O COMPASSO É A ALETHEIA
Sérgio Quirino
Costumamos ver o compasso como instrumento para traçar circunferências. Com isso, nos concentramos na simbologia desses círculos.
Simbolicamente, a variação dos diâmetros nos remete às possibilidades de ampliar horizontes, projetar nossa atuação na sociedade, especular sobre pertencimento, similaridade e diferença e entender nosso papel real nas relações humanas.
Devemos ir além do simples traço da haste na ponta de grafite do compasso. O braço móvel deve ser estudado observando sua habilidade de se deslocar, a possibilidade de registrar ângulos e de fazer comparações entre distâncias, de forma clara e evidente.
Em síntese, o compasso é espírito, não uma entidade imaterial, mas o princípio, o propósito e a verdade do que traçamos para nossa vida.
Quando permitimos a prevalência da matéria sobre o espírito, estamos iniciando uma jornada. Porém, quando o espírito prevalece sobre nossas ações terrenas, alcançamos a plenitude da vida.
O que vem a ser a plenitude da vida? Uma pequena mudança na ordem das palavras facilitará a compreensão: Vida plena!
A vida plena é a Aletheia, manifesta no uso maçônico do compasso.
“Aletheia, palavra grega, significa o não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.” Marilena Chauí (Filósofa, escritora e Professora da USP.)
Somente pela verdade e na busca do que é verdadeiro, podemos projetar “as hastes de nosso compasso” e observarmos se estamos sendo conduzidos por uma aspiração que trará enlevo coletivo ou se trata de mero desejo de ganho individual.
Há, ainda dois outros elementos para compreender a mensagem do compasso. Sua haste (braço) fixa e o ponto de encontro entre as duas hastes (braços) que são usadas por quem o manuseia.
A ponta final da haste (braço) fixa, se manterá irredutivelmente imóvel. Esta posição fixa corresponde à Moral e à Ética.
Podemos e devemos procurar novos “traçados da vida”, porém, sem perder a ligação com nossos princípios fundantes. Ao completarmos o ciclo (círculo), haverá um ponto equidistante em que, conscientemente, refletiremos sobre o que não ultrapassamos ou deixamos para trás.
Necessário ainda lembrar que, de toda a estrutura do compasso, a que menos damos atenção é justamente àquela que faz com que o instrumento execute sua missão: O ponto de encontro entre as duas hastes.
Fonte: http://www.brasilmacom.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário