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domingo, 17 de setembro de 2023

A LENDA DO BODE!

Rui Ferreira da Silva MM⸫

Cuidado com o Bode ! !

Embora seja referido em brincadeiras entre Irmãos, embora tenha assustado muitos candidatos à iniciação maçônica, embora seja usado pelos anti-maçons como prova de nossas ligações com rituais satânicos, embora seja para muitas crendices o símbolo do Satanás ( por via de dúvidas – sapo seco mangalô três vezes... ) vamos falar sobre o malfalado Bode, de quem muito se diz apesar da pouca informação que se tem.

Permitam-me apresentar o T⸫V⸫P⸫, o Ven⸫ Ir⸫ Bode MM⸫

Na mitologia antiga, o deus dos pastores chamado Pan era simbolizado pelo Bode, e hinos antigos de Homero referem a este deus representado pelo Bode, como “ filho muito querido de Hermes (filho direto de Zeus)”. Pan era o deus dos caçadores, das florestas, da vida natural e da fertilidade. Tinha o corpo de homem, mas barbas, chifres, orelhas, pernas e patas de Bode e inspirava terrível medo aos viajantes; Pan era apaixonado pela orgia e por uma ninfeta que ele não conseguia possuir.

Pan teria ajudado os Atenienses na Batalha de Maratona, ao amedrontar e assustar os Persas, facilitando assim a guerra para os Gregos. Este quadro de medo e pânico é que era utilizado em antigas iniciações, como veremos adiante, foi simbolizado pela figura de Pan (Homem-Bode).

Nos tempos Bíblicos, utilizava-se este mesmo símbolo, de Pan (Homem-Bode), na figura de Azazel (que em hebreu significa Bode) para disseminar o temor entre os Hebreus a Satã e acreditava-se que Satã aparecia em rituais blasfemicos e de bruxaria, cavalgando um Bode.

Há ainda uma antiga lenda judaica, de que na época da construção do Templo de Salomão, devido a necessidade de trabalhadores de varias partes do mundo de então, com diversas formações religiosas, e entre estes havia também ladrões, assassinos e bandidos de todas as espécies, tornou-se necessário intimidar tais tendências criminosas e novamente se lançou mão de um demônio terrível, de figura intimidante, que foi Asmodeus, que também tinha barbas, chifres e patas, assemelhando-se ao Bode, que passou a ser o Guardião dos Tesouros escondidos do Templo de Salomão. Os Bandidos o temiam, e com isto se conseguiu certo controle dos mal intencionados de então. 

Devido a nossos rituais ligados ao Templo, a maçonaria manteve esta simbologia, de manter o Asmodeus do lado de fora, mas à entrada do Templo Maçônico, para afastar os curiosos e mal intencionados. Até o nosso escultor barroco Aleijadinho, também o esculpiu a entrada, mas do lado de fora da Igreja que o imortalizou, juntamente com alguns outros símbolos, muito familiares aos maçons, e que lá estão até hoje, deixando fortes indícios de sua ligação com a nossa Ordem.

Até hoje varias igrejas na Europa, tem à sua entrada ou mesmo em algumas colunas a figura de Azazel. 

No século XVIII, esta simbologia relacionada ao Bode, foi largamente usada na Maçonaria, pois o medo com ligações satânicas, afastavam os curiosos que dela se aproximavam. Somente homens de forte formação filosófica e religiosa, sem medo de demônios, é que persistiam em entrar na Ordem. Isto no entanto, em contra partida, gerou no meio não Maçônico uma certeza de ligações da Ordem com Satanás.

O ato de realmente cavalgar no Bode, passou a fazer parte das brincadeiras ou trotes, aos calouros maçônicos, que a isto eram submetidos, como parte das brincadeiras não oficializadas, durante as iniciações. Para sofrimento do pobre animal. Levavam-se bodes para as vizinhanças das Lojas Maçônicas na Europa, e os recém-iniciados, deviam cavalgar pelas ruas da cidade.

Tais brincadeiras levaram a violentas manifestações religiosas, por suas conotações satânicas, que passaram a ser realizadas em ambientes fechados, longe do público, em aparelhos criados para esta finalidade, com rodas de bicicletas, assentos de pele, e em lugar do guidom, cabeças esculpidas ou reais de bode, onde o aprendiz segurava nos chifres para direcionar o veículo sob as vaias e aplausos dos participantes.

Criaram-se Confrarias e Escuderias do Bode, cujos símbolos eram representados com bodes vestidos, com aventais e alfaias maçônicas, como autoridades, e as famílias dos membros se reuniam nos fins de semana, para cavalgar no bode, entre quermesses e churrascos, regados a vinhos e cervejas, e o dinheiro arrecadado em tais festas era usado em obras beneficentes das Lojas, ou para construir ou melhorar os Templos. Mas apesar disto sustentava-se a falsa visão de nossa relação com seres demoníacos, que se manteve até nossos dias.

Nós maçons, religiosos que somos, esotéricos e pesquisadores da verdade, construtores do Templo Interior e Individual a Deus, não nos envolvemos, além das brincadeiras, com seres de baixa formação moral, estejam eles vivos, encarnados ou não.

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