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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 24 de janeiro de 2021

BANQUETE RITUALÍSTICO. AS PARALELAS VERTICAIS E TANGENCIAIS

BANQUETE RITUALÍSTICO. AS PARALELAS VERTICAIS E TANGENCIAIS
(republicação)

Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Tavares – Loja Estrela do Mar – Oriente de Matinhos – Paraná – Obediência GOB-PR.
dtj9@hotmail.com

Caro Irmão Pedro Juk. Aproveito a oportunidade para tirar 02 dúvidas:

1) Banquete Ritualístico só nas datas específicas, ou pode-se realizar quando bem entender? É que no dia 20 de março (quinta-feira), a Loja irá realizar um Banquete em comemoração a Páscoa, e fico na dúvida.

2) No Livro da INBRAPEM, volume 3, da Trolha, edição de 2002, onde inclusive aproveito para parabenizar o valioso e brilhante trabalho de autoria do Irmão intitulado O SINAL COM O INSTRUMENTO DE TRABALHO, mas mais especificamente no trabalho do grande Irmão JOSÉ CASTELLANI - POR QUE SÃO JOÃO, "NOSSO PADROEIRO"? (página 105), consta o seguinte:

"No Templo Maçônico, essas datas solsticiais estão representadas num símbolo, que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais. Este significa que o Sol não transpõe os trópicos, o que sugere, ao Maçom, que a consciência religiosa do Homem é inviolável; as paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio e os dois S. João."

Pergunto: Onde está simbolizado no Templo o símbolo do Círculo entre as Paralelas Verticais e Tangenciais? 

Respostas:

01 – À bem da verdade esse termo “Banquete Ritualístico” deveria ser suprimido, pois na realidade o nome correto seria “Loja de Mesa”. Quanto às datas, seguem algumas considerações. 

Tradicionalmente as Lojas se reuniam nas datas solsticiais – época em que o sol passa pela sua maior declinação boreal ou austral, e da qual cessa o seu afastamento do equador terrestre. Nesse sentido as Lojas adquiriram por influência religiosa o termo às “Lojas de São João” já que esses períodos correspondem às datas comemorativas de João, o Batista (que anteviu a Luz – 24 de junho, verão no hemisfério norte) e João, o Evangelista (que pregou a Luz – 27 de dezembro, inverno no hemisfério norte). 

Sob o ponto de vista religioso e relacionado à meia esfera norte do Planeta Terra, “Jesus” se tomado como a “Luz do Mundo”, fora anunciado por João, o Batista, enquanto que a sua doutrina está simbolizada nos evangelhos de João, o Evangelista, ou o que pregou a Luz. Sob esse aspecto não há como se confundir Maçonaria com religião, apenas uma aplicação de renovação e renascimento do Homem baseado nas escrituras – cultos solares, ancestrais de quase todas as religiões terrenas. 

Por esse prisma, as antigas agremiações de construtores usavam essa data para as suas reuniões semestrais e anuais realizadas em torno de uma mesa onde eram discutidos planos e assuntos relativos à obra, bem como um momento especial utilizado normalmente para o ingresso de novos integrantes ao grêmio. Após os trabalhos de praxe era então realizado um banquete fraternal, costume haurido das antigas “Guildas” a quem se deve também o uso da palavra “Loja”.

Em relação aos equinócios – ponto da órbita terrestre em que se registra igual duração do dia e da noite (21 de março, primavera no hemisfério norte e 23 de setembro, outono na mesma meia esfera) – a Maçonaria os associa no que corresponde às chamadas meias estações (primavera e verão) relacionadas à situação acima da linha do equador (hemisfério boreal) e que determina por sua vez o renascimento da Natureza (março, primavera - ponto vernal) e o seu amadurecimento (setembro, outono – ponto de Libra).

Em relação ao ciclo natural, essas estações representam, dentre outras, pela posição do Sol em relação à Terra, um aspecto de igualdade (dias iguais às noites na sua duração) o que sugere uma lição de moral. Ainda, e sob a influência religiosa conjugada ao fator da geração humana (nove meses) a gênese simbólica de João, o Batista teria ocorrido sob a influência outonal de setembro (hemisfério norte) e o seu nascimento nove meses depois no solstício de verão (hemisfério norte). 

