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sexta-feira, 29 de abril de 2022

O GRANDE CISMA DA MAÇONARIA - OS ANTIGOS E OS MODERNOS

O GRANDE CISMA DA MAÇONARIA - OS ANTIGOS E OS MODERNOS
H.L.Haywood
Tradução J. Filardo


De todos os capítulos dessa longa e variada história de nossa Arte, nenhum é mais interessante ou mais importante do que aquele que conta como um competidor cresceu com a Primeira Grande Loja (descrita no capítulo anterior), como ambas se tornaram rivais, e como elas finalmente vieram a se reconciliar. Assim, os leitores podem aprender como certas mudanças ocorreram na Ordem, mudanças que ainda os confundem e também, em certa medida, a razão pela qual as cerimônias maçônicas na América diferem daquelas praticadas na Inglaterra e também entre diferentes estados americanos. Por conta do espaço, apenas um rápido resumo de muitos eventos pode ser tentado aqui; quem estiver à procura de mais detalhes deve consultar os livros listados na bibliografia e, em particular, Masonic Facts and Fictions de Henry Sadler, o clássico nessa área.

I. AS CAUSAS QUE CONDUZIRAM À DISPUTA

Não é possível, absolutamente, desenvolver uma história conectada e detalhada de todas as causas que levaram à formação de uma nova Grande Loja e, pelas mesmas razões, é impossível apontar para um determinado ano ou um determinado lugar e dizer: aqui é onde tudo começou. Tudo aconteceu gradualmente e a partir de muitas forças em operação.

Um dos principais resultados da fundação da primeira Grande Loja estabelecida em Londres em 1717 foi que a Maçonaria Especulativa suprimira completamente a Maçonaria Operativa. Essa mudança radical na natureza íntima da Arte não poderia deixar de despertar oposição. Supõe-se, por exemplo, que as dificuldades por que passou Anthony Sayer após ter sido o primeiro Grão-Mestre, podem ter sido devidas à sua aversão ao novo regime, vez que ele era um antigo Maçom Operativo. Agora é impossível determinar quantos problemas a grande mudança causou, ou quanto tempo durou, mas parece óbvio que o ressentimento contra a nova ordem das coisas perdurou por muito tempo em algumas áreas, e que lojas inteiras se recusaram por muitos anos a consentir em tal abandono dos usos antigos.

Outra importante causa de problemas nos primeiros anos da primeira Grande Loja foi a adoção do “Parágrafo Concernente a Deus e à Religião” [1]nas Constituições de Anderson. Antes de 1717, os fundamentos dos maçons eram a religião cristã e a própria Arte, a julgar por suas próprias Constituições, era francamente cristã trinitária. As novas Constituições, agora associadas ao nome de Anderson, mudaram tudo; segundo a sua formulação um tanto ambígua, o maçom era obrigado apenas a pertencer a uma religião, aquela “em que todos os homens de bem estão de acordo”. Essa novidade não agradou aqueles que desejavam ver a Maçonaria permanecer especificamente cristã e, portanto, tiveram problemas com isso.

A partir dos registros da própria Primeira Grande Loja, fica evidente que nem tudo foi fácil.

Havia reclamações constantes sobre “iniciações irregulares”, mas pouco foi feito para evitar isto; também parece que os assuntos da Grande Loja eram tratados com desleixo, se não total negligência. Um bom exemplo disso é fornecido no caso de Lord Byron[2], que foi eleito Grão-Mestre em 30 de abril de 1747. Este cavalheiro, conhecido como “o demoníaco Lord Byron”, apareceu diante de seus irmãos apenas cinco vezes em cinco anos, e parece ter dedicado pouca atenção às suas responsabilidades. O descaso despertou tantos sentimentos que “era opinião de muitos velhos maçons que uma consulta era necessária para a eleição de um novo grão-mestre mais ativo”; eles “se reuniram para este propósito” e teriam feito isso se não fosse pela intervenção do irmão Thomas Manningham, M.D.

