Fernando Luiz Koehler (*)
Inicialmente chamo a atenção dos IIr∴ para o fato de que esta Instrução que apresentarei traz uma mensagem, um chamar à razão, na certeza de que cabe a cada um de nós fazer as suas reflexões e através de suas análises, leituras e estudos, chegar às suas próprias conclusões, para influenciar as suas atitudes no dia a dia de suas vidas, tanto no âmbito profissional, social como familiar, porque de nada adianta conhecimentos e estudos, se não colocarmos em prática os ensinamentos. Longe de ser uma verdade única, esta Instrução representa apenas uma humilde contribuição pessoal sobre o tema e que sirva como um desafio de aprendizado para cada um de nós.
Faço uma citação como início de minha Instrução:
"Eu, pedra bruta, com a vossa ajuda, iniciei o meu aperfeiçoamento, e aprenderei a construir. Recorro à alegoria da câmara e digo: de lá saí. Mas foi há pouco e embora já Filho da Luz, ainda ao seu resplendor me estou a habituar, para reconhecer muito do que me rodeia e deficientemente identificava.”
Trabalhamos em Loja com o objetivo da construção da sociedade humana. Loja provém de Ioga, que em sânscrito significa mundo ou o universo.
A Loja é um centro de solidariedade onde todos sofrem as aflições e comemoram o justo regozijo de cada um. É ela aonde vamos todas as semanas, ouvir idéias e ouvir conselhos às nossas idéias em busca de paz da alma, onde cada Ir.: chora quando quiser e sorri com os olhos, o coração franqueado à compreensão e a razão predispostos ao diálogo. Onde se pode divergir e assim convergir no mesmo ideal, sempre com tolerância e sabedoria.
É a escola misteriosa que conduz aos céus, sem nuvem em todo a grandeza infinita.
Faço uma pergunta agora: Seria utopia ou possível realidade isso?
Na Loja Maçônica ideal não prevalece a vontade de alguns. A maioria respeita as convicções da minoria. Não é uma Loja de Maçons perfeita, pois esses são os que nunca erram, porque jamais acertam; nunca odeiam, porque jamais amam. Nela há erros e acertos, há equívocos, contradições e até mesmo ilusões. Cada Ir∴ deveria perdoar os defeitos alheios, na mesma medida em que lhes são desculpados os próprios senões.
Nessa perspectiva podemos chegar à algumas considerações que julgo inerentes à presente instrução.
O Saber está nos estudos, nos livros, nas leituras. A Sabedoria está no que fazer com o que se sabe. De nada adianta ser um poço de conhecimentos e saber se nada for feito de prático.
Seja em âmbito familiar, social ou profissional, devemos utilizar o nosso saber para o melhor. Desta forma poderemos contribuir para o desenvolvimento do nosso ser, do ambiente em que interagimos e consequentemente das pessoas que conosco convivem.
Muito tem se teorizado e comentado sobre tolerância. Conceitos vários, mas que no fundo convergem a um ponto central, a convivência com os nossos semelhantes, nossa família, tanto no trabalho, como na sociedade em geral.
E aí é que surge um grande dilema: Como ser tolerante com sabedoria, com tamanhas situações de intolerância, atitudes não condignas, violência e imperfeição dos seres humanos?
É nesta hora que nós maçons devemos entrar de corpo e alma para que com o nosso saber e atitudes, possamos contribuir para o aperfeiçoamento das pessoas e do mundo que nos rodeia.
Podemos chamar este gesto de solidariedade. A solidariedade aliás, não está restrita aos IIr.:, estende-se a toda a humanidade e se materializa não apenas no amparo imediato, mas na educação.
O exercício da solidariedade assim poderia pontuar-se em duas palavras : Tolerância e Sabedoria. A predominância da sabedoria se faz necessária em todas as ações que empreendermos e desenvolvermos.
A tolerância se faz extremamente necessária nessa hora, pois de nada adianta impormos as nossas opiniões, as nossas crenças, se elas não corresponderem ao bem e a perfeição, isto para garantir a liberdade e a justiça. É pensamento muito bem traduzido por Voltaire: “Discordo de tudo quanto dizes, mas defendo até a morte o direito de dizê-lo.”
Cabe aqui também citar La Fontaine em trecho do prefácio de “Fábulas de Esopo”: “Antes de sermos obrigados a corrigir os nossos maus hábitos, é necessário que nos esforcemos para torná-los bons.”
A Maçonaria oferece ao iniciado um método apropriado para desenvolver sua auto-disciplina, a partir da reiteração ritualística constante, exaltando os valores superiores que devem guiar o homem em suas relações consigo mesmo e com os seus semelhantes. A própria dinâmica de uma sessão maçônica acaba por desenvolver a tolerância de seus participantes, fazendo com que aprendam a ouvir e somente falar nos momentos oportunos.
A prática de ações e gestos ritualísticos são exercícios simbólicos que trazem para a consciência a natureza de hábitos que, muitas vezes, não foram devidamente considerados por nós.
A Maçonaria além de combater a ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se numa escola, onde nos é acendida uma luz para que possamos ver o caminho escuro e tortuoso, porque a sua chama exige tolerância para com toda forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o nem social.
CONCLUSÃO:
O Maçom, quando iniciado, recebe lições, noções, princípios, afinal ferramentas que – muitas delas – não entendeu plenamente nessa ocasião. De algumas porventura nem mesmo se apercebeu então. Só mais tarde, revivendo a Iniciação, participando na Iniciação de outros, pouco a pouco tudo vai entendendo e encaixando. E, fazendo-o, se bem refletir, verá que o que viveu, o que ouviu, o que sentiu, as lições que recebeu naquela ocasião, serão um norte de vida que deve ter sempre presente.
No fundo, uma das coisas que é agradável na Maçonaria é a sua desarmante simplicidade: não são precisas grandes invenções, não são necessários etéreos princípios. Para se ser tolerante, sábio e justo e, tanto quanto humanamente possível Perfeito, para aliar a Sabedoria à força e à Beleza, para viver em Liberdade em Fraternidade segundo os princípios da Igualdade, só é necessário proceder segundo o que aprendeu na Iniciação. E, chegado a hora, poderá pousar as suas ferramentas em Paz e com a noção do dever cumprido.
Não se aprende tudo de uma só vez. O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem à uma existência melhor pelos caminhos da Sabedoria e da Tolerância.
Um pensamento para encerrar:
“Um Verdadeiro Ir∴ pode saber todos os defeitos do outro, mas com o exercício da tolerância e a prática da sabedoria assim mesmo o considera como amigo e Ir∴”
Agradeço a tolerância e atenção dos IIr∴ a estas minhas humildes considerações.
S∴F∴U∴
01 de agosto de 2013
(*) Fernando Luiz Koehler
Or∴ de Santa Cruz do Sul, RS
gostei de conhecer um pouco a mais sobre a maçonaria,quanto mais estudo sobre mais me encanto com seus conhecimentos,quando possível queria conhecer mais afundo a maçonaria
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