DIVERSAS
(republicação)
Nesta edição estão sendo
atendidas as perguntas formuladas pelos Irmãos leitores Henri Marques
(Ribeirão Preto – SP); Jocely Xavier Araújo (Blumenau-SC); Rui Mourão
(Guanhães – MG) e Jhonatan T. Leal (Rio do Sul-SC)
1 – saudação aos vigilantes:
Em 06/06/2016 o Respeitável
Irmão Henri Marques, Loja Sol da Liberdade, 3.437, REAA, GOSP/GOB, Oriente de
Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, solicita esclarecimentos para o que
segue:
henrimarques@yahoo.com.br
É de praxe, na hora de pedirmos
a palavra, primeiramente saudarmos o Venerável Mestre e, em seguida os
Vigilantes.
De onde surgiu essa prática de
saudarmos os Vigilantes após o Venerável Mestre? No ritual de Aprendiz do
REAA do GOB, ano de 2009, orienta-se que deve saudar com distinção apenas o
Venerável Mestre; e os demais (que evidentemente incluem os Vigilantes)
indistintamente como "irmãos".
Será que essa saudação aos
Vigilantes ocorre por causa da marcha em que faz a saudação às Três Luzes?
Lembro que no Rito de York (o de
Webb, 1797) o Irmão se levanta, faz o Sinal de Reverência com a mão no peito
e diz: "Venerável Mestre e meus irmãos...", e deixa a mão cair
naturalmente.
Parece-me estar havendo alguma
confusão no entendimento desses procedimentos ritualísticos.
Cabe antes, porém, mencionar que
os costumes se diferenciam conforme a vertente maçônica – inglesa ou
francesa. No caso do Craft Norte Americano, Lojas Azuis, extensão do Craft
Inglês, usa-se apenas o Passo Regular e o Sinal, desfazendo imediatamente para
o uso da palavra (não existe nessa vertente o uso de se falar à Ordem). Nesse
costume, ninguém fala com o Sinal composto, salvo se alguma orientação
oficial existir emanada das normas gerais da Obediência. Assim isso não é
saudação, apenas é o protocolo de se reportar por primeiro às Luzes menores
(Mestre da Loja e os Vigilantes) antes de falar.
Já no REAA∴, filho espiritual da
Maçonaria francesa, qualquer Obreiro ao fazer o uso da palavra, somente o faz
à Ordem, mencionando sempre por primeiro as Luzes da Loja e, genericamente, os
demais Irmãos (meus Irmãos). Latinos por excelência e adoradores de
“firulas” os franceses e seus seguidores instituíram consuetudinariamente o
costume de se mencionar também as autoridades em estando elas presentes. Mas,
tudo isso também não é saudação, é protocolo, pois o Obreiro fica à
Ordem, porém sem saudar pelo Sinal Penal a cada menção que ele fizer. Note
que o usuário da palavra, nesse caso, somente desfaz o Sinal ao final do uso
da mesma antes de sentar. Volto a frisar, isso não é saudação. Saudação
pelo Sinal se faz em se compondo o Sinal de Ordem e imediatamente o desfazendo
pelo Sinal Penal.
Para melhor esclarecer esses
fatos, embora qualquer saudação em Loja seja sempre feita pelo Sinal, há que
se considerar que nem sempre quem faz o Sinal está obrigatoriamente saudando
alguém. No caso do REAA∴, o seu ritual em vigência no GOB é claro quando
menciona que saudação em Loja é feita ao Venerável Mestre ao se ingressar e
sair do Oriente, ou ao Venerável e aos Vigilantes quando da entrada e saída
da Loja – página 42 do Ritual. Cabe mencionar que esses procedimentos
mencionados no Ritual se referem à entrada e saída em Loja aberta.
Trocando em miúdos, no REAA∴ conforme o Ritual, essas são as situações que requerem saudação,
destacando-se que ela é feita apenas nessas situações. Os outros casos,
embora o gesto seja o mesmo, não é saudação, entretanto um protocolo
haurido das tradições, usos e costumes, além do elemento consuetudinário.
