LÂMPADAS APAGADAS
(republicação)
Em 08.05.2015 o Respeitável Irmão Cláudio Rodrigues, atual Primeiro Experto da Loja Harmonia, 026, REAA, GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, solicita o seguinte esclarecimento:
claudiorodrix33@gmail.com
Mano Pedro Juk, peço-lhe a gentileza e favor de socorrer-me na seguinte elucidação: só na Abertura e Encerramentos dos Trabalhos de uma Sessão, como mote de espiritualiza-la, e mesmo à Egrégora, conforme me foi dito pelo 1º Vigilante, fizemo-la com as luminárias (lâmpadas) do teto, apagadas, e considerando-se que as velas do Altar dos Juramentos e as luzes das mesas do Venerável e dos Vigilantes, todas, estejam acesas? Confesso-lhe que foi a primeira vez, desde 1970, que participei de tal "achismo", ao meu juízo.Por favor, dê-me os seus esclarecimentos sobre este ocorrido, pelo que, antecipadamente lhe agradeço.
Realmente esses têm sido os absurdos que não raras vezes ainda somos obrigados a conviver nas nossas sessões maçônicas.
Infelizmente, em nome de credos pessoais e mesmo dessa tal “egrégora” (que nem faz parte do nosso idioma vernáculo) os “achistas” acham, e com isso parece não entenderem que, sobretudo como maçons devemos respeitar as opiniões alheias e não fazer da Maçonaria uma passarela para proselitismos infundados em se tratando da Sublime Instituição.
Ora, aprendemos já na Iniciação que não devemos zombar e nem desrespeitar as crenças alheias, todavia isso não significa que somos obrigados a conviver com as mesmas sob o rótulo de doutrina universal da Ordem.
É bem verdade que cada um deve crer ao seu caráter, pois essa é a liberdade e o respeito, porém que cada um também procure a sua religião, pratique e reforce a sua crença nos seus espaços religiosos e não a Loja Maçônica, já que o Pavimento Mosaico (piso da Loja) nos ensina que apesar das diversidades de raças, credos e religiões, sobre ele deve suceder a mais perfeita harmonia. Essa na verdade é a ciência da convivência, não da obrigação de concordância irrestrita com as manifestações dos credos, afinal para a boa convivência no ecumenismo maçônico, nas suas lides não se aplicam manifestações particulares de fé.
Tenho dito que a crença no “Grande Arquiteto do Universo” foi idealizada pelo filósofo e adotada na Maçonaria como um modo conciliatório simplesmente para se referir ao “Criador”, seja ele de aparência teísta ou deísta, contudo sem jamais nela promover crenças individuais.
Assim, apagar a iluminação do Templo Maçônico em determinados momentos da sessão e transformar o ambiente em penumbra, no nosso Rito, em nome de teorias ocultas, nada mais é do que uma mera obra particular da invencionice.
Inquestionavelmente eu também, nos meus quase trinta anos de pesquisas acadêmicas, nunca encontrei nada tradicional e verdadeiro nesse sentido, senão como ideias particulares geralmente amparadas por certas literaturas questionáveis onde alguns Irmãos “acham” que podem impor o seu credo, sobretudo em nome dessas “espiritualizações” e “egrégoras”.
Penso que para esses casos existe o Orador da Loja que é inclusive o Guardião da Lei que deveria numa situação dessas não permitir procedimentos não previstos legalmente.
Para que não se troque o “roto pelo rasgado”, devo salientar que não estou me referindo às Sessões em Câmara do Meio (Loja de Mestre), onde alegoricamente e por questões iniciáticas maçônicas é comum se trabalhar em Loja com iluminação restrita (penumbra da câmara mortuária), entretanto somente quando previsto nos tradicionais rituais escoceses do Grau de Mestre. Destarte isso não tem nada a ver com “espiritualização e egrégora”, senão como uma regra de doutrina iniciática, desde que o Maçom consiga obviamente a entendê-la.
Finalizando e ao mesmo tempo lamentando a insistência dessas invenções (egrégoras, espiritualizações, apagar de luzes, etc.), menciono que aprendi ao longo dos anos nos canteiros da Maçonaria a exercitar e praticar a virtude da tolerância, mas também aprendi que não devo jamais confundir tolerância com indulgência.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.688 – Melbourne – quinta-feira, 14 de maio de 2015
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