AUTO-ESTIMA: [gr. auto: si mesmo; lat. aestimatione: estima] 1. Avaliação positiva que o ser humano faz de si próprio. 2. Entre os pagãos, o corpo humano era considerado uma prisão; algo que separava o homem do verdadeiro conhecimento. 3. Com o advento do cristianismo, o homem foi estimulado a erigir um autoconceito mais elevado. Afinal, conscientiza-nos a Bíblia termos sido criado à imagem e semelhança de Deus. 4. Na filosofia zen: o grande contido no pequeno, ou seja, só nos tornamos grandes quando assumimos nossa pequenez. 5. Desde criança somos treinados a parecer bem a outras pessoas. Temos de aprender a adivinhar o que agrada a nossos pais, nossos professores, e com isso deixamos de ouvir o nosso interior. Assistimos aulas de forma passiva, onde é esperada a concordância e não a troca de idéias. Falsas pessoas iluminadas, falsos mestres, falsos pais, impõem-nos suas verdades, em vez de auxiliar-nos na descoberta do nosso próprio ser. Precisamos começar a ouvir nosso corpo, nossas necessidades, nossos sentimentos. Só a partir disso, poderemos aprender a amar, a respeitar a nós mesmos e compartilhar esse amor com outros seres humanos. 6. Texto de Marcos Machado da Luz: Sou brasileiro e moro nos Estados Unidos e, para ajudar meu orçamento de estudante, sou babá. Ao cuidar de uma das meninas de quem eu "teoricamente‟ tomo conta, uma vez cantei Boi da Cara Preta para ela, antes de dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eu cantar ao colocá-la para dormir. Antes de adotarmos o ‘boi, boi, boi’ como canção de ninar a canção que cantávamos em inglês, dizia algo como ‘boa noite linda menina, durma bem, e que os sonhos doces venham para você, sonhos doces por toda a noite’. Que lindo, não é mesmo? Mas eis que um dia a mãe da menina me pergunta o que as palavras em português da música ‘boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta’ queriam dizer em inglês, e é claro que menti para ela, pois não tive coragem de dizer que a música, na verdade era uma ameaça do tipo „dorme logo senão o boi vai te comer‟. A partir daí, comecei a pensar em outras canções infantis e me lembrei do nana neném que a cuca vai te pegar...’ Caramba... Outra ameaça! Agora com um ser mais maligno que um boi preto. E assim, depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, descobri toda a origem dos problemas do Brasil: os brasileiros em geral têm uma auto estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa. E por que isso acontece? Trauma de infância causado pelas canções que nos ameaçam, amedrontam e nos relatam tragédias desde o berço. Por isso, levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos. Tanto isso é verdade que ‘atirei o pau no gato-to, mas o gato não morreu-reu-reu, dona Chica-ca admirou-se, não berrou, não berrou, não berrou que o gato deu: miiiiaaauuuu...’ Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara da falta de respeito e crueldade aos animais. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de dona Chica. Uma vergonha! E o que falar da música que canta ‘eu sou pobre, pobre, pobre... eu sou rica, rica, rica... ’ que coloca a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces? É impossível não lembrar do amiguinho rico da infância com um carrinho de controle remoto, e você brincado com seu carrinho de plástico. Mas vamos adiante... ‘Marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito, vai preso no quartel’. De novo a ameaça: ou obedece ou vai preso. E na música ‘a canoa virou, foi deixar ela virar, foi por causa da (nome da pessoa) que não soube remar’ ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e condenar semelhante. E no ‘samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada, samba-lelê precisava de uma boa palmada’ a pessoa (que é samba-lelê) encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidado médico, mas, ao invés de apoio, a música diz que ele precisa apanhar. Agora, o máximo mesmo é a música ‘o anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e acabou’ pois faz as pessoas crescerem sem acreditar no amor e, por consequência no casamento. E para arrematar isto tudo, preste atenção ‘o cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada; o cravo ficou doente e a rosa despedaçada; o cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar’. È só desgraça... E ainda incita à violência conjugal... È por isso que temos muito que mudar, a começar pelas músicas infantis, pois nossos filhos merecem um futuro melhor.
(V. Auto-Ajuda, Autoconhecimento, Autodeterminação, Preguiça, Procrastinação, Sucesso).
Verbete Extraído do Vade-Mecum “Do meio-dia à meia-noite” do Ir∴ João Ivo Girardi.
Fonte: JBNews - Informativo nº 219 - 04.04.2011
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