LIVRO DA LEI - ABERTURA E JURAMENTO
(republicação)
Em 01/06/2017 o Respeitável Irmão Julio Cesar
Bomfim, Loja 22 de Abril, 152, sem mencionar o nome do Rito, Grande Oriente
Paulista (COMAB), Oriente de Alumínio, Estado de São Paulo, através do meu Blog
http://pedro-juk.blogspor.com.br
solicita o seguinte esclarecimento.
Tenho uma duvida, se a Maçonaria não tem
religião, por que na abertura dos trabalhos sempre é feita a leitura de um
trecho da Bíblia? Por que não lemos um trecho do Alcorão ou da Torá?
Não é o caso da Maçonaria não ter religião, o
caso é que ela não é uma religião, todavia não proíbe os maçons que
eles sejam adeptos da sua própria religião, desde que cada um a cultue nos seus
próprios templos, não usando os recintos das Lojas maçônicas para nelas
professar sectarismos religiosos.
A priori as coisas precisam ser mais bem
analisadas. São dois pontos de vista que precisam ser levados em consideração.
Veja: Existe o juramento (obrigação) sobre o Livro da Lei prestado pelo
candidato na ocasião da sua Iniciação, Elevação ou Exaltação, e existe a
liturgia de abertura da Loja que obrigatoriamente é feita na presença das Três
Grandes Luzes Emblemáticas, ou Luzes Maiores da Maçonaria (é um Landmark
imemorial, espontâneo e universalmente aceito da Ordem).
No primeiro caso, a Moderna Maçonaria consuetudinariamente
orienta, na maioria dos seus Ritos e Trabalhos, que cada candidato tenha o
direito de prestar a sua obrigação sobre o Livro que simboliza a religião pela
qual nele ele professa a sua fé. Assim, dependendo da ocasião na Sessão Magna, junto
da Bíblia no ato do juramento pode ser colocado outro Livro que oriente a fé do
protagonista - o que pode ser o Corão para os muçulmanos, a Torá para os
judeus, etc.
Entretanto observe-se a seguinte regra: se o
candidato tiver que prestar obrigação sobre outro Livro que não seja a
Bíblia, mesmo assim ela deverá permanecer disposta sobre o Altar com o Esquadro
e o Compasso na forma de costume – de modo algum ela deve ser removida ou
substituída. Nesse caso, o outro Livro ficará arrumado de tal modo que não
interfira no conjunto emblemático primário (Bíblia, Compasso e Esquadro).
Sendo prestada a obrigação e constituída a
consagração (depende do Rito), respeitosamente o segundo Livro pode ser
retirado, permanecendo apenas o conjunto emblemático original.
A tradição da Bíblia como Luz Emblemática é
reminiscente de épocas primitivas da Ordem, já que a Maçonaria Operativa
floresceu no período medieval sob a égide da Igreja Católica – isso é parte da
história da Sublime Instituição.
Assim, na Moderna Maçonaria geralmente ela
tem sido conservada como o Livro da Lei Moral, porém sem nenhuma afirmativa de
que se possa considerar como adoção de uma religião.
Em Maçonaria o Livro da Lei não tem o sentido
de pregação religiosa, mas sim representar um código de moral e ética pelo qual
o candidato se submete a cumprir. Nesse sentido outros Livros, além da Bíblia
podem, junto com ela, possuir o mesmo significado se a ocasião exigir. Em
síntese, usar também o Livro onde o candidato professa a sua fé para que ele
preste sobre ele o seu juramento.
De modo prático, é oportuno mencionar que
havendo necessidade de se usar de outro Livro que não seja a Bíblia para os
préstimos da obrigação (juramento) em uma sessão maçônica, a Loja deve
preventivamente estar preparada para essa ocasião, evitando atropelos de última
hora, inclusive comunicando antecipadamente o candidato dessa possibilidade.
Segundo caso. Quando se tratar apenas da
abertura da Loja, situação essa onde nela não existe nenhuma tomada de obrigação
(juramento) senão a prática ritualística para a abertura dos trabalhos de
acordo com o Rito, apenas permanece sobre o Altar dos Juramentos as Luzes
Emblemáticas, ou Luzes maiores previstas no ritual. A liturgia desse
procedimento também nada tem a ver com religião.
Além do mais, considere-se que a abertura da
Loja se desenvolve conforme o rito praticado e nesse caso alguns dos
procedimentos podem se diferenciar. Existem ritos que preveem a leitura de um
trecho do Livro da Lei, no caso a Bíblia, outros que apenas predizem a abertura
do Livro expondo-o sobre o Altar e outros ainda que só preconizem a sua
presença sobre o Altar sem que o mesmo nem seja aberto.
A despeito disso, nas ocasiões de abertura
dos trabalhos da Loja, independente da crença dos seus adeptos, não se prevê a
presença de outro, ou de outros Livros da Lei além do previsto, até porque
mesmo naqueles ritos que seguem alguma leitura, os trechos neles destacados não
são tomados como preces, orações ou súplicas religiosas, mas sim como destaques
relativos a um conjunto de regras de conduta.
É em face disso que ao termino dessas
leituras não é nem mesmo apropriada à repetição do termo “assim seja” (amém),
senão o de se fazer um breve silêncio reflexivo. A propósito, Maçonaria não é
religião e a presença da Bíblia ou de qualquer outro Livro religioso na sua
liturgia não é motivo para se tecer essa afirmativa.
Assim, por todas essas considerações até aqui
emitidas que, no primeiro caso é possível, se a ocasião exigir, a colocação de
outro Livro da Lei além da Bíblia no ato de uma obrigação (juramento),
entretanto, já no segundo caso, para a abertura dos trabalhos da Loja, isso não
é necessário, bastando para tal apenas a presença do Livro da Lei previsto no
ritual.
Concluindo, essa compreensão somente é
possível quando o maçom efetivamente separa as práticas comuns à sua crença
religiosa das práticas que constituem a liturgia maçônica – só assim ele
compreenderá que Maçonaria não é religião. A Maçonaria propõe aos seus membros
que cada um procure conforto espiritual na sua crença, exigindo apenas do maçom
a crença em “Deus” como “Arquiteto Criador”, ou “O Grande Arquiteto do
Universo”, cujo titulo a “Ele” concebido tem por objetivo conciliar todos os
homens no seio da Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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