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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

OCULTISMO

A∴M∴ Humberto Jerônimo Vidal Borges
Or∴ de Florianópolis, de setembro de 2009 da E∴V∴

Introdução

O vocábulo é derivado do latim occultus, e significa “oculto”, “escondido”, “ignorado”.

O ocultismo é uma ciência que se distingue das demais ciências uma vez que se refere aos fenômenos os quais não podem ser explicados através das leis naturais. É considerada como uma ciência de fatos misteriosos e relacionada a poderes sobrenaturais, invisíveis, cujo acesso é privilégio de alguns iniciados. Provavelmente sua prática teve origem nos primórdios da civilização, com a magia desempenhando um papel central nos povos de então.

No início eram os feiticeiros com suas máscaras de animais; no Egito havia os Magos com suas orações para favorecer a colheita; Na Grécia, os adivinhos que exerciam uma posição de destaque, servindo de intermediários da vontade dos deuses; em Roma, os sacerdotes que praticavam a hepatoscopia (visualização do fígado a olho nu) bem como a predição do futuro através da observação do movimento das entranhas de um animal recém sacrificado.

O ocultismo se refere a um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos referentes às denominadas Ciências Ocultas, que tomaram impulso como ciência mais elaborada e organizada a partir do desenvolvimento da alquimia. É por isso que a palavra muitas vezes é empregada como sinônimo para “hermético”, termo que se originou das práticas alquímicas.

O cristianismo embora acreditando na veracidade dos fenômenos derivados das ciências ocultas, condena o ocultismo e suas práticas até os dias de hoje, afirmando que são derivados da ação do espírito maligno.

O Ocultismo representa todas as teorias filosóficas que pregam a importância da intuição indutiva para obtenção de conhecimentos.

Desenvolvimento

Nas ciências ocultas, a palavra oculto refere-se a um "conhecimento não revelado" ou "conhecimento secreto", em oposição ao "conhecimento ortodoxo" ou que é associado à ciência convencional.

Para as pessoas que seguem aprofundando seus estudos pessoais de filosofia ocultista, o conhecimento oculto é algo comum e compreensivel em seus símbolos, significados e significantes.

Este mesmo conhecimento "não revelado" ou "oculto" é assim designado, por estar em desuso ou permanecer nas raízes das culturas.

Originalmente no século XIX era usado por ter sido uma tradição que teria se mantido oculta à perseguição da Igreja, e da sociedade e por isso mesmo não pode ser percebido pela maioria das pessoas.

Mesmo que muitos dos símbolos do ocultismo, estejam sendo utilizados normalmente e façam parte da linguagem verbal ou escrita (p.e. a palavra abracadabra seria uma palavra de poder), permanecem assim, ocultos o seu significado e seu verdadeiro sentido.

Desta maneira, tudo aquilo que se chama de "ocultismo" seria uma sabedoria intocada, que poucas pessoas chegam a tomar conhecimento, pois está além (ou aquém) da visão objetiva da maioria, ou de seu interesse.

O ocultismo sempre foi concebido desde o início, como um saber acessível apenas a pessoas iniciadas (ou seja, para aquelas que passaram por uma "iniciação"; uma inserção num grupo separado do comum e do popular; ou mesmo uma espécie de batismo, onde as pessoas seriam escolhidas, então guiadas e orientadas a iniciar numa nova forma de compreender e pensar o que já se conhece, supostamente transcendendo-o).

Contudo, sempre houve curiosos de várias época, que foram capazes de especular à respeito do Ocultismo, sem que este conhecimento se tornasse algo comum em suas vidas. Embora o Ocultismo sempre exigisse da pessoa que o estudava, uma posição e atitude pessoal diversa daquela que a maioria das pessoas assumia. Por isso mesmo, que os estudiosos desta filosofia não eram bem vistos (acusados de pagãos, bruxos, místicos, loucos, rebeldes, sendo excluídos, perseguidos e condenados.

Com certeza eram em sua maioria, muito mal compreendidos. O ocultismo tem como escopo de estudo o que seriam energias e forças de variados tipos e formas, suas fontes e seus efeitos, assim como os seus canais de atuação e seus efeitos produzidos na consciência do Homem.

Segundo os ocultistas a ciência oculta estuda, o contrário da ciência tradicional, a natureza em sua totalidade, assim como as relações entre a natureza e o Homem. Principalmente por professar uma dimensão espiritual, ou sobre-natural, algo que nunca foi empiricamente demonstrado e portanto não reconhecido pela ciência do passado.

Do ponto de vista de quem o professa a percepção do oculto consiste, não em acessar fatos concretos e mensuráveis, mas trabalhar com a mente "transcendendo-se" e o espírito. Ocultismo assim supostamente refere-se ao treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um "despertar" de certas faculdades ocultas, o que na visão da ciência ortodoxa consiste em algum tipo de ilusão ou hipnose auto-induzida.

Origens, influências e tradições

O ocultismo teria suas origens em tradições antigas, particularmente o hermetismo no antigo Egito, e envolve aspectos como magia, alquimia, e cabala..

