J.Filardo M∴ I∴
Meu caro,
Sua manifestação é excelente, mas exigiria centenas de páginas para dirimir suas dúvidas.
Primeiro, vou presumir que você não é maçom. E o que é muito bom é que suas dúvidas espelham a grande confusão na visão da Maçonaria pela sociedade.
Segundo, é preciso dizer que a Maçonaria, apesar das aparências em contrário, não é um clube gastronômico.
O jantar, ou mesmo um convescote regado a cerveja, bom vinho ou champagne, ou verdadeiros banquetes que as lojas promovem depois de suas reuniões é uma tradição muito cara aos maçons, que remonta às suas raízes, quanto ela era apenas grupos de pedreiros especializados que formavam grupos unidos por fraternidade, ajuda mútua e pela profissão.
Esses grupos de pedreiros, terminada a faina diária, juntavam-se em torno a uma mesa e jantavam efusivamente, com muita brincadeira e risadas. Quando estavam trabalhando em cidades, esses jantares se realizavam em tabernas, onde ocupavam uma sala reservada, se houvesse alguma. Na Inglaterra, quando surgiu o conceito de loja, estas recebiam o nome da taberna em que o grupo se reunia. A tradição continuou depois que a maçonaria perdeu o seu caráter de pedreiros profissionais e passou ser um ponto de reunião de pessoas (homens, no caso da maçonaria conservadora ou homens e mulheres no caso da Maçonaria Liberal) que comungam de uma série de princípios e que se consideram iguais.
Voltando aos pedreiros. Eles dominavam técnicas especializadas de construção que eles não queriam revelar para assegurar o know-how e controlar o número de pedreiros que tinham acesso às tecnologias e técnicas.
Esses pedreiros muitas vezes não pertencia a um grupo (loja) viajavam pela Europa procurando trabalho e o trabalho que realizavam podia ser necessário em uma determinada obra onde ele se apresentava ao mestre de obra como profissional.
Os pedreiros dessa época conceberam um sistema de sinais para comunicação sem palavras, palavras que indicavam que eles eram pedreiros autênticos e apertos de mão especiais. Dessa forma o mestre da obra tinha a garantia de que o pedreiro era bom, pois para conhecer aqueles sinais, apertos de mão e palavras, ele precisaria ter estado com um mesmo grupo por pelo menos 20 anos. O pedreiro que pertencia à confraria sabia que podia contar com a ajuda de seus “irmãos” quando precisassem e esta era uma obrigação assumida ao ingressar na confraria.
Essas confrarias eram os herdeiros de uma guilda (confraria) de construtores chamada Mestres Comacines que construíra igrejas, castelos, muralhas, pontes, etc. por toda a Europa, sob a forma de ordem terceira monástica que por sua vez era descendente dos colégios de construtores romanos originalmente mitraistas (a religião mais popular de Roma na época) que se converteram ao cristianismo e foram absorvidos por ordens monásticas como os Beneditinos, por exemplo, e com eles se espalharam pela Europa nas missões de cristianização iniciadas no século V e VI.
Para os fins desse trabalho, vamos nos concentrar na expansão das confrarias em direção à Grã-Bretanha.
O primeiro registro que se tem é na Irlanda, para onde se dirigiu uma missão cristianizadora acompanhada de monges construtores. Nos séculos seguintes, eles atravessaram o estreito que separa a Irlanda da Escócia e a missão cristianizadora de Santo Columba começou a catequizar os Scots (irlandeses emigrados) e os Pictos (povo autóctone), cuja miscigenação deu origem aos escoceses.
Assim, aqueles monges construtores trouxeram para a Escócia os costumes dos pedreiros originais (sinais, apertos de mão, palavras) que sempre consideraram o rei da Escócia como seu Grão Mestre.
A Escócia era um país muito primitivo (comparado ao resto do mundo) localizado na periferia da Europa e era inicialmente um país totalmente católico até o século XVI quando aconteceu a Reforma Protestante e foi criada a igreja nacional Calvinista, que se tornaria Presbiteriana.
A partir daí passou a existir uma tensão constante entre os dois credos. Dependendo do rei que assumisse o trono, a balança pendia para um ou outro credo. A dinastia que reinava na Escócia desde o século XIV era a dinastia Stewart, conhecida entre nós como Stuart, que eram tradicionalmente católicos.
