VELAS E A LUZ
(republicação)
Em 11/03/202017 o Irmão Sílvio
Biss, Loja Cavaleiros da Arte Real, 3.245, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba,
Estado do Paraná, solicita o seguinte:
O meu contato com o Irmão se faz
pela necessidade em apresentar uma peça de arquitetura para aumento de salário
em minha Loja. O tema a ser trabalhado é as
velas e acredito que o título do trabalho seja "As velas e seu
simbolismo". Como no ERAC em que participei no
meio do ano passado, o Irmão foi fonte de conhecimento ilimitada e exemplo de
humildade, gostaria de poder contar com alguns comentários, dicas e
curiosidades sobre este tema pouco discutido.
No meu ponto de vista – autêntico
– as velas, em se tratando da liturgia maçônica, simplesmente simbolizam as
Luzes da Loja, ou as Luzes menores, dependendo a vertente do rito.
No caso do Rito Escocês Antigo e
Aceito, elas, as Luzes dos candelabros, se agrupam em determinadas quantidades
e são acesas de acordo com o grau simbólico em que a Loja esteja trabalhando.
Associadas às Luzes da Loja elas idealizam aqueles que dirigem os trabalhos – o
Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes como elementos
representantes principais das ferramentas especulativas do aprimoramento no
canteiro (Loja).
O termo “Luz, ou Luzes da Loja” é
muito antigo e é classificado como um Landmark da Ordem por mencionar
imemorialmente que uma Loja Maçônica será sempre dirigida por três Luzes.
Sob o ponto de vista figurado,
conforme a quantidade de Luzes acesas nos candelabros de três braços do Templo,
cada Luz representa - no REAA - o aperfeiçoamento humano adquirido. Em linhas
gerais representa o iniciado maçom que percorre a sua senda iniciática galgando
cada um dos três Graus Simbólicos.
Em síntese é a Luz, e não a vela
a representante do esclarecimento alcançado pelo obreiro no simbolismo da
Maçonaria Universal.
No simbolismo escocês, as Luzes
litúrgicas compõem a alegoria da evolução natural sugerida pelos ciclos
conhecidos como as estações do ano. Agrupadas em grupos de três em três, as
Luzes litúrgicas aludem à primavera, ao verão e ao outono, já os três meses do
inverno não são representados nessa alegoria porque essa estação sugere a
prevalência das trevas (dias curtos e noites longas). É quando a Terra fica
viúva da Luz. Graças a esse apólogo que o maçom, como peça integrante da
Natureza, em busca do aprimoramento, segue a Marcha da Luz – vindo do Ocidente,
lugar das trevas, ele percorre o caminho iniciático até o Oriente que é o lugar
da Luz. Inúmeras são as referências feitas à Luz no simbolismo maçônico.
Cabe também mencionar que não se
devem confundir as luzes que iluminam o ambiente, inclusive as previstas como
auxiliares para leitura e escrita, com as Luzes litúrgicas.
Devido à evolução do conhecimento
humano, a Moderna Maçonaria tem adotado lâmpadas elétricas no lugar de velas.
Isso não implica em desrespeito algum para com a liturgia maçônica, já que no
passado, as velas, geralmente de cera de abelhas para diminuir a poluição no
ambiente, eram usadas simplesmente pela inexistência de energia elétrica. Havia
velas em candelabros ou mesmo tocheiros que serviam à liturgia e também para
clarear o recinto.
Outras luzes mencionadas na
liturgia maçônica são aquelas intituladas como estrelas e que sevem para as
comissões de recepção. Essas luzes não são de cunho iniciático, senão como
lembrança de um passado distante quando Irmãos recepcionavam os visitantes
prestando-lhes auxílio iluminando o caminho que os levava ao recinto de
trabalho.
Ainda existe uma Luz litúrgica
pendente do teto na Câmara do Meio, porém essa não deve ser aqui abordada nessa
oportunidade.
De modo geral ainda existem Ritos
maçônicos, não é o caso do Escocês, que tem na sua liturgia, cerimônias que
envolvem luzes e velas, entretanto esse simbolismo é próprio de algumas outras
doutrinas ritualísticas que não me cabem aqui serem comentadas.
Existem ainda determinados
rituais especiais das Obediências brasileiras que mencionam outras luzes e seus
respectivos acendimentos cerimonias em sagrações e outras generalidades. Só
posso comentar que neles também não existem explicações racionais, portanto,
por essa característica, não merecem considerações da minha parte por serem
meras cópias e adaptações de outros rituais anacrônicos.
Assim, em nome da autenticidade
maçônica, eu prefiro buscar suporte no produto resultante da Verdade, daí os
meus apreços objetivarem a Luz como aquilo ou aquele que esclarece, ilumina ou
guia o espírito, não propriamente à vela como elemento produtor da Luz, afinal
na liturgia maçônica a Luz é a faculdade de percepção; é o juízo; e a
Inteligência, e não a vela, ou a lâmpada que fornece iluminação.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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