O ocultismo tem relação com o misticismo e o esoterismo e tem influências das religiões e das filosofias orientais (principalmente Yoga, Hinduísmo, Budismo, e Taoísmo

História

As raízes mais antigas conhecidas do ocultismo são os mistérios do antigo Egito, relacionados com o deus Hermes ou Thoth. Essa parte do ocultismo ou doutrina é tratada no Hermetismo.

Na Idade Média, principalmente na Península Ibérica devido a presença de muçulmanos e judeus, floresceu a alquimia, ciência relacionada com a manipulação dos metais, que segundo alguns, seria na verdade uma metáfora para um processo mágico de desenvolvimento espiritual. Tanto a alquimia quanto o ocultismo receberam influência da cabala judaica, um movimento místico e esotérico pertencente ao judaísmo.

Alguns destes ocultistas medievais acabaram sendo mortos na fogueira pela Inquisição da Igreja Católica, acusados de serem bruxos e terem feito pacto com o diabo. Mas existem trabalhos relacionados à cabala relacionados durante toda Idade Média. E de alquimia na Baixa Idade Média.

O ocultismo ressurgiu no século XIX com os trabalhos de Eliphas Levi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus e outros.

Ocultismo moderno e ocultistas famosos

O ocultismo moderno, cujo ressurgimento deu-se principalmente ao final do século XIX, teve sua parte teórica sistematizada por Helena Petrovna Blavatsky, no que ficou conhecido como Teosofia. Além dela, também são importantes na definição do moderno ocultismo Eliphas Levi, S. L.

MacGregor Mathers, William Wynn Westcott, Papus e Aleister Crowley, Anton Szandor LaVey, entre outros.

Eliphas Levi divide as preferência de alguns com Papus como o maior ocultista do século XIX, tendo ambos sistematizado boa parte do que hoje conhecemos como ocultismo prático moderno.

Também devemos lembrar a importância de S. L. MacGregor Mathers e da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado ("Hermetic Order of the Golden Dawn"), responsáveis em parte pelo ressurgimento da magia ritualística, e que influenciaram fortemente a maioria dos mais conhecidos e importantes magos e ocultistas do século XX.

Já no século XX destaca-se enormemente a figura de Aleister Crowley, que "criou" um sistema mágico próprio - Thelema que deu origem e influenciou diversas escolas mágicas, também escreveu uma extensa coleção de livros que figuram entre as preferências de ocultistas modernos.

Não podemos esquecer também a contribuição do não tão famoso Franz Bardon com seus poucos, mas valiosos, livros.

Sociedades e Fraternidades

Atualmente, as tradições relacionadas com o ocultismo são mantidas por diversas sociedades e fraternidades secretas ou abertas, cuja admissão ocorre por meio de uma iniciação, que é um ritual de aceitação. Esse ritual tem como fundamento uma suposta nova vida que a pessoa deverá alcançar com a iniciação, ela morre simbolicamente e renasce para a vida que passará a ter.

Conclusão

Fico gratificado com esse tema que me acabou sendo fascinante pela riqueza de informações adquiridas, quer pela internet, quer pelas obras consultadas - inclusive da biblioteca de meu pai - quer pelo aprendizado de algumas informações transmitidas pelo Ir. Dagoberto Dalsasso em suas sábias palestras. Daria para se enveredar por essa área com uma peça de arquitetura incomensurável que mais daria para editar um livro.

Todavia, restrinjo-me com o que até aqui foi abordado.

Foi-me e é-me gratificante enveredar por esse misterioso e místico caminho, que traz e trouxe muitas polêmicas desde há séculos atrás, como por exemplo a dos Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião – A Ordem de Sião – elites culturais de uma época e que adotaram totalmente os aspectos ocultistas dos Antigos Mistérios, colocando-os em rota de colisão com a Igreja Romana e seus seguidores.

Ao finalizar quero externar meus agradecimentos pela oportunidade.

Declino agora, a bibliografia desta peça de arquitetura, através das seguintes obras consultadas:
  • Tratado de Ciências Ocultas, pela Ed. Três, Coleção Planeta no 8 e 9, São Paulo, 1973, de Gérard Anaclet Vincent Encausse, mais conhecido pelo pseudônimo de Papus.
  • ABC do Ocultismo, Editora Martins Fontes. São Paulo, também do mesmo autor Papus.
  • Magia Prática - O Caminho do Adepto (Título original em inglês: "Initiation into Hermetics" ou "Iniciação ao Hermetismo") - Publicado em 1956 e lançado no Brasil pela Editora Ground, é a única obra de Bardon disponível em português de Franz Bardon.
  • Aspectos do Ocultismo, de Dion Fortune. Editora Pensamento. São Paulo.
  • A Doutrina Secreta, de H.P.Blavatsky. Editora Pensamento. São Paulo.
  • Experiências Práticas de Ocultismo, de J.H. Brennan. Editora Ediouro. São Paulo.
  • “Do Meio-Dia à Meia-Noite” de João Ivo Girardi – Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. Blumenau.
Fonte: JBNews - Informativo nº 230 - 15.04.2011

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