No tocante a origem da saudação
às Luzes da Loja é porque eles desde tempos imemoriais sempre foram os
dirigentes maiores do Canteiro, afinal esse é um dos verdadeiros Landmarks da
Ordem – “uma Loja é sempre dirigida por três Luzes”. Verdadeiro por ser
imemorial e espontâneo, ele é universalmente aceito. Assim adquiriu-se por
ele o costume obrigatório de se saudar, quando da entrada formal, no caso do
REAA, o Venerável Mestre e os Vigilantes.
A antiguidade desses cargos é
encontrada em documentação primária composta por fragmentos e revelações,
bem como nas Antigas Obrigações da Maçonaria Operativa (documentalmente
c/800 anos de história) quando o Mestre do Ofício já na época possuía dois
auxiliares imediatos (wardens – zeladores), mais tarde os Vigilantes.
Por tudo isso é que se conserva
a tradição de saudar obrigatoriamente por primeiro esses personagens em Loja.
Reforça essa qualificação o próprio giro na coleta (nos ritos que a
possuem) quando as Luzes da Loja, em qualquer circunstância, são os primeiros
a serem abordados.
T.F.A.
Pedro Juk jukirm@hotmail.com
2 – Taça das vicissitudes:
Em 06.06.2016 o Respeitável
Irmão Jocely Xavier Araújo, Loja Hermann Blumenau, REAA, GOB- SC, Oriente de
Blumenau, Estado de Santa Catarina, solicita os seguintes esclarecimentos: jxa@tpa.com.br
1) Na Iniciação, após o
Candidato ingerir o conteúdo (doce e amargo) da taça, existe por parte dos presentes se manifestarem em voz
alta – “ Fora, fora, fora!”?
2) Na abertura dos trabalhos, os
Irmãos com assento no Oriente aguardam em fila de pé no Ocidente a entrada do
Venerável Mestre para em seguida adentrarem ao mesmo?
CONSIDERAÇÕES.
1 - Como diz o caso, morremos e
não enxergamos tudo. Mas isso é uma verdadeira barbaridade. Além de ser um
procedimento equivocado, ele é altamente irregular, pois nem mesmo está
previsto na liturgia.
É isso que dá esse enxerto, já
que no original REAA∴ não existe nenhuma prova de Taça. Infelizmente ela foi
inserida pelos achistas que mal a copiaram do Rito Adonhiramita, onde a prova
é original e nele faz sentido.
Agora, já que ela faz parte do
ritual do REAA∴, mesmo equivocada, temos que cumpri-la, todavia sem piorar as
coisas aumentando a imprecisão ao fantasiar com essa exclamação
desnecessária (fora!) e até mesmo ridícula.
Eu tenho dito - e infelizmente
não estou enganado - essa prova, na visão de alguns não passa de uma farra e
um trote, ao contrário do que ela verdadeiramente representa – dela hão de
beber os ímpios. É mesmo uma pena.
O Orador deveria fiscalizar
melhor e coibir essa prática. Se a prova da Taça, mesmo equivocada, existe no
ritual, então que ela seja praticada rigorosamente como está descrita.
2 – Pura firula, isso não
existe. Todos os que ocupam o Oriente nele ingressam antes do Venerável Mestre
e, cada qual diante do seu lugar, aguarda em pé. O Venerável entra e do seu
lugar ordena para que todos os presentes sentem (nas Colunas e no Oriente).
Não existe essa de esperar o Venerável entrar no Oriente para os demais ali
ingressarem também. Pura invenção. Não está prevista essa barbaridade.
Finalizando, eu devo mesmo
lamentar quando me deparo com essas invenções. É justamente isso que nos
diferencia de outras vertentes maçônicas que nem sequer editam rituais e
seguem as normas fidedignamente há mais de duzentos anos. São essas atitudes
que fazem com que por aqui nos deparemos com uma enxurrada de rituais, cada um
ao gosto dos inventores e achistas. São as carcaças de dinossauros –
difíceis de enterrar.
T.F.A.
Pedro Juk jukirm@hotmail.com
abr
3 – Trabalho do Segundo Grau:
Em 06/06/2016 o Respeitável
Irmão Rui Mourão, Loja Pioneiros do Nordeste, 86, REAA, GOMG, Oriente
Guanhães, Estado de Minas Gerais, apresenta as questões seguintes:
chico.afonso@hotmail.com
Solicito esclarecer-me a seguinte
dúvida:
Em reunião econômica de
Companheiro (Grau 2), qual o momento certo para que o Irmão Companheiro
apresente um Trabalho alusivo ao Grau. No Período de Instrução ou na Ordem
do Dia, como são apresentados os de Aprendiz?
