PONTA DO COMPASSO
(republicação)
O Irmão Lincoln Francisco do Nascimento, Companheiro Maçom da Loja Fé e Trabalho, 635, R⸫E⸫A⸫A⸫, GOB-PR, Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:
lincis@ig.com.br
Em sessão ordinária prévia na Loja Fé e Trabalho, uma dúvida ocorreu aos obreiros desta oficina: na transformação da Loja no Grau de Aprendiz para Loja no Segundo Grau no Rito Escocês Antigo e Aceito, qual ponta do compasso deve passar para cima do esquadro?
Embora o Ritual de Companheiro-Maçom do GOB -PR cite, na página 23, que é a ponta direita que deve ficar sobre o Esquadro, alguns irmãos afirmaram que o correto seria o contrário. E desde então, a dúvida não foi sanada.
A pesquisa em literatura não foi muito frutífera, pois até Castellani em seu livro sobre a Liturgia e Ritualística diz que "uma das pontas" deve ficar sobre o Esquadro, mas não diz qual. Outras obras que pesquisei não cobriam este assunto. A pesquisa em internet eu considero arriscada, pois é território livre onde cada um escreve o que quer. (E arrisco a ler informações sobre o Grau de Mestre, que ainda não é minha intenção, embora minha Exaltação esteja agendada para o próximo dia 12, às 20h. Caso esteja disponível, a vossa presença será muito bemvinda).
CONSIDERAÇÕES:
Por primeira – se o ritual determina que seja a ponta direita da haste do Compasso que deva ficar posicionada sobre o ramo do Esquadro, independente de que as opiniões possam se divergir, a maneira correta é cumprir o que está escrito.
A segunda é a consideração sobre a tradição e a razão que não tem a intenção de afrontar um ritual legalmente aprovado e em vigência, senão o de orientar no que é factualmente verdadeiro.
Como diz o Irmão, nem o saudoso Irmão Castellani fez referência sobre qual a ponta fica sobre o ramo do Esquadro. É simplesmente porque tanto faz. Tanto para a direita como para a esquerda o importante é o entrelaçamento, já que também de maneira tradicional o Esquadro com uma das Luzes Emblemáticas deveria possuir ramos iguais, isto é, sem cabo, já que esse instrumento como parte da tríade emblemática não é o operativo. O operativo - com cabo - é aquele presente na joia do Venerável.
Infelizmente, não raramente se vê o inverso acontecendo. Nesse sentido, aparecem questões se uma das hastes do Compasso sobrepõe - no caso do Grau de Companheiro - o cabo ou o ramo do Esquadro. Ora, se sobre o ponto de vista autêntico, esse Esquadro possui ramos iguais, daí também tanto faz.
Voltando ao caso do Compasso, muitas interpretações hauridas de autores temerários, e desta uma se faz bastante presente como uma carcaça do dinossauro (difícil de consumir) é a de que a ponta do Compasso deve apontar para o lado dos Companheiros.
Ora, isso é mera filigrana que não exara qualquer lição doutrinária racional, até porque a tríade emblemática fica sobre o Altar dos Juramentos e este fica no Oriente. O Oriente é um quadrante, portanto em Maçonaria ele é o Leste da Loja (não existe Norte, Sul e Ocidente do Oriente). Ainda para os que sugerem essa bobagem de se apontar para os Companheiros, então o Esquadro apontaria um dos seus ramos para os Aprendizes? Como, se os ramos desse instrumento ficam voltados para a extremidade do Oriente (parede). Ao que me consta os Aprendizes no Rito Escocês Antigo e Aceito tomam assento no topo do Norte e os Companheiros no topo do Sul.
Rematando: corretamente em relação ao entrelaçamento do Esquadro e do Compasso, o importante é entrelaçar, não importando qual é o lado que fica por baixo ou por cima.
Se fosse dada a devida importância para o Grau de Companheiro como ele realmente merece, esse entrelaçamento sugeriria belíssimas lições de aperfeiçoamento humano. Todavia, como a ordem dos tambores parece não alterar o oleoduto, fica mais simples preconizar a pobre referência que a haste liberta aponta para a banda dos Companheiros em Loja.
Ah! Existem também as interpretações ocultistas e misteriosas. Sobre essas eu me nego arguir, já que a razão maçônica repudia em mim essas ilações, muito embora alguém já tenha dito: “eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, elas existem”.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: Fonte: JB News – Informativo nr. 751 Florianópolis (SC) – 16 de setembro de 2012
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