Acelerando o tempo para o fim do século XVI, temos no trono o Rei James VI da Escócia, James I da Inglaterra, porque ele era o sucessor das duas coroas. Era descendente de uma longa linhagem de negros que migrara para a Escócia e Irlanda onde se cristianizaram e exerceram grande poder militar, tornando-se reis e rainhas daquelas paragens longínquas.
As outras casas reais da Europa adotaram uma estratégia de promover casamentos de suas princesas com príncipes escoceses de origem negra, pois o racismo já existia naquela época. Nesse quadro fizeram casar James IV com Margaret que era filha de Henry VII da Inglaterra, o que levou aos descendentes de reis escoceses terem direito ao trono inglês.
Pois bem, James VI era um rei pragmático e diante da imposição inventada por Henry VII de que o rei da Inglaterra devia ser protestante, ele simplesmente mudou de religião.
Vamos fazer um parêntese aqui para mencionar algo importante que acontecera no século XIII na Inglaterra e que teve consequências para essa narrativa.
Em 1290, o rei Edward I da Inglaterra expulsou os judeus, que já vinham sofrendo perseguições desde o século XI. Todos sabemos que por serem proibidos de praticar a usura, os católicos medievais delegaram aos judeus a função de financistas que emprestavam dinheiro a juros. Os judeus emprestavam muito ao rei e aos lordes ingleses. As dívidas se acumulavam e não havia melhor solução para cancelar os débitos do que cancelar os credores.
Parte dos judeus expulsos da Inglaterra foram para a Escócia onde criaram um importante comunidade que gozava da proteção real e influenciava a cultura escocesa. A importância dela pode ser medida pelo fato de que as universidades escocesas criadas no Renascimento Escocês ensinavam Latim, Grego e Hebraico.
Outro acontecimento importante ocorreu em 1614: a publicação do manifesto Rosacruz, Fama Fraternitatis R.C., Confessio Fraternitatis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz.
Qual era a grande característica desse movimento?
Os manifestos traziam notícias de uma grande fraternidade invisível. Mencionava a Cabala, o Hermetismo, o Cristianismo e proclamava seis princípios:Nenhum membro entre eles professa outra coisa que não seja a cura grátis dos doentes.
- Nenhum membro é obrigado a usar qualquer hábito, mas deve seguir os costumes do país.
- Todos os anos, no dia C, eles se encontraria na casa Sancti Spiritus, ou informaria as razões de sua ausência.
- Todo Irmão deve procurar uma pessoa honrada para sucedê-lo após sua morte.
- A palavra R.C. deve ser seu selo, marca e caráter.
- A Fraternidade deve permanecer secreta por cem anos.
Assim foi que durante o século XVII, a Escócia passou por seu Renascimento durante o qual acumulava em seu ambiente cultural a quebra da hegemonia da igreja católica, uma nova experiência religiosa de natureza protestante e um conflito entre os dois campos e o predomínio da religião e seus dogmas deixaram de ser absolutos. Assim como ocorrera na Itália, os valores do rosacrucianismo, neoplatonismo, do hermetismo, da alquimia passaram a ser moda entre a intelligentsia escocesa.
Foi quando aconteceu William Schaw.
Diante de uma situação de concorrência selvagem entre os pedreiros do reino, o rei James VI Stuart convocou seu Mestre de Obras do Reino e pediu-lhe que colocasse ordem na atividade de construção.
William Schaw foi uma pessoa excepcional em seu tempo. Sua família era relacionada com a realeza pois eram tradicionalmente os administradores da adega real. Como família tradicional, eles eram católicos. No final do século XVI William foi nomeado vitaliciamente como Grande Mestre de Obras do Reino, mas isso não impedia que ele atuasse em diferentes campos da corte, fingindo ser protestante quando isso era conveniente.
No desempenho de sua função, ele estava em permanente contato com as confrarias de pedreiros, telheiros, carpinteiros, bombeiros e marceneiros que trabalhavam nas obras do rei.
Assim, em 28 de dezembro de 1598, Schaw, em sua qualidade de Mestre de Obras e Vigilante Geral dos mestres pedreiros publicou o “The Statutis e ordinananceis to be obseruit by all the maister maoissounis within this realme.”
