Aroldo Gonçalves
E disse Deus: ”faça-se a Luz, e a Luz foi feita...”
A luz é, para a Maçonaria, o mais importante de todos os símbolos. É o símbolo da verdade e da sabedoria. E, nisto, a Arte Real segue os passos do mais antigo sentimento religioso, pois a luz sempre foi considerada como objeto da realização e concretização das metas principais dos antigos mistérios.
Castellani afirma que a luz "figuradamente designa ilustração, esclarecimento, o que esclarece o espírito, claridade intelectual. A luz, não a material, mas a do intelecto e da razão, é a meta máxima do iniciado maçom, que vindo das trevas do Ocidente, caminha em direção ao Oriente, onde reina o sol, havendo, aí, sem dúvida, uma influência dos mitos solares da antigüidade, principalmente o de Mitra (persa) e o de Apolo (grego). Graças a essa busca da verdade, do conhecimento, da razão, é que os maçons autodenominam-se "Filhos da Luz"; e talvez não tenha sido por acaso que a Maçonaria, em sua forma atual, a dos aceitos, nasceu no Século das Luzes, o século XVIII".
É do oriente, que, todas as manhãs, a luz jorra magnífica. O sol, luz e vida da Terra, brilha igualmente sobre todos, sem distinção de raças, de cores ou de credos. Os maçons sabem que o Oriente, fonte da luz material, é um dos símbolos da Arte Real, pois eles percebem que a Ordem contém, em seu bojo, a pura luz da verdade.
E, se, no mundo físico, a luz do sol é a grande dádiva da natureza, vivificadora distribuição de energia e fonte de vida, também, isto acontece no mundo espiritual e no mundo moral. Quando a noite intelectual, nos tempos primitivos, pairava por sobre o mundo, do antigo sacerdócio, que vivia no Oriente, a grande lição sobre Deus, a natureza e a humanidade foi primeiramente emanada, e, dirigindo-se para o Ocidente, revelou ao homem seu destino futuro e sua dependência de um poder superior.
Era a luz vivificadora do Espírito que, do Oriente, esparzia luminosidade através dos sábios persas, gregos, árabes e judeus, modificando inteiramente a visão dos que buscavam e ainda buscam o saber, na ânsia incontida de encontrar a verdade. Daí porque luz - sinônimo do conhecimento e da verdade - se contrapõe às trevas - sinônimo da ignorância, da mentira e da falsidade.
Em todos os antigos mistérios religiosos, a luz era o que todos buscavam, tal qual, hoje, na Maçonaria.
Entre os egípcios, Osíris, a principal divindade, era o nome do sol. Entre os hindus, as três manifestações de sua divindade suprema - Brahma, Shiva, Vishnu - eram os símbolos do sol: Brahma, o sol no nascente; Shiva, o sol no zênite; Vishnu, o sol no poente.
Além disso, "a roda solar”, como arma de Vishnu, como símbolo Chakravartin e como a lei que o Buda pôs em movimento, procede, por sua vez, de um simbolismo solar antiqüíssimo e muito difundido. Luiz XIV da França imitou a fórmula, chamando a si mesmo de Rei Sol. “O sol, luz e vida do mundo, brilha igualmente sobre todos nós” (Henrich Zimmer, Filosofia das Índias).
A significação emblemática da luz, na Maçonaria, está presente em todos os Graus e em todos os Ritos. Em todos os sistemas antigos, essa reverência pela luz, como símbolo da verdade, era predominante. Nos mistérios de todas as Nações, o candidato passava, durante suas iniciações, por cenas de mais profunda escuridão e, por fim, terminava suas provas pela entrada num santuário esplendidamente iluminado, onde lhe diziam que tinha alcançado a luz pura e perfeita e onde recebiam as instruções necessárias para investi-lo do conhecimento da Verdade Divina, cuja consecução fora o objeto de todos os seus trabalhos, e cujo fornecimento constituía o desígnio da ordem em que fora iniciado.
Quando o candidato diz querer ver a luz, imerso em profunda escuridão, não está implorando a luz física, mas a superior, a saber, para que possa, iluminando os caminhos da sua inteligência e do seu espírito, buscar outra vida, através da qual possa transformar-se em outro homem, passando de profano a maçom.
O que busca, realmente, é aquela luminosidade que lhe dissipará a escuridão da ignorância moral e mental, colocando-lhe, diante dos olhos da inteligência, as verdades maravilhosas da filosofia e da ciência, cujos ensinamentos se consubstanciam na grande meta da Maçonaria.
O sol, a lua, a estrela flamejante, as luzes, que iluminam os altares, ali, com uma significação muito além daquela que lhes emprestamos no mundo material.
Se a luz material nos informa, através de nossa visão, tudo o que existe ao nosso redor, há outras formas de luz que nos proporcionam uma visão de muito maior valor para a nossa vida, o caminho da existência espiritual, que haveremos de percorrer, como, por exemplo, a luz da inteligência, que, na Maçonaria, é representada simbolicamente pela estrela flamejante, representação do homem, de suas faculdades e sentidos. Essa é a luz que nos faz enxergar os problemas interiores e os meios para enfrentá-los e, às vezes, corrigi-los ou vencê-los. A luz da inteligência é aquela que ilumina o mundo interior da consciência e da razão. Podemos chamá-la de luz espiritual.
Necessário é que não desfitemos os olhos de uma terceira luz, talvez mais importante que as duas primeiras: A Luz Divina.
É preciso que o maçom lance mão de todos os seus esforços, de todos os meios, que a Maçonaria lhe oferece para conseguir iluminar o seu interior. Com o trabalho e o estudo diuturnos, ele alcançará aquela claridade indicadora do seu progresso intelectual e, sobretudo, moral, e estará cumprindo fielmente as metas que a Arte Real lhe traçou: através do esforço de cada maçom em busca do seu aperfeiçoamento interior, conseguir- se-á o progresso moral e espiritual da humanidade.
A significação emblemática da luz, na Maçonaria, está presente em todos os Graus e em todos os Ritos. Em todos os sistemas antigos, essa reverência pela luz, como símbolo da verdade, era predominante. Nos mistérios de todas as Nações, o candidato passava, durante suas iniciações, por cenas de mais profunda escuridão e, por fim, terminava suas provas pela entrada
Fonte: Revista Arte Real nº 10
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