Em 02.06.2022 o Respeitável Irmão Nelson Nascimento, Loja Cidade de Mongaguá, REAA, Oriente de Mongaguá, Estado de São Paulo, apresenta as questões seguintes:
LUZES LITÚRGICAS E PRÁTICAS NA BATERIA E ACLAMAÇÃO
Estou como Secretário da Loja há muitos anos, uma dúvida me persegue com constância.
Na abertura dos trabalhos, a luz no Trono de Salomão, é acessa diretamente pelo Mestre de Cerimônias ou o mesmo deve acendê-la por uma outra vela já acessa (toquinho)?
Já fiz várias pesquisas sobre o assunto e, nenhuma foi esclarecedora, e, por outro lado, vejo defensores das duas formas para o acendimento da luz.
Enfim, o que o Rito Escocês Antigo e Aceito determina?
Outra questão que vejo controvérsias e diferentes práticas. Na abertura dos trabalhos, após o Venerável Mestre dizer “Pela saudação”, voltamos a Ordem ou esperamos, sem ficar a Ordem, “Pela bateria”?
CONSIDERAÇÕES:
Rigorosamente, no REAA as luzes litúrgicas - luzes acesas nos três candelabros de três braços que ficam sobre o altar ocupado pelo Venerável Mestre e mesas ocupadas pelos Vigilantes - deveriam ser acesas antes do ingresso do préstito no Templo, ou seja, acesas pelo Mestre Arquiteto na ocasião em que ele decora a Loja para o grau que ela será aberta.
Rigorosamente, no REAA não existe cerimonial de veneração, ou coisas desse gênero, para o acendimento dessas luzes, ocorre, todavia, que infelizmente muitos rituais, ao longo dos tempos, sofreram influências que causaram erros e deturpações.
Graças a isso é que ao invés delas serem acesas antes do ingresso dos Irmãos para os trabalhos, as mesmas passaram a ser acesas, conforme os rituais, logo após ter sido a Loja declarada aberta pelo Venerável Mestre. Do mesmo modo, ao final são apagadas logo que Loja seja declarada fechada e os trabalhos encerrados.
Nesse contexto, muitos rituais do REAA preconizam que sendo as luzes litúrgicas lâmpadas elétricas, no momento indicado pelo ritual o próprio Venerável Mestre, seguido dos seus Vigilantes, acionam cada qual seus dispositivos para acendê-las (geralmente existem interruptores localizados junto a cada candelabro).
Todavia, é bom que se diga que não existe nesse acendimento nenhuma reverência, ou qualquer cerimonial especial de evocação. O titular simplesmente acende a luz, ou luzes se for ocaso, correspondente ao seu candelabro com três braços no momento previsto pelo ritual.
Caso a Loja não possua lâmpadas elétricas, preferindo ainda utilizar velas de cera ou parafina nesse mister, então cabe ao Mestre de Cerimônias realizar o acendimento. Desse modo, ele desempenhará a sua missão de modo simples e sem nenhuma cerimônia especial ou firula ritualística. Nesse caso ele simplesmente acende as chamas das velas se servindo de uma outra vela auxiliar acesa que ele trará para facilitar a tarefa.
Vale mencionar que a vela auxiliar utilizada para acender as demais também não possui absolutamente nenhum significado esotérico. Cumprida a missão de acender as chamas das velas (luzes litúrgicas), a chama auxiliar deve ser imediatamente apagada pelo próprio Mestre de Cerimônias, e ponto final.
A missão dada ao Mestre de Cerimônia para o acendimento das chamas das velas nos candelabros tem apenas o desiderato de dar uniformidade à prática, evitando com isso que o Venerável Mestre e os Vigilantes nessa ocasião fiquem a riscar palitos de fósforos ou outros artifícios.
No encerramento, o apagar as luzes litúrgicas ocorre no mesmo processo, isto é, sem nenhum cerimonial esotérico, de veneração ou outros artifícios do gênero. Isso não é natural do REAA.
Resumindo, encerrados os trabalhos, sendo as luzes litúrgicas lâmpadas elétricas, os próprios titulares as apagam, sendo velas, o Mestre de Cerimônias, munido de um abafador as aparará. A utilização de um abafador nessa ocasião também não possui nenhum significado esotérico. Ele simplesmente é empregado como um artefato para facilitar o procedimento.
Cabe esclarecer ainda que as luzes litúrgicas que respectivamente são acesas conforme o grau nos candelabros de três braços, representam inicialmente as três Luzes da Loja, ou seja, os dirigentes da Loja. Já iniciaticamente elas simbolizam o “esclarecimento do maçom”, isto é, significa que havendo mais luzes litúrgicas acesas (conforme o grau), existe mais esclarecimento (conhecimento, aprimoramento intelectual). Nesse caso as luzes indicam no simbolismo a evolução do maçom no percurso da sua senda iniciática.
Com o intuito único de uniformizar a prática ritualística, geralmente as luzes dos três candelabros de três braços são acesas obedecendo a ordem hierárquica das Luzes da Loja, e são apagadas na ordem inversa.
De resto, no REAA nada mais há de que mereça comentário nesse procedimento. Outras práticas que porventura possam ocorrer, além das que aqui foram descritas, não fazem parte do REAA.
Nessa conjuntura, vale lembrar que não raras vezes encontramos práticas enxertadas de outros ritos maçônicos. Podemos citar nesse caso, por exemplo, o belíssimo cerimonial de acendimentos das luzes que ocorre originalmente no Rito Adonhiramita, contudo, no Rito Adonhiramita onde ele é original, nunca no REAA - cada macaco deve cuidar do seu galho.
No tocante a sua outra questão, o termo correto não é “pela saudação”, todavia, "pelo Sinal". Isso implica que estando a Loja aberta, após desfazer o Sinal de Ordem pelo Sinal Penal do Grau, não se deve voltar à Ordem nessa ocasião, porém se deve preparar de imediato a mão esquerda à frente, espalmada e voltada para cima, para que em ato continuo a mão direita espalmada dê sobre a esquerda, por palmas ritmadas, a Bateria do Grau. Em seguida volta-se ao Sinal de Ordem quando se pronuncia a Aclamação. No entanto, no encerramento dos trabalhos não há composição de Sinal, isto porque a Loja já se encontra fechada. Resta então fazer apenas a bateria e pronunciar a aclamação.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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