O preâmbulo afirma que os estatutos foram emitidos com o consentimento de uma convenção do ofício, simplesmente especificava como todos os mestres pedreiros se reuniram naquele dia. Os primeiros estatutos da Schaw fundavam-se nos Antigos Encargos , com material adicional para descrever uma hierarquia de vigilantes, diáconos e mestres. Esta estrutura garantiria que os pedreiros não assumissem o trabalho que eles não eram competentes para realizar, e garantiam que um vigilante de loja seria eleito pelos mestres pedreiros, por meio do qual o Vigilante geral poderia manter contato com cada loja em particular. Os Mestres pedreiros só estavam autorizados a tomar três aprendizes durante a sua vida (sem autorização especial), e estes estariam vinculados ao seus mestres por sete anos. Mais sete anos teriam que passar antes que pudessem assumir o ofício, e um arranjo de registros escritos foi criado para acompanhar isso. Seis mestres pedreiros e dois aprendizes tinham que estar presentes para que um mestre ou companheiro de ofício fosse admitido. Várias outras regras foram estabelecidas para o funcionamento da loja, supervisão do trabalho, e multas para o não comparecimento às reuniões da loja.
O estatuto foi aprovado por todos os mestres pedreiros presentes e arranjos foram feitos para enviar uma cópia para cada loja na Escócia. O estatuto indica um avanço significativo na organização do ofício, com distritos constituindo um nível intermediário de organização. Essas lojas “territoriais” funcionavam paralelamente a um outro conjunto de organizações cívicas, corporações, muitas vezes ligando os pedreiros a outros trabalhadores em negócios de construção, tais como os carpinteiros. Embora em alguns lugares ( Stirling e Dundee ), as lojas e corporações se tornaram indistinguíveis, em outros lugares a corporação ligava a atividade ao burgo , e se tornava um mecanismo pelo qual os comerciantes exerciam algum controle sobre os salários das atividades de construção. Em lugares como Edimburgo, onde a proliferação de construções em madeira significou uma predominância dos carpinteiros, a loja territorial oferecia uma forma de autogoverno do ofício distinta da corporação. Além disso, os pedreiros e os carpinteiros usavam diferentes motivos cerimoniais, nos respectivos eventos. O papel de diácono fornecia uma ligação entre estas corporações e as lojas.
Cópias do estatuto (juntamente com o Segundo Estatuto Shaw) foram escritas nas atas das Lojas de Edimburgo e Aitchison’s Haven, perto de Prestonpans .
Em 28 de dezembro 1599, promulgou um segundo estatuto que consistia em catorze regras separadas. Algumas delas eram dirigidas especificamente à Loja-Mãe Kilwinning ; outras às lojas da Escócia em geral. A Loja Kilwinning recebeu autoridade regional para o oeste da Escócia; as suas práticas anteriores foram confirmadas, várias funções administrativas foram especificados e os oficiais da loja foram intimados a garantir que todos os companheiros e aprendizes “tak tryall of the art of memorie ” (sejam testados quanto à arte da memória). De modo mais geral, as regras foram estabelecidas para fins de registro adequado das lojas, com taxas específicas determinadas.
Os estatutos afirmam que Kilwinning foi a cabeça e segunda loja na Escócia. Isto parece se relacionar com o fato de que Kilwinning reclamou precedência como a primeira loja na Escócia, mas que no esquema das coisas de Schaw, a Loja de Edinburgh seria mais importante, seguida por Kilwinning e, então, Stirling. David Stevenson argumenta que o Segundo Estatuto de Schaw lidava com a resposta de dentro da ordem aos seus primeiros estatutos, em que várias tradições foram mobilizados contra suas inovações, particularmente vindas de Kilwinning.
A referência à arte da memória pode ser tomada como uma referência direta ao esoterismo renascentista. William Fowler, que tinha sido um colega de Schaw tanto em sua viagem à Dinamarca quanto em Dunfermline, havia instruído a Rainha Anne da Dinamarca na técnica. Na verdade, Fowler havia conhecido o filósofo italiano Giordano Bruno na casa de Michel de Castelnau em Londres na década de 1580. A arte da memória constitui um elemento importante do sistema mágico de Giordano Bruno.
Os estatutos também abordavam questões práticas, tais como preocupações com a saúde e segurança durante o trabalho em lugares altos. Em seu artigo XVIII, Schaw recomendava que
Todos os mestres ou “empresários de obras sejam muito cuidadosos em verificar que os andaimes e plataformas sejam muito cuidadosamente seguros e colocados, para que através de sua negligência ou preguiça não se firam ou se choquem contra outras pessoas que trabalham na referida obra, sob pena de ser dispensado depois de trabalhar como mestres encarregados de qualquer trabalho”.
William Schaw reorganizou a atividade de construção, disciplinando e impondo regras de convivência e operação introduzindo oficialmente algo revolucionário em termos medievais, que era a eleição do Mestre da Loja e do Mestre Geral pelos membros da confraria.