A partir desse caso e de outros casos semelhantes que poderiam ser citados, pode-se julgar que a Grande Loja não mantinha muito controle das rédeas, fato que ajudará a explicar a sequência de eventos.

II- INOVAÇÕES FORAM FEITAS

A pior coisa, isto é, “pior” da perspectiva dos irmãos conservadores da época, é que a primeira Grande Loja havia feito, deliberadamente, “inovações” drásticas nas forma antigas, algo que se acredita ter sido feito como segue: depois que a Maçonaria se tornou mais ou menos popular em Londres, muitos homens quiseram encontrar o caminho para as lojas sem o custo problemático da iniciação. Para atender às suas necessidades, “exposições ou divulgações” foram publicadas, sendo a mais notável delas o livro Maçonaria Dissecada, por um certo Samuel Prichard, descrito como um “membro falecido de uma loja constituída”. Em vista disso, o “clandestinismo” tornou-se tão comum que a Grande Loja, em sua própria defesa, acabou decidindo que mudanças seriam feitas no trabalho esotérico que permitiria às lojas regulares detectar fraudes. Hoje é quase impossível saber com certeza o que exatamente foi modificado, mas de acordo com os inimigos da Grande Loja de 1717 e as referências espalhadas por todos os registros da Grande Loja, elas foram mais ou menos as seguintes: A cerimônia de instalação do Venerável Mestre de Loja foi abolida ou passou a ser automática; o Terceiro Grau foi reformado o simbolismo da preparação de um candidato foi modificado; um dos segredos mais importantes do primeiro grau foi transferido para o segundo, e vice-versa; alguns dos antigos “segredos geométricos” há muito praticados entre “antigos maçons” foram completamente omitidos ou substituídos de forma a se tornarem irreconhecíveis, etc. A prova de que tais acusações de inovações tinham fundamento é, de fato, um dos itens da edição de 1784 das Constituições da Grande Loja de 1717, que diz: “Algumas variações foram feitas na forma estabelecida”, e continua explicando que essas mudanças foram feitas, “mais efetivamente para mantê-los [isto é, os cowans ou clandestinos] e seus cúmplices afastados das lojas”.

Outra causa que contribuiu para as inovações é o Arco Real[3], um assunto particularmente difícil de tratar, principalmente no papel e, principalmente, em pouco espaço. Laurence Dermott[4], o gênio criativo da nova Grande Loja (da qual falarei logo em seguida), certa vez escreveu estas palavras:

“Um maçom moderno e membro de uma loja sob a Grande Loja de 1717 pode comunicar com segurança todos os seus segredos a um antigo maçom, um membro de uma loja sob as Constituições da Grande Loja iniciada em 1751, mas um antigo maçom não pode com segurança comunicar todos os seus segredos a um maçom moderno sem qualquer cerimônia.”

Depois de citar essas palavras, e algumas outras que não preciso incluir aqui, o irmão Fred J.W. Crowe, em sua revisão da História Concisa da Maçonaria de Gould, observa que, “Não há dúvida de que essas diferenças consistem em mudanças no Terceiro Grau e na introdução do Arco Real”.

III – O ARCO REAL SE TORNOU UM PROBLEMA

A teoria é que, em sua reorganização do Ritual, Dr. Desaguliers e seus companheiros logo nos primeiros dias da Grande Loja de 1717 deixaram o Terceiro Grau sem sua conclusão lógica, de modo que um certo segredo vital foi perdido, mas não foi encontrado; e que muitos irmãos, para completar o simbolismo, adaptaram ou criaram uma cerimônia complementar para reparar os danos. Ao fazer isso, eles contradisseram as práticas da Grande Loja de 1717 e foram, portanto, estigmatizados como “irregulares”. Firmemente convencidos de que estavam certos e que a Grande Loja estava errada, eles continuaram seu caminho até que finalmente fundaram sua própria Grande Loja. Isso, como afirmado acima, é uma “teoria”, mas há fatos que a sustentam e é razoável diante do que se sabe.

