Em 19.06.2022 o Respeitável Irmão André Corado, Loja Mahatma Gandhi, 90, REAA, GLMERJ (CMSB), Oriente do Rio de Janeiro, Capital, apresenta a dúvida seguinte:
SINAL COM LOJA FECHADA
Meu Irmão gostaria de saber. Por que nas Grandes Lojas já ficamos a Ordem na hora da circulação da Palavra sagrada e no Grande Oriente só ficamos a Ordem após a abertura do Livro da Lei no REAA?
CONSIDERAÇÕES:
No REAA originalmente os sinais somente são feitos a partir do momento em que a Loja for declarada aberta, ou seja, após a abertura do Livro da Lei na forma de costume.
A única exceção para o caso é quando, em atenção à liturgia de abertura, o 1º Vigilante (no 1º Grau), ou os Vigilantes (no 2º e 3º Grau), cumprindo o dever de obrigação, verifica(m) se todos os presentes no Ocidente são maçons. Obviamente que para o cumprimento desse desiderato se faz necessária a composição do sinal. Fora isso, só se compõe o sinal se a Loja estiver aberta. Sinais são feitos somente em Loja.
Na verdade, essa certificação de que os presentes no Ocidente (Colunas) são maçons é uma forma simbólica de se reviver as antigas tradições da Maçonaria Operativa. Naqueles tempos idos, os operários para serem contratados para trabalhar nas diversas etapas da obra tinham antes que provar a sua habilidade de ofício. Era a forma de se certificar que nenhum cowanestivesse presente. Cowan é um termo oriundo de um antigo dialeto falado na Escócia e significava “aquele que assenta pedras sem argamassa”, o que em primeira análise significa um profissional mal habilitado.
Assim, ao tempo de ficar horas burilando a pedra para provar a sua qualidade profissional, o operário se identificava nesse mister se utilizando de sinais, toques e palavras convencionais entre as corporações de ofício do norte da Europa na Idade média.
Para rememorar as atividades dos nossos ancestrais e manter viva as tradições, usos e costumes, atualmente a Moderna Maçonaria, através de alguns dos seus ritos se utiliza dessa velha prática aplicando-a ritualisticamente na abertura dos seus trabalhos – é o caso do segundo dever do(s) Vigilante(s) em Loja ao se certificar(em) se todos os presentes nas Colunas são maçons. Obviamente que isso é apenas simbólico, já que atualmente, no rigor da lei, ninguém assinaria o livro de presenças sem estar de fato qualificado para tal – em tese o Chanceler já se certificou disso ao colher as assinaturas.
Outro aspecto que merece abordagem é o do porquê de os sinais serem feitos apenas em Loja aberta na Maçonaria dos Aceitos. Na verdade, eles não são apenas elementos utilizados pra reconhecimento, mas como portadores dos verdadeiros segredos da Ordem, eles também se caracterizam por possuírem alto significado iniciático no trato da sua composição gestual, sobretudo como repositório de elementos imprescindíveis para a construção da Grande Obra – o Esq∴, o Nív∴ e o Pr∴
Sob essa conotação é que os sinais, de modo iniciático e de interpretação esotérica, somente podem ser feitos em Loja aberta. Vale lembrar que os maçons especulativos (aceitos) somente se utilizam das suas ferramentas simbólicas quando reunidos numa Loja aberta, coberta e apropriada para os trabalhos maçônicos (ambiente consagrado).
Infelizmente, muitos compiladores de rituais não raras vezes têm sido meros copistas na forma da tesoura e cola, isto é, vão simplesmente copiando e colando sem se atentam para as minúcias e detalhes da ritualística e da liturgia maçônica. Desse modo é que acabamos nos deparando com práticas contraditórias.
Graças a isso é que provavelmente muitos elementos primordiais guardados na sutileza e nos meandros da história e da ritualística maçônica, lamentavelmente não sejam levados em conta em alguns rituais. Um ritualista deve antes de tudo fazer uma análise criteriosa do o material que está à sua disposição. Afinal é preciso conhecer amiúde o conteúdo simbólico do rito.
Talvez tudo isso possa lhe dar uma resposta satisfatória.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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