DOGMA, MAÇONARIA E RELIGIÃO
(republicação)
Em 27/12/2016 o Respeitável Irmão
Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, 69, REAA, Grande
Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, solicita
esclarecimentos.
DOGMA, MAÇONARIA E RELIGIÃO
Pergunto: a Maçonaria é
antidogmática? Em caso positivo, maçonaria e fé cristã (que se apoia em dogmas,
como nascimento virginal de Cristo, ressurreição dos mortos, dentre outros) são
incompatíveis? É possível ser cristão e maçom?
CONSIDERAÇÕES:
Esse tipo de discussão não cabe
na Maçonaria simplesmente porque ela não é uma religião, portanto, não a
discute. Estuda sim a sua filosofia, suas raízes histórias e influências sobre
os seres humanos de acordo com a sua cultura.
A Maçonaria tem por princípio
respeitar todas as religiões e insiste em orientar que cada um deve procurar o
seu conforto religioso na sua própria religião.
Então, se a Maçonaria não é
religião, por princípio nela não cabem discussões sobre dogmas, mas revela que
fanatismo e superstição são flagelos da humanidade.
Historicamente nascemos à sombra
da Igreja como construtores de templos, abadias e catedrais da Idade Média, daí
ser comum a influência de costumes religiosos no seio da sua existência, porém
esses são costumes que marcam e embasam o seu arcabouço doutrinário. Essa
doutrina, entretanto não visa interferir nem apregoar credos religiosos.
As lendas bíblicas, comumente
mencionadas nas instruções e rituais maçônicos nos servem como muitas das
alegorias que dão suporte ao método de aperfeiçoamento moral e ético reservado
somente aos iniciados. Veja o exemplo do Livro da Lei. Ele não está ali como um
mensageiro dessa ou daquela religião, mas como um código de moral pelo qual o
Iniciado se compromete a cumprir as "obrigações da Ordem" - as
obrigações prestadas pelo maçom diante do Livro da Lei, não raras vezes é
confundido como juramento religioso, o que não é verdade.
Infelizmente uma boa parcela dos
maçons ainda não entendeu que a Maçonaria faz uso das alegorias bíblicas para
montar boa parte da sua estrutura de estudos, que tanto pode ser de vertente
deísta como teísta, entretanto o uso da Bíblia, as alusões de suas passagens,
etc., não visa doutrinar ninguém, porém usar o seu conteúdo como exemplo para
preparar os seus integrantes.
Deus na Maçonaria é o Deus de
todos os homens no sentido de que de modo conciliatório Ele é denominado Grande
Arquiteto do Universo.
Às vezes pela falta de melhor
compreensão da "Arte" é que muitos ainda acham que foram os maçons
que construíram o Templo de Jerusalém, e pior ainda, acham que a Sala da Loja,
também conhecida como Templo, é uma representação do mencionado Templo hebraico.
Então Mano, deixemos a discussão
de dogmas para as religiões. Para nós maçons, basta a convivência fraternal e
respeitosa entre todos os homens, sejam eles pertencentes cada qual a uma
religião. Assim, tanto um cristão, como um muçulmano, como um judeu, etc.,
podem perfeitamente fazer parte dos quadros da Maçonaria, pois a verdadeira
beleza da "construção" esta na arte da convivência e na fraternidade
humana.
Dando por concluído, devo
ratificar mais uma vez que a Sublime Instituição não é religião e não se presta
a doutrinar ninguém nessa ou naquela crença. Com seu método suportado por
símbolos e alegorias, ecleticamente haurido das manifestações do pensamento da
humanidade, ela visa incentivar o Homem a buscar o seu aperfeiçoamento moral
transformando-o daquela Pedra Bruta de então retirada da jazida, numa Pedra
Cúbica perfeitamente desbastada, capaz de fazer parte das paredes de um templo
construído à Virtude Universal. A Maçonaria não zomba de nenhuma religião, mas
cobra dos seus integrantes o respeito a ela pela fé que um dia ele demonstrou,
diante do Livro da Lei da sua crença, ao prometer cumprir a sua obrigação.
T.F.A.
PEDRO JUK -
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
Sempre didático e lúcido nosso Ir.: Pedro Juk. Estou aguardando que o Ir.: inicie sua produção literária maçônica. TFA
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