Quaisquer que sejam os fatos, é certo que após a formação da nova Grande Loja, ela usou a cerimônia conhecida como Arco Real e a realizava como uma parte legítima da Maçonaria antiga[5]. Os resultados disso foram brevemente descritos por W.J. Hughan em uma comunicação citada na página 1185 da História Revisada da Maçonaria de Mackey, pelo irmão Robert I. Clegg:

“O Grau do Arco Real não foi iniciado por estes” Antigos” [quando a nova Grande Loja apareceu], mas apenas adaptado por eles como uma cerimônia autorizada. Em sua defesa, os “Modernos” [nome dados à Grande Loja de 1717 pelos Maçons Antigos e Aceitos], que havia trabalhado nela antes da origem dos “Maçons de Atholl” [outro nome dado à nova Grande Loja], mas, não oficialmente, gradualmente deram-lhe mais importância. Em 1767, eles formaram um Grande Capítulo do Arco Real e emitiram Cartas Patentes de Capítulos, promovendo o grau mais que os “Antigos”, embora não fossem reconhecidos por sua Grande Loja; então, quando as duas Grandes Lojas se uniram, em dezembro de 1813, o caminho estava preparado para a inauguração do ‘Grande Capítulo Unido’em 1817, e a cerimônia foi adotada como uma conclusão da cerimônia do Mestre Maçom, não como um grau separado e independente.“

A mais importante teoria sobre a origem da nova Grande Loja é a desenvolvida por Henry Sadler, embora a palavra “teoria”, diante dos muitos fatos reunidos em seu livro Masonic Facts and Fictions, sejam fracos demais para sugerir a força e poder de seu raciocínio. Devemos nos contentar em resumir brevemente os resultados obtidos neste livro notável.

O resultado mais importante do trabalho de Sadler foi abolir a velha noção de que a Grande Loja “Antiga” resultou de um “cisma” ou uma “secessão” da Grande Loja mais antiga. A teoria “cismática” foi tornada público pela Grande Loja mais antiga e foi geralmente aceito entre seus apoiadores e defensores; até mesmo Gould, que normalmente era tão independente em suas teorias, teimosamente agarrou-se a ela muito depois de outros terem se convencido do ponto de vista de Sadler, razão pela qual foi considerado prudente revisar sua história concisa. Sadler esclareceu que a Grande Loja “Antiga”não nasceu de uma cisão da Grande Loja de 1717, mas de causas independentes, e em um momento antes da adoção da doutrina da jurisdição exclusiva ter sido adoptada, portanto, não havia ilegalidade nisso.

O segundo resultado mais importante de sua pesquisa é que a principal fonte de inspiração para a fundação da Grande Loja “Antiga” veio de maçons irlandeses que haviam se estabelecido em Londres e não eram reconhecidos pela Grande Loja de 1717. Sadler mostra que a maioria dos membros da primeira loja autorizada pelos “Antigos“ eram irlandeses e que eles copiaram os usos e costumes da Grande Loja da Irlanda, que nas conversas da época foram devidamente apelidados de “Maçons Irlandeses”. A maioria desses homens pertencia às classes “inferiores”, pintores, alfaiates, mecânicos, trabalhadores, etc., contrastando assim fortemente com os membros das lojas que trabalhavam sob a Grande Loja de 1717.

