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quinta-feira, 28 de maio de 2020

COMBATENDO A VAIDADE E O ORGULHO

COMBATENDO A VAIDADE E O ORGULHO
Autor: Tiago Valenciano

Talvez a vaidade seja o primeiro vício que ouvimos falar em Maçonaria após a iniciação. Dinâmica, a ordem maçônica nos demonstra (com o passar do tempo), que um ensinamento apreendido num determinado grau jamais deve ser esquecido, pois ou o irmão o colocará em prática no seu dia-a-dia ou ele ressurgirá em algum momento na escala de estudos do rito. Assim a vaidade (ou o orgulho) aparece no Grau 21, do Cavaleiro Prussiano. O que nos leva nesse grau a relembrá-la?

A Torre de Babel é a principal alegoria a demonstrar a vaidade e a necessidade de mostrar às pessoas da época como construir uma torre alta o bastante para atingir o céu ou ainda para abrigo quando Deus enviasse algum dilúvio, segundo as tradições bíblicas. Analogicamente, iremos abordar essa passagem da Torre de Babel em três momentos: a forma de distribuição espacial do homem de hoje; a vaidade explorada pelas pessoas; e a construção do chamado “templo interior” do maçom.

Em primeiro lugar, ressaltamos que o convívio na sociedade urbanizada de hoje reflete (e muito) o estilo Torre de Babel de viver. Não basta morar em um edifício: ele tem que ser o mais alto de todos; não basta construir um viaduto: ele tem que passar sob a cabeça de todos; não basta ter um estádio: ele tem que ser o maior de todos. Essa configuração espacial nos mostra que as cidades de hoje são reflexo direto da melhor ocupação dos locais pelo homem, mas, sobretudo pelas grandes torres erigidas, frutos da pompa e ostentação de cada povo. Afinal, quem nunca se aventurou a conhecer Dubai e seus imensos edifícios? E Tóquio, São Paulo, Nova Iorque?

Além das grandes torres sacramentadas pelo concreto, a vaidade aparece ainda nas relações interpessoais. Cansamos de chegar à nossa própria casa e ver os irmãos chamando uns aos outros pelos títulos maçônicos ou profanos; cansamos de ver homenagens sem fundamento e entrega de placas e distintivos apenas para estimular a vaidade alheia e pessoal, uma vez que o financiador de placas espera a mesma retribuição daquele que agora as recebe; cansamos de ver a ornamentação riquíssima de templos e o reclame de jantares poucos fartos; cansamos de ver o tratamento de doutor para quem deveria ser apenas irmão.

Por fim, abordamos tanto a questão do chamado “templo interior”. Fala-se muito nessa expressão em trabalhos maçônicos, que o irmão deve construir seu templo interior, ou seja, preparar-se para o aperfeiçoamento moral e intelectual. Todavia, raros são os casos em que o templo interior não ultrapassa a barreira da própria pessoa, com discriminação por candidatos de baixa renda, fora do seu vínculo social e o estímulo ao orgulho – quando se visualiza os bens adquiridos por outro irmão, entre cunhadas e afins, por exemplo.

De nada adianta pregarmos o fim da vaidade se ela é alimentada por nós se ela está intrínseca na natureza humana. O ofício do maçom nesse caso é fazer com que a vaidade caminhe para o fim a partir dos próprios templos maçônicos: o fim de entradas e protocolos oficiais, o fim da premiação pela obrigação, o fim de paramentos pomposos de que nada mudam nossas vidas, o fim de charmosos discursos em cerimônias públicas apenas para ratificar outras falas e querer “se aparecer”… A maçonaria não pode e não deve ser o centro da vaidade. Ela pode e deve ser o centro da simplicidade com eficácia, mantendo seu tradicionalíssimo ensinamento do combate ao vício, mas sempre rememorando que toda vaidade acaba sempre quando nossa existência terrena tem fim.

Fonte: https://pavimentomosaico.wordpress.com

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