No decorrer do século XVII as lojas escocesas receberam membros que não eram pedreiros e que eram fascinadas pelo segredo existente entre os pedreiros que oferecia uma grande latitude de interpretação, equiparando progressivamente a nova estrutura criada por Schaw à mítica ordem Rosa Cruz e introduzindo elementos de alquimia, hermeticismo e também cabala amplamente difundida entre a população culta por conta da presença judaica na sociedade escocesa.
Estava assim criada a maçonaria especulativa.
Mas, essa novidade não atraiu somente pessoas cultas interessadas em esoterismo, buscando um caminho da perfeição baseado na alquimia filosófica e na cabala. Ela foi aparelhada para dar suporte aos reis escoceses da dinastia Stuart, as lojas jacobitas. Transformaram-se em centros de coleta de informações e ações visando apoiar interesses escoceses onde quer que fosse necessário. Expandiram a rede para a Irlanda e algumas lojas na Inglaterra.
No meio do século, era rei James II (que também era rei da Escócia como James VII) e não tinha filho homem. A expectativa, então, era que a princesa Mary, que era casada com o rei da Holanda) assumisse o trono com a morte de James II.
Mas, o rei enviuvou e se casou novamente com Mary of Modena que deu à luz um menino e, com isso, jogou um balde de gelo nas intenções da princesa Mary. Os ingleses protestantes começaram a espalhar fake News, alegando que o filho não era do rei, mas do jesuíta que era confessor do rei; que a criança foi trocada por um filho de uma freira com o referido jesuíta.
A princesa Mary inconformada, começou a conspirar com nobres protestantes e o Bispo da igreja anglicana e acabaram por “convidar” o rei da Holanda, William de Orange a invadir a Inglaterra e derrubar o rei. William não se fez de rogado e montou uma frota, invadiu a Inglaterra e forçou James II Stuart a fugir para a França com toda a sua corte.
Nos anos seguintes à coroação do usurpador, as lojas maçônicas especulativas jacobitas tornaram-se centros de sedição e resistência aos Orangistas, até que em 1714 com o apoio da Suécia para onde os jacobitas havia exportado a maçonaria, houve uma tentativa de derrubar o rei Hanoveriano, George I.
A consequência foi a decisão dos protestantes ingleses de criar, em 1717, uma maçonaria que não aceitasse católicos e com isso criaram um mecanismo de poder chamado Grande Loja, uma coisa que não existia na tradição maçônica.
O que existia com o nome de Grande Loja, era uma reunião anual à qual todos maçons do reino deveriam comparecer com suas famílias, uma festa no solstício de verão, para eleger o Grão Mestre.
Em seu lugar, os ingleses inventaram uma estrutura hierárquica através da qual poderiam controlar as lojas existentes e também a expansão da rede de lojas. Encomendaram a um maçom que conhecia a maçonaria escocesa uma constituição onde incluíram um conceito genial ─ a religião natural ─ como forma de impedir o ingresso de católicos. A estrutura se enquadrava no exercício do poder real, visto que o Grão Mestre era “eleito” entre membros da casa real e falsificaram a história para que essa fundação de apoio à usurpação fosse considerada a fundação da Maçonaria especulativa, como se ela não existisse antes.
O conceito de religião natural introduzido para impedir a entrada de católicos provocou uma resistência muito grande entre os maçons que ainda seguiam o modelo escocês, ou, no caso, o modelo irlandês, que criaram uma nova Grande Loja segundo os costumes maçônicos tradicionais à qual aderiram muitos maçons tradicionalistas, o que representava uma importante parte da maçonaria inglesa.
No início do Século XIX, temendo a cisão da sociedade inglesa e suas consequências diante da ameaça representada por Napoleão Bonaparte, o Regente inglês ordenou aos maçons que parassem de mimimi e chegassem a um acordo. A Grande Loja de 1717 foi forçada a voltar atrás nas novidades que havia trazido à maçonaria e passaram a valer os princípios tradicionais dos Antigos, com o nome de Grande Loja Unida da Inglaterra.
O rei James II que se exilara na França levou consigo a maçonaria jacobita que continuava a ser um centro de conspiração visando reconduzir a casa de Stuart ao trono da Inglaterra.
Os franceses receberam a maçonaria escocesa de braços abertos e depois de muitos anos de exercício caótico foi unificada e disciplinada na Grande Loja de França que mais tarde viria a se chamar Grande Oriente de França e que é a raiz da maçonaria brasileira.