IV – OS “ANTIGOS” ERAM MAIS PRÓXIMOS DA GRANDE LOJA DA IRLANDA

Os “Antigos” diferiam muito em suas práticas da Grande Loja mais antiga (1717) e, ao mesmo tempo, e de forma diferente, aproximavam-se dos costumes da Grande Loja da Irlanda. O resumo do próprio Sadler sobre isso pode ser dado:

“É, sem dúvida, suficiente que eu simplesmente mencione os principais pontos de conexão restantes e da mesma forma, sem mais comentários: O Livro das Constituições e os Estatutos das lojas privadas; Cartas constitutivas reconhecendo o grau do Real Arco; Selos da Grande Loja, bem como o método de afixá-los nas mesmas cores [as mesmas, isto é, as da Grande Loja da Irlanda], que, até onde eu sei, não foram usados por nenhuma outra Grande Loja; Certificados em Latim e Inglês; Constituição de uma loja apenas para Grandes Oficiais, e os nomes dos membros inseridos na frente do livro; Sistema de registro nos livros da Grande Loja; o fato de que os “Antigos” foram chamados de “Maçons irlandeses”, suas lojas “Lojas irlandesas” e suas cartas patentes ‘cartas constitutivas irlandesas’ por escritores independentes e não oficiais em diferentes momentos, de cerca de quinze anos após sua organização em 1751 até o final do século passado.” [isto é, do século XVIII].

Após a organização da nova Grande Loja e depois que ela começou se chocar com o corpo mais antigo, é claro, os defensores dos “Antigos” passaram a apresentar argumentos para defender suas próprias posições; em grande medida, esses argumentos eram apenas uma apelação especial e não deveriam ser levados muito a sério atualmente. Este, por exemplo, era o argumento de Dermott de que a primeira Grande Loja fora constituída ilegalmente. Em seu Ahiman Rezon (ANEXO V), edição de 1778, ele diz que “para formar uma grande loja, são necessários Mestres e Vigilantes de cinco lojas regulares”, e afirma que “isso é bem conhecido por todos os homens familiarizados com as leis antigas, usos, costumes e cerimônias dos mestres maçons, que nem é preciso dizer mais nada.” Dermott devia saber na época que tal declaração não tinha fundamento; nunca existiu tal lei. Com o tempo, esse argumento foi substituído por outro no sentido de que os “Antigos“ montaram uma loja para si mesmos, já que a Grande Loja mais antiga era culpada de inovações que, embora certamente verdade, não podiam se sustentar muito bem porque os próprios “Antigos” eram culpados de muitas inovações próprias; porque eles trouxeram um grau maçônico completamente novo ao sistema, uma inovação de primeira classe, poder-se-ia imaginar.

V. CRIAÇÃO DA GRANDE LOJA “ANTIGA”

Vejamos agora como surgiu a Grande Loja “Antiga”.

Antes, porém, direi alguma coisa sobre Laurence Dermott, que apareceu extensivamente em tudo o que aconteceu, recomendando que o leitor folheie as Notes de W.M. Bywater sobre Laurence Dermott e sua Obra publicado em Londres em 1884. Dermott nasceu na Irlanda em 1720, vinte e dois anos antes do nascimento de William Preston, que nasceu em Edimburgo em 28 de julho de 1742 e é o único de todos os luminares da Maçonaria desta geração a compartilhar com Dermott uma reputação igual. Dermott foi feito maçom na Irlanda em 1740 e percorreu os cargos da Loja No. 26 na Irlanda, onde foi empossado Venerável Mestre em 24 de junho de 1746. Aparentemente, ele era muito educado para a época, e Gould pensa que ele provavelmente conhecia um pouco de hebraico, o que seria a razão de seu carinho por cobrir suas obras com caracteres hebraicos, idioma antigo e difícil! Ele se mudou para Londres, provavelmente ainda jovem, com pouco dinheiro, mas muitos estratagemas fermentando em sua cabeça; ele era infatigável, alerta, inteligente, sarcástico e muitas vezes um pouco inescrupuloso na guerra contra seus inimigos, que tinha aos montes. Parece que ele se empregou como pintor diarista (Preston tornou-se impressor diarista, lembremo-nos) e floresceu tão bem que nos anos que se seguiram gastou muito dinheiro em instituições de caridade e atividades maçônicas. Nos arquivos mais recentes, ele foi descrito como comerciante de vinhos e pareceu sofrer de gota. Uma vez feito maçom, nunca descansou, mas dedicou-se à Maçonaria como se fosse uma amante, com uma sinceridade apaixonada, destemido e sempre na linha de frente da luta. Além de sua genialidade em colocar uma Grande Loja em operação, sua maior conquista foi a redação de seu Ahiman Rezon (que significaria “Digno Irmão Secretário”), as constituições da nova Grande Loja, posteriormente adotadas por muitas outras Grandes Lojas, na Pensilvânia, Maryland e Carolina do Sul entre elas.

