve ser diuturno e vigilante, por mais que falhemos nessa luta, o que invariavelmente acontece, devemos nos conscientizar que nossa caminhada é longa e difícil, porém necessária para nossa plena evolução e de todos que nos rodeiam e que, como Maçons, temos a obrigação de ajudar no desenvolvimento, pois nossa construção é social.
Assim, tudo quanto oposto a Virtude, ao Belo, Bom e Justo, pode ser considerado vício, também os hábitos tão arraigados que muitas vezes não percebemos os malefícios produzidos.
Em suma, tudo aquilo que nos desvia do caminho do bem, do nosso objetivo de tornar feliz a humanidade pode ser considerado vício.
Esse é o bom combate do Maçom, travado nas reuniões da Loja, travado internamente.
O mundo profano é uma escola, onde nossa disposição para o combate a estes vícios é testada diuturnamente, poderíamos nos desesperar ao refletir acerca da crueldade destas provas e de sua intrínseca dificuldade e constância.
Porém o júbilo acompanha todos os Maçons, pois possuímos a oportunidade de iniciar na Arte Real e aprender, muitas vezes do modo mais bonito e enfático que é o exemplo, mas também por instruções e ensinamentos proferidos por grandes e sábios Irmãos espalhados por todos os recantos da Terra.
E a recompensa desse árduo trabalho não é simplesmente material e transitória, mas espiritual, etérea e eivada das virtudes que sempre acompanham o bom trabalho e o bom combate.
Também nos é oferecida a oportunidade de ensinar e acompanhar, ajudando os Irmãos e profanos que necessitam de uma mão amiga, um ombro acolhedor, uma vida plena de vivências e vitórias para guiar-lhes pelo mesmo caminho.
E estas apenas podem ser conhecidas por quem conseguir domar seus vícios.
5. CONCLUSÃO
“Esse trabalho é penoso e por isso deveis refletir bem antes de vos tornardes Maçom, pois se fordes admitido entre nós, a ele tereis de vos sujeitar com satisfação. Preferis seguir o caminho da Virtude ou do Vício? Da Maçonaria ou do Mundo Profano?”. Grande Ritual de Iniciação – Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia – GLEB
Apesar de termos vencido várias fronteiras, desde transportes até comunicações, passando pelos meios de produção, a máxima “Conhece-te a ti mesmo”, continua presente em nossos labores, necessitando estudo e dedicação consistentes em um mergulho, uma viagem interior para nossa evolução e a de nossos semelhantes, cumprindo os trabalhos maçônicos de construção social e busca pela verdade.
Isto porque a reunião dos Maçons ocorre coletivamente no Templo Maçônico, mas o labor diuturno deve ocorrer em nosso Templo Interior, o conhecimento íntimo apenas pode ser alcançado nessa senda, nele estão contidos os Mistérios e os Segredos Maçônicos.
Com esse trabalho, encerro minhas reflexões sobre essa parte do diálogo de abertura entre o Venerável Mestre e Primeiro Vigilante, sendo que ocupo este segundo cargo desde o ano passado.
Minha intenção ao estudar porque os Maçons reúnem-se em Loja foi aprender com os Irmãos e capacitar-me melhor para ocupar este importante cargo em minha Loja.
Hoje fico feliz em poder afirmar que minhas expectativas foram superadas pela resposta dos Irmãos que se manifestaram sobre estas reflexões e “cobraram” a continuidade, tanto na internet quanto em Loja.
Para fechar essa série de artigos, preciso agradecer mais uma vez ao Irmão Jerônimo Borges e seu abnegado trabalho de difundir a cultura maçônica por nosso Grande País, com dedicação e renúncia dignas de todos os louvores com a edição diária do JB News que publicou esta séries de artigos.
Referências:
http://michaelis.uol.com.br
Grande Ritual de Iniciação – Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia – GLEB
Danilo Bruno Louro de Oliveira, 22º, MEM
1º Vigilante ARLS União e Justiça nº 27, Poções/BA – GLEB
Membro Correspondente da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas bel.danilobruno@gmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.056
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