Em 13.12.2020 o Respeitável Irmão Nidovaldo Longo, Loja XV de Maio, 3.059, REAA, GOB-SP, Oriente de Monte Alto, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:
SAUDAÇÃO POR 3X3
Por favor, dá uma Luz. Sobre a saudação em visita a uma Loja o visitante diz ao Venerável Mestre que ele traz do seu Venerável a saudação por 3 x 3. Peço-lhe a interpretação dessa saudação.
CONSIDERAÇÕES:
Vou reeditar e atualizar uma resposta que dei há tempos atrás sobre esse tema.
De pronto devo salientar que tanto como produto da multiplicação de fatores (3 x 3 = 9), bem como a soma de parcelas (3 + 3 + 3 = 9), o número 9 possui alto valor simbólico na Moderna Maçonaria.
Sob o ponto de vista esotérico, na Moderna Maçonaria o número 9 tem alto valor iniciático. Dentre outros corresponde aos 9 meses em que a Luz perdura no ciclo anual do Sol – 12 meses menos os 3 que correspondem ao inverno, obtém-se o número de nove meses (geração e vida da Natureza).
Nesse contexto, a Terra fica viúva do Sol uma vez por ano por um período de três meses.
Historicamente e de modo prático, era comum que entre os Irmãos que frequentavam as Lojas das tabernas (estalagens, cervejarias) dos maçons antigos saudassem o Mestre da Loja fazendo 9 vezes seguidas o sinal. Com o aperfeiçoamento dos costumes e posteriormente o aparecimento dos rituais, já no século XVIII, essa prática se adaptou à particularidade de cada rito. Essa tríplice saudação geralmente se dava quando da posse do dirigente da Loja. Nesse caso, 3 vezes 3 significa a antiga saudação executada por 9 vezes seguidas.
Nesse sentido, os ritos que adotam o questionário de reconhecimento para os visitantes, a frase “vos saúdo por três vês três” representa, de modo amplo, essas nove saudações.
Já sob a égide do misticismo maçônico, sobretudo o herdado dos cultos solares da antiguidade, o número 3 corresponde aos três meses que compõem cada ciclo natural, ou seja, três meses para a primavera, três para o verão, três para o outono e finalmente três para o inverno.
Como a Natureza revive, frutifica e amadurece consecutivamente nos ciclos naturais da primavera, do verão e do outono, os construtores medievais - nossos antepassados - seguiam esses mesmos ciclos na prática do seu ofício.
As agruras do no inverno não permitiam que houvesse trabalho, portanto, durante essa estação do ano os operários eram pagos e despedidos para o merecido descanso.
Emblematicamente, a morte da Natureza, representada pela pouca luz que ocorre no inverno, isto é, com dias curtos e noites longas, traz a conotação de que a Terra fica viúva do Sol (vide os cultos solares da antiguidade).
Sob essa óptica o número 9 corresponde ao produto da multiplicação dos fatores que representam os ciclos onde o trabalho era profícuo no canteiro. Em linhas gerais denota saudação às etapas em que a Luz prevalece (nove meses). Essa alegoria é bem demonstrada pelas nove luzes que se apresentam na liturgia do REAA.
De modo operativo, sob o aspecto prático que envolve as técnicas do ofício e a Geometria aplicada no plano das obras, o cubo, poliedro com seis faces congruentes, representa a pedra poliédrica perfeita, desbastada e preparada.
Simbolicamente o cubo (pedra cúbica) era um elemento geométrico que fazia parte dos cantos da obra (pedra angular). Formado por um componente poliédrico de igual largura, altura e profundidade, a geometria justa e perfeita das construções nomeava o número três como unidade de largura, altura e profundidade da pedra angular. Nas construções das antigas catedrais, o marco inicial indicado pela pedra angular era colocado no canto nordeste da obra. A partir desse marco aplicava-se a 47ª Proposição de Euclides na razão 3, 4 e 5 para determinar os cantos. Para a aplicação desse triângulo retângulo, os artífices da pedra calcária se faziam valer de um cordel com 12 nós equidistantes (não confundir cordel com corda de 81 nós). Em síntese, a pedra referencial ia assentada nos cantos da obra (largura = 3; altura = 3; profundidade = 3).
Graças a isso o número 9 mais uma vez é parte de uma alegoria iniciática haurida da soma dos elementos geométricos do cubo, ou seja, a adição da unidade ternaria (3) correspondente à sua largura, altura e profundidade – 3 + 3 + 3 = 9
Concluindo, sob o viés iniciático solar, o número 9 alude aos ciclos da Natureza e a geração da vida, enquanto que sob a aparência operativa, o número 9 é a representação de um poliedro cuja base, largura e altura é igual a 3. A soma das medidas ternárias do poliedro (pedra angular), assim como o produto da multiplicação dos ciclos naturais (geração) é igual a 9.
Obs. As relações que envolvem o movimento aparente anual do Sol e os ciclos da Natureza aqui mencionados se reportam ao hemisfério Norte do planeta Terra (onde nasceu a Maçonaria).
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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