VI- A “GRANDE COMISSÃO” É FORMADA

Chega de Dermott, já falamos bastante dele. A extensão das “iniciações irregulares” tão frequentemente denunciada nos arquivos da Grande Loja de 1717 pode ser demonstrada pelo fato de que, por essa causa, a Grande Loja retirou de sua lista pelo menos quarenta e cinco lojas entre 1742 e 1752. Irmãos faziam isso, juntamente com muitos freelancers e também algumas independentes, ou “Lojas de São João” (sobre as quais pode-se escrever muitas coisas interessantes) se reuniram e formaram uma “Grande Comissão” da “Antiga e Honorável Irmandade dos Maçons Livres e Aceitos”; esta Comissão se tornou a “Grande Loja da Inglaterra, de acordo com as Antigas Constituições”, a Grande Loja foi mais tarde chamada de Grande Loja “Antiga”, em oposição a “Moderna”, como a Grande Loja mais antiga ficou conhecida. O registro mais antigo da Grande Comissão é datado de 17 de julho de 1751; nesse dia, as Lojas Nº. 2, 3, 4, 5, 6 e 7 foram autorizados a conceder Dispensas e Cartas Patentes e a atuar como Grão-Mestre.” O cargo de Grão-Mestre permaneceu vago até um “irmão nobre de linhagem” pudesse ser encontrado para aceitar o posto; e a condição de Loja nº 1 na lista foi deixada para a Loja do Grão-Mestre, algo sem dúvida sugerido pela Grande Loja da Irlanda, que fizera a mesma coisa. John Morgan foi eleito Grande Secretário em 1751, mas parece ter sido relapso em seus deveres; e, consequentemente, Laurence Dermott foi eleito para tomar seu lugar em 5 de fevereiro de 1752, após o que os mais ferozes inimigos do Grande Secretário não puderam reclamar de qualquer negligência, porque Dermott assumiu o espírito de liderança em tudo o que aconteceu a partir dali, e sua genialidade está em que um grupo de pessoas insatisfeitas, oriundas do que então era a classe baixa ou média, conseguiu avançar e crescer mais rápido que a Grande Loja rival, considerando o tempo que levou até estar formada.

Um dos expedientes empregados por Dermott foi conceder cartas patentes a lojas militares, o que não havia sido feito antes, e que foi responsável pelo rápido crescimento da Maçonaria Antiga nas colônias americanas, graças à concessão de cartas constitutivas a lojas militares nas forças da Inglaterra que se tornaram missionárias maçônicas neste continente. A Grande Loja Moderna depois seguiu o exemplo. Outro expediente foi incentivo direto e aberto ao Grau do Arco Real; é fácil entender que um sistema que oferece quatro graus teria um apelo geral maior, do que um que oferece apenas três. Os Antigos também conseguiram o apoio formal das Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia e, além disso, um certo apoio ativo daqueles corpos maçônicos influentes.

