Primeiro e único no mundo, em Itacoara, cidade do estado do Rio de Janeiro, à margem direita do rio Paraíba, ligada à cidade de Campos por estrada de rodagem, um monumento à matemática. Este monumento, sui generis, foi erguido em 1º de julho de 1943, na Avenida Presidente Sodré, na Praça da Matemática, por iniciativa do prefeito, Carlos Moacyr de Faria Souto. O autor do projeto foi Godofredo Formenti sob a direção do professor Júlio César de Melo e Souza mais conhecido por Malba Tahan.
Observa-se o entrelaçamento de duas pirâmides, simbolizando a mútua subordinação entre as civilizações orientais – fenícios, caldeus, persas, hebreus, árabes, chineses – e os povos modernos. Admite-se que o berço da geometria tenha sido o Egito, considerando-se que o papiro “Rhind” contendo conhecimentos de Cálculo e Geometria, de um período aproximado de vinte séculos antes de Cristo.
Nas faces superiores, estão gravados os principais símbolos e sinais matemáticos, desde o PONTO até a letra hebraica ALEF, que representa o número cantoriano do infinito.
As pirâmides, sobre três discos circulares sobrepostas, estão cercadas, simbolicamente, por três figuras geométricas: uma esfera, um cone e um cilindro. Foram gravadas várias figuras geométricas, referenciais a importantes teorias matemáticas: o postulado de Euclides, teorema de Pitágoras, a divisão áurea, o número Pi, a análise combinatória, os quadrados mágicos, o binômio de Newton, os logaritmos, a Trigonometria, a raiz quadrada, as séries infinitas, os limites, as derivadas, as formas ilusórias, os números transcendentes, os imaginários, a base neperiana, o cálculo infinitesimal, a geometria analítica, entre outros.
Nas outras faces, no bronze, podemos admirar, em letras douradas, pensamentos que exaltam a matemática: de Leibitz: “A matemática é a honra do espírito humano”. De Kepler: “Medir é saber”. A afirmação platônica: “Deus é o grande geômetra. Deus geometriza sem cessar”. E o aforismo de Pitágoras: “O número domina o universo”.
Destaca-se em ordem cronológica, nomes de celebridades: na primeira face, Euclides, Aristóteles, Arquimedes, Apolônio e Ptolomeu; na segunda face os matemáticos famosos do chamado primeiro período: Neper, Fermat, Descartes, Pascal, Newton, Leibtiz, Euler, Lagrange e Comte; na terceira face, seis matemáticos modernos: Hamilton, Galois, Hermite, Riemann, Dedekind e Cantor e na outra face, uma homenagem aos matemáticos brasileiros (como se vê na foto): Souzinha (Joaquim Gomes de Souza), Trompowsky, Oto de Alencar, Gabaglia, Amoroso Costa e Teodoro Ramos. E as mulheres que cultivaram a matemática não foram esquecidas. Foram homenageadas Hipatia, Sofia Germain, Maria Agnesi e Sofia Kovaslewski.
Em 1961, o munumento sofreu uma reforma, sem alteração de sua forma original mas o pequeno jardim em sua volta, recebeu um novo traçado e, por sugestão do Padre Pedro Saraiva, apareceram diversas formas geométricas euclidianas, hexágonos e um canteiro em forma de um sinal de integração. Em 1993, no dia 1º de julho foi realizada uma cerimônia comemorativa ao jubileu de ouro, tendo como ponto central o discurso do Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto que há cinquenta anos, no mesmo local então como prefeito de Itaocara, inaugurava o único monumento dedicado à matemática existente no mundo. No início de seu discurso, emocionado, afirmava que “não há solução de direito sem recurso à matemática” e termina dizendo: “No mundo, apenas há uma coisa que a matemática jamais será capaz de medir, e de quantificar: a dor da saudade...”
Todos os anos, nosso Irmão Professor Nilton C. Nara (M∴I∴, falecido em 1992, proporcionava aos alunos da quarta série ginasial, uma aula sobre o monumento e seu significado cultural.
(Artigo publicado na revista O Painel/Agosto 98, p. 15 – sem indicação do autor)
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