AVENTAL COM A ABETA ABAIXADA
(republicação)
Em 23/03/2016 o Respeitável Irmão Setimo Valdomiro Biondo, Loja Experiência e Sabedoria, REAA, GORGS, Oriente de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, faz a seguinte indagação: setimo@setimobiondo.adv.br
Sou Companheiro Maçom e estou preparando um trabalho para ser apresentado em Loja sob o título em referência. Tenho encontrado dificuldades em encontrar literatura sobre o Avental com Abeta Abaixada. Já solicitei aos Irmãos em Loja e também recebi como retorno a dificuldade de encontrar. Peço ao Irmão se possui alguma fonte literária sobre o assunto e possa ser indicada para minha pesquisa.
CONSIDERAÇÕES:
Geralmente os ritos de vertente francesa, dentre outros o REAA∴, diferencia o Aprendiz do Companheiro pela disposição da abeta triangular. No primeiro caso, a abeta fica levantada, enquanto que no segundo ela fica abaixada. Nesse particular, os aventais do Companheiro e do Aprendiz são iguais (totalmente brancos), diferenciando-se apenas pela abeta erguida ou abaixada.
Entretanto essa não pode ser considerada uma praxe maçônica, já que no costume inglês, por exemplo, o procedimento é outro. No caso do Grau de Companheiro, ele geralmente usa um avental branco, sem nenhuma outra decoração e com a abeta abaixada, porém com debrum em azul em torno do avental e da abeta.
Diferencia-se do avental de Mestre pelo aparecimento neste das rosetas com botões azuis, ou das tradicionais franjas conforme a prática.
Nessa vertente de Maçonaria (anglo-saxônica), existe uma diferenciação no avental do Aprendiz. Um Aprendiz recém-iniciado usa avental totalmente branco, inclusive o debrum e com a abeta levantada. No entanto, assim que um novo Irmão é iniciado, o Aprendiz mais antigo tem a sua abeta abaixada. Isso não implica noutro Grau, apenas destaca no mesmo nível o antigo do novo.
Ainda existem outros formatos para o avental, cuja diferença entre o Aprendiz e o Companheiro do Ofício se faz pela dobra do avental – é o caso do Craft Norte Americano.
Assim esse é um resumo prático e não envolve esdrúxulas e imaginosas interpretações místicas ou ocultas.
A mais clássica das interpretações relativas à abeta triangular está naquela em que o retângulo correspondente ao corpo do avental representa a matéria e o triângulo da abeta o espírito, o que dá uma especulação interpretativa de que pela evolução do Companheiro perante o Aprendiz, o primeiro, ao ter a abeta abaixada insinua que o espírito penetra na matéria – em tese é um sinal de aprimoramento.
À bem da verdade o Avental é a exata vestimenta do maçom, já que a Moderna Maçonaria adota o uso imprescindível do mesmo para os seus membros durante os trabalhos da Loja.
A sua origem está no período operativo já que o avental de pele, ou couro, era uma vestimenta grande que protegia o corpo do operário da cantaria. Geralmente ele protegia também a parte frontal do tórax e ia amarrado em volta do pescoço – essa parte do avental daria mais tarde na Maçonaria dos Aceitos origem a abeta triangular.
Amarrado à cintura na parte de baixo, protegia o colo e as coxas do operário. Inclusive alguns aventais possuíam na altura das coxas duas casas que serviam para abotoar o artefato na roupa que ia vestida por baixo. Havia também o mesmo dispositivo para fixar a abeta no avental quando porventura essa estivesse abaixada. Todos esses dispositivos serviam para ajudar a fixar o avental na roupa.
Esses botões mais tarde seriam relembrados nos aventais especulativos pelas rosetas fixadas no avental. As franjas relembram os cordões que fixavam o avental à cintura e amarrados pela frente.
O engraçado, pra não dizer trágico, disso tudo é que os autores imaginosos e sem compromisso com a realidade já derramaram rios de tinta inventando interpretações para as rosetas e as franjas especulativas, essas últimas então, inventaram até “sete bolinhas” presas por pequenas correntes e deram ao mistifório uma babilônia de divagações e interpretações pessoais.
Na verdade, tudo não passa de bobagem já que as rosetas são meras representações das casas e botões que ajudavam prender o avental à roupa, enquanto que as franjas nada mais são do que as sobras dos cordões pendurados após o nó.
Concluindo, a história genuína do avental está na época da Maçonaria Operativa, ou de Ofício e é o genuíno símbolo do trabalho para o Maçom Especulativo. Assim, entendo que a Maçonaria não precisa de divagações imaginosas para definir o Avental Maçônico. Basta entender que o Homem nasceu para o trabalho, cuja prática é perfeitamente representada pela alegoria do Avental.
P.S. – Veja a obra denominada O Avental Maçônico, Volumes I e II – Francisco de Assis Carvalho – Editora Maçônica A Trolha – www.atrolha.com.br
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.200– Florianópolis (SC) – segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Interessante e procedente o conteúdo aqui exarado. À margem as especulações, todo Aprendiz deve ter seu Avental com a abeta para cima, independente de é o mais novo ou mais velho. Um aprendiz com a abeta para baixo se confunde com um Companheiro, o que não tem sentido. No mais, as razões da abeta para baixo, co Companheiro, guarda total paralelo com as informações aqui prestadas. T.'.F.'.A.'.
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