Em uma lista dos Grandes Secretários da Grande Loja Antiga, observa-se que Dermott serviu por dezoito anos:
  • 1751, John Morgan.
  • 1752-70, Laurence Dermott.
  • 1771-76, William Dickey.
  • 1777-78, James Jones.
  • 1779-82, Charles Bearblock.
  • 1783-84, Robert Leslie.
  • 1785-89, John McCormick.
  • 1790-1813, Robert Leslie.
Ainda mais instrutiva é a lista de grãos mestres eleitos:
  • 1753, Robert Turner.
  • 1754-56, Edward Vaughan.
  • 1756-59, Earl of Blesington.
  • 1760-1766, Conde de Kelly.
  • 1766-1770, o Exmo. Thomas Mathew.
  • 1771-74, John, terceiro duque de Atholl (também escrito Athol, Athole).
  • 1775-81, John, quarto duque de Atholl.
  • 1783-91, Conde de Antrim.
  • 1791-1813, John, quarto duque de Atholl.
  • 1813, Duque de Kent.
Vemos que dos sessenta anos durante os quais os Antigos tiveram um Grão-Mestre, um Duque de Atholl ocupou o trono por 31 anos; por esta razão que os Antigos eram frequentemente chamados de “Maçons de Atholl”, e por uma razão correspondente que os modernos às vezes eram chamados de “Maçons do Príncipe de Gales”.

VII – ELES CRESCERAM RAPIDAMENTE

O zelo e a energia dos líderes Antigos, além da maior atratividade de seu sistema de graus, são demonstrados pela velocidade com que a nova Grande Loja evoluiu. Em 1753, uma dúzia ou mais lojas estavam na lista; nos quatro anos seguintes, e principalmente por meio das atividades de Dermott, vinte e quatro foram acrescentadas; entre 1760 e 1766, quando o Conde de Kelly era nominalmente o Grão-Mestre, outras sessenta e quatro foram assumidas. Até 1813, quando ocorreu a União, os Antigos reivindicavam um total de 359 lojas, mas é verdade que em muitos casos a lista ainda incluía nomes de lojas extintas.

(Acima, fac-símile, do Livro das Constituições Ahiman Rezon, usado pela Grande Loja dos “Antigos” composto por Laurence Dermott, em 1756) – (ANEXO V)

Os Antigos adotaram o Ahiman Rezon como seu Livro das Constituições, em grande parte obra de Dermott, embora ele seguisse de perto o esboço das Constituições da Grande Loja da Irlanda e, ao mesmo tempo, tomasse emprestado livremente das Constituições de Anderson usadas pelos Modernos, publicadas pela primeira vez em 1723; a primeira edição do Ahiman Rezon apareceu em 1756. Seguindo de perto as Constituições já em uso, Dermott conseguiu evitar um afastamento muito grande da Maçonaria como ela era praticada, e ao mesmo tempo, embora inconscientemente, estava pavimentando o caminho para a União que veio depois, um fato muito positivo para a Maçonaria em geral [6].

A existência de duas Grandes Lojas, ambas baseadas em Londres, naturalmente causou grande confusão e desacordo entre os maçons comuns. Em muitos casos, esses irmãos não defendiam nenhuma das duas, portanto, em alguns casos, deve-se notar que havia lojas que seguiam ambas as constituições; mas na maioria das vezes havia muita agressividade entre os apoiadores, embora deva ser dito que os Antigos eram mais avessos à controvérsia do que os Modernos, e que em quase todos os casos quando todos os ramos de oliveira eram oferecidos, era sempre o domínio destes últimos. Um exemplo da atitude conciliatória dos Modernos é oferecido por Preston, que afirma que em 1801, quando foram feitas acusações contra os irmãos dos Modernos por suas atividades em lojas Antigas, o caso foi encerrado.

Em 1797, um movimento foi feito visando a união, mas o projeto fracassou. Dois anos depois, no entanto, os dois grão-mestres, o Conde de Moira pelos Modernos e o Duque de Atholl pelos antigos, trabalharam juntos para liberar a Maçonaria da Lei de Prevenção da Sociedades Secretas na Inglaterra. Além disso, como outra etapa que abriu o caminho para a fusão, a Grande Loja Moderna obteve endossos das Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia para colocar os Antigos em uma posição um tanto duvidosa, o que reverteu completamente a situação original, até onde esses dois Grandes Corpos estavam envolvidos.

