O Ir∴ Adilson Melquíades França, de Uberlândia - MG repassa o seguinte texto:
Sempre que posso procuro ler e reler alguns trabalhos relacionados a este assunto, e cada vez mais vejo a verdadeira necessidade do maçom de tempos em tempos chegar um pouco mais cedo em sua loja e se trancar nesta pequena sala, e sozinho refletir e pensar no dia em que adentrou em nossa sublime ordem, será que estamos praticando tudo àquilo que um dia juramos ?
Abaixo um pequeno texto relativo ao assunto.
SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS
O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos, e, dessa forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca advertência sobre si mesmos. O Maçom, para seguir o seu caminho de constante aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se pode lapidar a verdadeira pedra bruta.
SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO
A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível para desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será desmascarado e seus vícios expostos à luz do sol, à luz da verdade.
SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE; NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS
A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto, dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela virtude, nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra uns aos outros. Esse sentimento de igualdade traz, por conseguinte, uma evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo com que o sentimento de desprezo ou o próprio individualismo não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.
SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE
Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se deixa dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta. O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem, perseverança, auto-estima, valor e fé, que é justamente o que o iniciante está precisando exteriorizar nesse momento.
SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE
Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será o castigo ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a direção que lhe foi impressa. O homem deve refletir sobre a morte para assim valorizar e lapidar a sua vida. Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um caminho laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização intrínseca de si mesmo. Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa a glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício.
CONCLUSÃO
Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.
A Câmara de reflexões leva o neófito ao mundo da introspecção. Mais tarde, pelo V∴M∴ fica sabendo: "Os símbolos que ali existem vos levaram, certamente, a refletir sobre a instabilidade da vida, lição trivial sempre ensinada, e sempre desprezada".
Assim, constatamos que a Câmara de Reflexões tem como fundamento maior fazer com que o iniciante consiga exteriorizar, expor a sua pedra bruta, para que assim, a mesma possa ser permanentemente lapidada, intuito este, inerente à Maçonaria.
É neste local que o iniciante consegue se preparar para se tornar um verdadeiro Aprendiz Maçom, resgatando o seu verdadeiro eu interior e desprezando a sua parte infrutífera, catalisando assim todos os elementos necessários para o início dos trabalhos Maçônicos.
Essa fundamental preparação realizada pela Câmara no candidato, torna-se claramente necessária ao entender-se que tal profano já está prestes a iniciar-se na Ordem. A garimpagem de um irmão Maçom, o achado dessa nova pedra bruta (o iniciante), já fez com que se trouxesse uma grande expectativa de mais um irmão abrilhantando os trabalhos em Loja. Mas sem dúvida esse momento de garimpagem do próprio candidato, dentro da Câmara de reflexões, é vital para sua completa preparação.
Bibliografia
- Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB
- ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro
- WIRTH, Oswald – O Simbolismo Hermético
Fonte: JBNews - Informativo nº 193 - 08/03/2011
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