Já “Jesus – A Luz do Mundo”, simbolicamente teria sido gerada no equinócio de primavera (março – hemisfério norte) para nove meses depois nascer em pleno solstício de inverno (dezembro – hemisfério norte) quando as trevas lá imperavam. O Seu nascimento viria simbolizar a esperança de renovação e redenção - a volta da Luz (Natalis Invicti Solis – Nascimento do Sol Invicto). 

Por assim ser, a Maçonaria, porém nunca de forma religiosa, toma essa alegoria como símbolo de igualdade e de renovação entre os homens, o que, no desenvolvimento especulativo da ordem, seria comemorado através das Lojas de Mesa nesses períodos correspondentes.

Sob esse feitio e, em linhas gerais, as datas próprias para as Lojas de Mesa estão relacionadas aos períodos de solstício (as Lojas de São João) e de equinócio (renascimento da Natureza, o seu amadurecimento com os frutos produzidos pelas estações e a igualdade entre os homens). É bem verdade que se deve considerar a aparência cultural e religiosa tão particular das civilizações terrenas, o que não faz dessa assertiva, sob o ponto de vista maçônico, uma regra básica consolidada.

02 – As Paralelas Verticais e Tangenciais – Esse símbolo quase que completamente esquecido pela moderna Maçonaria, reflete exatamente o contido nas explanações expostas no primeiro item e deveria estar representado na Loja no frontispício imediatamente abaixo de onde são colocadas as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria. 

Fazendo justiça, a Maçonaria Inglesa, eterna guardiã das nossas tradições, usos e costumes, esta apresenta o símbolo na sua Tábua de Delinear do Primeiro Grau, cujas paralelas tangenciais representam o Rei Salomão, idealizador e construtor do Templo de Jerusalém e Moisés que instituiu o
governo e a lei (sobre esse contexto recomendo o livro de minha autoria – Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Editora A Trolha – Dezembro de 2007, página 141). 

Dentre outras considerações, para os ritos maçônicos que possuem a porta principal de entrada da Loja na porção central da parede ocidental, ladeadas no átrio pelas Colunas “B” e “J”, esses pilares tomam a conotação solsticial por representarem o marco de passagem do trópico de Câncer ao norte (B) e Capricórnio ao sul (J). Ao centro, da entrada até o Delta, passa a linha imaginária do Equador que divide simbolicamente o espaço da Oficina, no ocidente, em dois hemisférios denominados Coluna do Norte e Coluna do Sul (para melhores esclarecimentos, ver no Livro INBRAPEN – Vol. 4, Editora A Trolha, novembro de 2007, página 77 a peça de minha autoria intitulada “E o Topo da Coluna do Norte... Conclusões?).

Finalizando, devo dizer que infelizmente enquanto uma boa parte das nossas “autoridades” se preocupa em aumentar o espaço do Oriente das Lojas visando à colocação de mais poltronas confortáveis para a sustentação de certas vaidades empurradas “democraticamente” através dos nossos regulamentos, esses, justamente esses, esquecem que somos uma instituição que prega a igualdade entre os Homens e combate a fatuidade. Enquanto isso, símbolos importantes que regem o arcabouço doutrinário maçônico são legados ao esquecimento, justamente em uma Instituição definitivamente iniciática.

ATENÇÃO - Não confundir a Loja de Mesa dos graus simbólicos com o Banquete do Cordeiro Pascal realizado na quinta-feira de Endoenças pelo Grau 18, Cavaleiro Rosa Cruz – Grau Capitular do Rito Escocês Antigo e Aceito, Daí a inexistência de qualquer comemoração da Páscoa (religiosa)
pela Maçonaria Simbólica tradicional, porém sim, a passagem para o renascimento da Natureza e, por extensão, do próprio Homem com elemento integrante de todo o processo cósmico natural – cosmo vivido, nunca “egus vivendi”. 

T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com - Set/2011.
Fonte: JB News – Informativo nr. 390 Florianópolis (SC) – 25 de setembro de 2011

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