VIII- E OCORRE A UNIÃO

Em 1809, as comissões já se reuniram para examinar “a propriedade e a viabilidade da união”. Em 26 de outubro daquele ano, o Conde de Moira (pelos Modernos) concedeu uma carta constitutiva a uma loja especial para servir de meio de realização de uma fusão; esta loja realizou a sua primeira sessão no dia 21 de novembro e posteriormente decidiu denominar-se “Loja Especial de Promulgação”. Em 10 de abril do ano seguinte, o Conde de Moira informou sua Grande Loja que ele e o Grão-Mestre dos Antigos “ambos eram totalmente de opinião que seria um evento realmente desejável consolidar, sob uma mesma cabeça, as duas sociedades maçônicas que existiam neste país”. Estes resultados foram transmitidos à Grande Loja dos Antigos, onde esta franca confissão do desejo de unidade foi recebida com sincera cordialidade, de modo que após concessões feitas por ambas as partes, embora mais calorosamente pelos Modernos, chegou-se a um acordo em que as diferenças deviam ser resolvidas e uma união estabelecida. “A Grande Assembleia de Maçons para a União das Duas Grandes Lojas da Inglaterra” aconteceu em 27 de dezembro de 1813. Com as devidas cerimônias solenes, realizou-se a tão almejada fusão, com todos os Grandes Oficiais mostrando, quase sem exceção, um espírito fino e de estadista. Durante o mês anterior, o Duque de Atholl renunciou ao posto de Grão-Mestre dos Antigos em favor do Duque de Kent, sendo este último empossado em 1º de dezembro; no momento da União, este último nomeou o Duque de Sussex como “Grão-Mestre da Grande Loja Unida dos Maçons Antigos da Inglaterra” sendo ele eleito por unanimidade.

Cada uma das duas Grandes Loja participantes nomeou uma comissão de nove Mestres Maçons ou antigos Veneráveis especialistas e eles formaram a Loja de Promulgação, com o objetivo de desenvolver algum tipo de ritual aceitável para todos. Esta loja continuou seu trabalho de 1813 a 1816, muitas vezes contra a oposição; mas embora seu trabalho fosse consistente e oficial, o fusão real entre os dois sistemas continuou a depender de circunstâncias nas lojas particulares, de modo que a influência da Loja de Reconciliação era mais acadêmica do que real.

O trabalho de redação de um novo Código de Regulamentos para a Grande Loja Unida foi encaminhado a uma Câmara Geral; seu trabalho foi aprovado pela Grande Loja em 23 de agosto de 1815. Nesse ínterim, e para estabelecer o relacionamento mais próximo possível entre a nova Grande Loja Unida e as Grandes Lojas da Escócia e Irlanda, foi criada uma Comissão Internacional que iniciou suas deliberações em 27 de junho de 1814, continuando até 2 de julho do ano seguinte. Como resultado, foi afirmado que “as três Grandes Lojas estavam perfeitamente em uníssono em todos os fundamentos principais do Mistério e da Arte, de acordo com as tradições consagradas pelo tempo e o uso ininterrupto dos Antigos Maçons”; oito resoluções, o chamado Pacto Internacional, foram aprovadas.

IX- CONCLUSÃO

O efeito de toda essa reorganização sobre o ritual foi muito bem resumido pelo irmão W.B. Hextall:

“A conclusão a que chego pessoalmente é que por muitos anos após a União – aproximadamente, até cerca de 1825, um grande número de “dar e receber” ligada ao ritual aconteceu oficiosamente em Londres, bem como nas províncias, e que as nossas cerimônias de Ofício, praticadas a partir de 1830, diferiam consideravelmente das que haviam sido acordadas na Loja de Promulgação entre 1809-1811; trabalhadas na Loja de Reconciliação de 1813-1816, e foi aprovado pela Grande Loja em 5 de junho de 1816. O material do qual devemos fazer inferências é leve, mas ao mesmo tempo convincente; e quando (para citar alguns pontos apenas) descobrimos que as tarefas inicialmente atribuídas ao primeiro diácono são transferidas para o segundo; confiar evidências satisfatórias que conduzam à prática do segundo grau de outra maneira; e a admissão de um membro ou visitante ‘mediante prova de que ele se identificou de acordo com o grau em que a loja está aberta pelas três grandes luzes na entrada’ (atas da Loja de Promulgação, 5 de janeiro de 1810) caídos totalmente em desuso; é difícil evitar perceber que, em grande medida, o tema da obra da Maçonaria deve ter sido colocado no cadinho, e que independente do meio empregado na instrução foram oficialmente disponibilizados em 1813. “