Confesso que pesquisei em alguns
livros, mas não consegui esclarecer a minha dúvida. Solicito, ainda, ao
Irmão que me indique algum livro de ritualística que esclareça sobre o
assunto.
CONSIDERAÇÕES.
No caso de ser uma Peça de
Arquitetura para instrução ou que contribua com a cultura maçônica ela deve
ser apresentada no período de instrução (quarto de hora de estudos).
Já em sendo ela destinada ao
aumento de salário, ela faz parte da Ordem do Dia, posto que dado o seu
conhecimento à Loja, ela é objeto de avaliação por votação. Assim, após
a sua apresentação, o apresentante terá para ele o Templo coberto
temporariamente para a obtenção da avaliação pela Loja. Após a discussão
e a votação pelo aumento ou não de salário com base na Peça apresentada, o
apresentante terá o seu reingresso no Templo.
Quanto à literatura sobre
ritualística que esclareça esse tópico, dificilmente será especificamente
encontrada, até porque é obvio por demais o seu objetivo. Ora, aumento de
salário depende de votação e aprovação para ser concedido. Assim, a Ordem
do Dia de uma sessão trata de discussões e aprovações pelo voto na forma de
costume desde que o Orador emita o parecer favorável pela legalidade do voto –
é o caso do aumento de salário respeitando as outras exigências legais
hauridas dos Regulamentos. Isso é regra maçônica universalmente aceita.
É possível deixar o
procedimento por escrito incluindo-o no Regimento Interno da Loja, ressalvados
os caputs das Leis emanadas da Obediência.
T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com
4 – Traje Maçônico:
Em 08/06/2016 o Irmão Jhonatan
T. Leal, Loja Arautos do Bem, 3.603, REAA, GOB-PR, Oriente de Rio Azul, Estado
do Paraná, pede o seguinte esclarecimento:
lealboaz@yahoo.com.br
Para uma aprofundação para os
trabalhos do ERAC do qual se trata de traje maçônico estou em dúvida quanto
ao usado pelo Rito York, caso já tiver um artigo, qualquer trabalho ou até
mesmo em suas simples palavras ficaria agradecido quanto à explanação.
CONSIDERAÇÕES.
Seguindo a tradição do Craft
inglês, no Brasil, o Ritual de Emulação (equivocadamente conhecido como Rito
de York) praticados no Grande Oriente do Brasil determinam o uso do traje
completo conforme preceitua o Ritual em vigência de Aprendiz Maçom, na sua
página 6 – “É tradicional o uso do
traje maçônico completo, não sendo aceito pelos Irmãos do Quadro o uso do
balandrau em qualquer reunião (o grifo é meu)”.
Nesse sentido, a tradição
implica no uso do terno preto (paletó, calça e colete), camisa branca,
gravata, sapatos e meias pretas. Na questão do terno (três peças), também
é permitido no Brasil o uso da parelha (par – calça e paletó pretos).
No que diz respeito a esse
costume na Maçonaria inglesa, nada mais é do que uma questão cultural e de moda no
Reino Unido, até porque costumeiramente, o hábito do uso desse traje não é
um apanágio da Maçonaria.
Esse não é um costume universal
na Sublime Instituição, já que o verdadeiro traje maçônico é mesmo o
Avental. No Brasil herdamos essa tradição da Igreja (traje de missa).
Penso que oportuno salientar que
existe muita especulação no uso do terno preto, algumas por achistas que
inventam justificativas sem nenhum compromisso com a verdade e outros por
ocultistas que querem impor as suas crenças pessoais.
Entendo que o mais importante
não é a roupa que o maçom usa, respeitados obviamente os limites da sua
decência, porém aquilo que ele aprende e pratica na Sublime Instituição.
Aliás, eu só lamento que temas como esse sejam colocados em Encontros
Regionais dando ao que parece mais valor ao molho do que à carne.
T.F.A.
Pedro Juk jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.
2.301 – Florianópolis (SC), terça-feira, 17 de janeiro de 2017
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