Como se pode ver, a Maçonaria nasceu política no Século XVII e continuou a ser política no século XVII, apesar de os ingleses pretenderem proibir a discussão de política e religião nas lojas maçônicas. Mas, como a maçonaria brasileira nasceu francesa e política, não é obrigada a seguir os ingleses.
Mas, por complexo colonialista e pela proverbial aversão brasileira ao debate, a maioria das instituições maçônicas consagrou esse procedimento proibitório. Nas lojas conservadoras não se discute política e religião, ao passo que nas lojas progressistas discute-se tudo, sem limitação.
Também, jamais existiu uma diretiva ou mesmo uma recomendação de discriminação de candidatos de esquerda ou direita. O que acaba acontecendo é que maçons de direita atraem candidatos de direita, e a loja acaba tendendo para a direita e vice-versa. Mas a Maçonaria não existe para defender este ou aquele deus ou combater esta ou aquela ideologia.
Também a tolerância que pode dar a impressão de falta de compromisso com princípios, não tem aceitação incondicional dentro das lojas. Essa é outra confusão que maçons ignorantes fazem. Recomenda-se o RESPEITO. Tolerância tem um valor muito negativo, pois enfraquece o tecido social, ao passo que respeito coloca as pessoas em igualdade de condição.
É preciso, entretanto, que se localize a Maçonaria na história e na civilização ocidental. Ela é uma instituição burguesa, sem dúvida. Herdou o dístico da revolução francesa “Liberdade Igualdade, ou Morte”, que se transformou em Liberdade Igualdade e Fraternidade.
Sua tendência é de adotar valores burgueses, e os burgueses temem aquelas ideologias que os ameaçam. Consequentemente, os maçons que não entenderam bem os princípios da Ordem acabam confundindo alhos com bugalhos e começam a falar bobagens como “Maçom tem que acreditar em Deus.” “Maçom não pode ser de esquerda.” “Maçonaria e política não se misturam.”
Assim, no Brasil onde a Maçonaria envolveu-se em política desde o primeiro instante de sua existência e acabou afastando-se (mais ou menos) da política devido à dificuldade que a ação política apresenta, ou seja, por comodismo, medo ou simplesmente má fé. E, com isso, provocou uma situação interessante: a sociedade enxerga a Maçonaria como intervencionista, influente na política, que consegue transformar a sociedade.
Mas, os regulamentos da Maçonaria pretendem que ela seja apenas uma escola de cidadania, sem se imiscuir na política da sociedade, e muitas lojas, por comodismo, seguem essa orientação.
O candidato interessado que foi atraído pela imagem de instituição poderosa e influente e ativa, quando é aceito constata a inação e incompetência da Maçonaria em liderar as mudanças urgentes necessárias. Daí, ele se decepciona e quase sempre abandona as fileiras.
A Maçonaria não é uma instituição político-partidária. Seus membros podem ou não ser políticos, mas um homem não politizado não é realmente um cidadão, e a maçonaria quer cidadãos conscientes, trabalhando em conjunto, pelo bem do povo (não só do 3%), com uma visão humanista.
Um maçom tem que se posicionar diante da injustiça, combatendo-a. Não tem que tolerar nada, deve respeitar a opinião alheia e combater o erro dentro de suas possibilidades. Os princípios que ela inculca em seus membros são incompatíveis com o fascismo, com o imperialismo e a opressão venha de onde vir.
A instituição, representada por Grandes lojas ou Grandes orientes não pode assumir, como tal, uma posição, pois ela tem em seu interior pessoas livres de diferentes tendências e opiniões, MAS nada impede que seus membros atuem na sociedade segundo os melhores princípios de civilização e humanidade. Bem pelo contrário, é isso que ela espera de cada maçom.
A Maçonaria Conservadora (a mais antiga e tradicional) exige como condição absoluta a crença em um princípio criador, uma esfera sobrenatural além da mera humanidade.
Entretanto, alguns maçons não conseguem imaginar essa esfera abstrata e terminam por identificá-la com a divindade que conhecem, o Deus da bíblia, por exemplo. Mas, não é isso que a Maçonaria preconiza. O GADU é um princípio sobrenatural criador abstrato, não um ser divino.
A proposta é que dentro da maçonaria a pessoa, com o auxílio dos irmãos mais experientes consiga chegar à sua própria religião, aquela em que todos concordam: não fazer aos outros o que não se quer que lhes façam.
Fonte: https://bibliot3ca.com
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