No texto sobre o mandato do terceiro Venerável Mestre, fiz, a dado passo, referência ao ofício de Mestre de Cerimônias. Tendo sempre presente que este blog se destina a ser lido por maçons e por não maçons, este é um bom pretexto para descrever mais um dos ofícios da Loja, após já ter feito referência aos de Venerável Mestre e de Vigilantes.
O ofício de Mestre de Cerimônias existe no Rito Escocês Antigo e Aceite (aquele que é praticado na Loja Mestre Affonso Domingues) e bem pode ser exercido por um mudo. Com efeito, não me recordo de existir uma única fala especificamente do Mestre de Cerimônias em qualquer das cerimônias rituais deste rito. Toda a atividade deste Oficial se faz pelo movimento e pelos gestos. No entanto, este ofício é um dos mais importantes do mencionado rito!
O Mestre de Cerimônias é o oficial de Loja que executa, dirige e conduz todas as movimentações em Loja. Sempre que qualquer dos elementos da Loja deve circular nela, faz acompanhado pelo Mestre de Cerimônias (melhor dizendo: seguindo-o). Sempre que a posição ou o estado de um dos objetos com significado ritual deve ser corrigido, quem efetuar essa ação é o Mestre de Cerimônias. Cumprindo instrução nesse sentido do Venerável Mestre ou por decisão própria.
O Mestre de Cerimônias é o responsável por toda a circulação no espaço da Loja e, conseqüentemente, pela sua fluidez e correção. É ele quem indica por onde se deve ir, para se fazer o quê.
O ofício de Mestre de Cerimônias é fundamental na execução do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite, porque é ele quem marca os ritmos e, assim, quem agiliza ou soleniza cada cerimônia.
Ao contrário do que sucede, por exemplo, no Rito de York, o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite não é executado de cor: os oficiais que o executam têm o apoio do texto relativo à cerimônia respectiva. Porém, o Mestre de Cerimônias, porque não tem falas, exerce o seu ofício sem o apoio do ritual escrito, o que o obriga ao profundo conhecimento do ritual de todas as cerimônias. Só bem conhecendo o ritual, pode ele estar preparado para executar uma determinada ação no êxito momento em que é adequado fazê-lo, por saber que, quando determinada frase é dita por alguém, se seguirá determinada ação que ele deve executar.
A experiência e o conhecimento do ritual do Mestre de Cerimônias pode fazer de qualquer cerimônia ritual um até corriqueiro ou uma exaltante execução. O Mestre de Cerimônias tem que saber que intuir, quando deve ser solene e pausado e quando deve acelerar o seu movimento - por vezes, em função da existência ou não de atraso na execução dos trabalhos...
O Mestre de Cerimônias só aprende o seu ofício de uma maneira: executando-o e corrigindo os erros e hesitações que lhe detectarem ou que ele próprio detectar. O Mestre de Cerimônias faz a função, mas também se faz na função.
O símbolo da função do Mestre de Cerimônias - símbolo que ele transporta sempre consegue! - é o bastão (ver figura), espécie de bordão ou vara de caminheiro com que ele marca o início dos seus passos e as suas mudanças de direção e que é também utilizado, em conjunto com a espada de outro oficial, para executar uma abóbada cerimonial, designadamente sobre os mais importantes símbolos em Loja em momentos-chave da abertura e do encerramento dos trabalhos. Pode ser substituído por uma versão em tamanho reduzido, de cerca de cerca de meio metro, que, nesse caso, transportará sobre o antebraço, o que sucede normalmente em cerimônias a que se pretende conferir maior "pompa e circunstância".
Rui Bandeira
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