DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS
(republicação)
Em 05/03/2017 o Respeitável Irmão
José Luiz Horner Silveira, Loja Renovação, 3.387, GOB-SC, REAA, Oriente de
Florianópolis, solicita os seguintes esclarecimentos através do meu blog:
http://pedro-juk.webnode.com/
DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS
Em primeiro lugar parabéns pelo
trabalho realizado em nossa Ordem e parabéns pela nova ferramenta, o seu blog.
Atualmente estou como Venerável Mestre de nossa Loja e recorro ao seu
conhecimento ritualístico para nos auxiliar em um tema controverso em nossa
Loja.
A questão é sobre a transmissão
da Palavra Sagrada pelos Diáconos. Nesse caso são quatro dúvidas:
1) O 1° Diácono sobe os degraus
do Trono, pelo Norte, com passos normais e coloca-se em frente ao Venerável
Mestre. Pergunto: O 1° Diácono fica na frente do Venerável com o Altar entre
eles? Como o Venerável vai chegar ao Diácono com o altar entre eles? Ou o 1°
Diácono fica à direita do Venerável e este terá que se mover para transmitir a
palavra? Ou ainda o Diácono vai até a direita do Venerável desta forma se a
cadeira da direita do Venerável estiver ocupada, quem ocupa deverá sair para o
Diácono chegar até o Venerável. Esta última é a utilizada em nossa Loja. Mas já
ouvi questionamentos a esse respeito, por isso recorro ao nobre Irmão para nos
orientar qual a forma correta nesse momento de nossa ritualística.
2) A palavra Sagrada é
transmitida letra por letra e depois silabada? Ou apenas letra por letra como
menciona o ritual.
3) Por qual o lado que os
Diáconos chegam nas mesas dos Vigilantes?
4) No encerramento ritualístico o
1° Diácono faz a saudação ao Venerável Mestre antes de receber a palavra.
Pergunto: o Venerável não desfaz o sinal para transmitir a palavra? O Diácono
permanece com o sinal para receber a palavra do Venerável? No momento de
transmitir a palavra para as Colunas os Diáconos fazem a saudação para os
Vigilantes? Os Diáconos transmitem a palavra aos Vigilantes estando com ou sem
sinal? Os Vigilantes recebem a palavra sem desfazer o sinal?
Desculpe a quantidade de
perguntas, mas nosso ritual deixa a desejar em algumas passagens e cada Mestre
faz da sua forma ou como aprendeu.
Gostaria de saber suas
considerações a essas dúvidas.
CONSIDERAÇÕES:
Embora o ritual careça ser
aperfeiçoado, sobretudo nos seus explicativos, não há como se imaginar nessa
oportunidade o Venerável e o Diácono tendo entre eles a mesa que serve como
Altar e ainda o candelabro de três braços. Sem dúvida conceber isso é pura
fertilidade de imaginação. Não há o que inventar. Genuinamente o Diácono sobe
os três degraus que levam ao sólio pelo lado Norte do Altar. Atingindo o último
piso ele se detém, ao tempo em que o Venerável vira-se para o Norte (lado do
seu ombro direito), se aproxima e ambos ficam frente a frente para realizar a
liturgia da transmissão. No que diz respeito a estar à cadeira de honra da
direita ocupada nessa ocasião, mesmo assim o Venerável se aproxima do Diácono
que o aguarda. Obviamente que nessa situação o ocupante do assento da direita,
usando do bom senso, se afasta um pouco para dar lugar à execução da prática
ritualística.
A transmissão da Palavra Sagrada
nessa circunstância não é ato de verificação de qualidade maçônica
(telhamento). Essa transmissão tem outro sentido, e se reporta simbolicamente à
aprumada e nivelamento dos cantos da obra, cujos antigos oficiais de chão
(origem dos Diáconos) na época da Maçonaria Operativa eram os mensageiros que
comunicavam as ordens pessoalmente do Mestre da Obra aos seus Vigilantes,
destacando-se que era imenso o espaço onde se executava a construção. Com o
advento da Moderna Maçonaria e o seu caráter especulativo, essa incumbência
passou a ser simbólica, usando-se no lugar da sua prática efetiva o subterfúgio
de se transmitir uma palavra. Isso significa que somente após estar tudo
nivelado e aprumado (palavra correta) é que os trabalhos serão iniciados (vide
as joias dos Vigilantes). Do mesmo modo, isso acontece no final da jornada,
quando ocorre a conferência de tudo que fora produzido no Canteiro (Loja) –
nessa alegoria está a origem do termo “justo e perfeito”. Dadas essas breves
explicações sobre o seu significado, a transmissão da Palavra (que não é
telhamento) se dá apenas entre Mestres Maçons. Assim quem transmite a Palavra,
transmite-a sussurrada conforme o costume do Grau de trabalho da Loja, porém
sem haver nenhuma troca de letras ou sílabas entre os interlocutores - nessa
oportunidade um transmite e o outro recebe (escuta).
As Luzes da Loja, em qualquer situação,
são sempre abordadas pelo seu lado direito (seu ombro direito). É oportuno
salientar que não existe nenhum giro em torno das mesas ocupadas pelos
Vigilantes, bem como do Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
Não se trata de saudação, mas sim
o cumprimento da regra consuetudinária do REAA que preconiza o ato de se estar
à Ordem sempre que um obreiro estiver em pé e parado em Loja aberta. Geralmente
é feita essa comparação equivocada porque saudações em Loja - ao Venerável
quando se ingressa e sai do Oriente e às Luzes após a formalidade da Marcha do
Grau (as únicas saudações previstas no ritual) - são feitas também pelo Sinal
do Grau (Sinal de Ordem). Devido o gesto ser análogo, muitos o tratam também
como saudação maçônica, mas não é. No que diz respeito à prática da transmissão
da Palavra para o encerramento dos trabalhos, aconselha-se que os protagonistas
desfaçam o Sinal no momento da transmissão e recepção da Palavra - além de
prático, é mais confortável, deixa o gesto mais elegante e não fere a ritualística.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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