Para ajudar os irmãos a sair dessa confusão, foram criadas Lojas de Instrução, algumas das quais se tornaram instituições permanentes; e é devido à sua influência que os várias variantes do “craft” entram em uso na Inglaterra “Emulação”, “Estabilidade”, “Oxford”, etc.

Se assumirmos uma visão suficientemente ampla da história da Maçonaria inglesa de 1717 até a aceitação da União em todos os lugares, veremos que todo o período assume o caráter de uma grande transição, e que, nesta perspectiva, os simples detalhes e mecanismos do Grande Tribunal, bem como o posterior ato oficial da União, ficam em segundo plano como acontecimentos, de grande importância, mas de caráter incidental. A mudança da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa oficialmente efetuada em 1717 foi profunda, além de nosso entendimento usual; e tal mudança só pode ser totalmente percebida depois de muitos anos, muita experimentação e longa evolução. Diante disso, o grande resultado da União é que finalmente trouxe a plena cristalização e solidificação da Maçonaria especulativa, fixou seu caráter para as gerações futuras, consagrou no Reino Unido o princípio da jurisdição territorial exclusiva, e possibilitou o estabelecimento dentro da Maçonaria dos poderes e autoridades que hoje impedem a dispersão de suas energias e a divisão de suas forças. Mesmo agora, essa influência está em ação; e continuará a agir, devido à sua lógica inevitável, será encontrada uma forma de unir e unificar a Maçonaria em todo o mundo, consumação da qual todos podemos dizer com sinceridade: Que assim seja!

[1] Artigo I – Um maçom é obrigado por seu caráter a obedecer à lei moral e, se compreende bem a arte, nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso. Embora nos tempos antigos os maçons fossem obrigados em cada país a praticar a religião daquele país, qualquer que fosse ela, agora é considerado mais conveniente apenas obrigá-los a seguir a religião com a qual todos os homens concordam, isto é, ser homens bons e verdadeiros, ou homens de honra e probidade, quaisquer que sejam as denominações ou confissões que ajudam a diferenciá-los, de forma que a Maçonaria se torne o centro de união e o meio para estabelecer uma amizade sincera entre homens que de outra forma permaneceriam separados para sempre. (Constituições de Anderson 1717)

[2] Nota do Tradutor: Este não é o famoso poeta Lord Byron. É o pai dele, encrenqueiro, tinha mil inimigos que inventavam mil coisas contra ele, matou um primo em um duelo em 1752.

[3] Nota do Tradutor: O Arco Real, ou Real Arco, é uma extensão da maçonaria simbólica, uma espécie de quarto grau. Está ligado ao mito da Palavra Perdida pelos Mestres que só será recuperada no Real Arco. Organizado em capítulos, os ensinamentos desse “grau” são transmitidos usando uma alegoria ritualizada que se baseia nos relatos do Velho Testamento envolvendo o retorno dos judeus a Jerusalém quando se libertaram da Babilônia para reconstruir a cidade e o Templo.

[4] Nota do tradutor: Por ser pobre, maçom operativo pintor de paredes na Irlanda, não temos hoje sua figura imortalizada em pintura. Foi feito maçom em Dublin onde chegou a Venerável da Loja no. 26 da Grande Loja da Irlanda. Mudando para Londres em 1748 chegou a ingressar em uma loja da Grande Loja de Londres, onde não conseguiu se adaptar sendo irlandês (eram discriminados pelos ingleses) e também em razão das modificações feitas pela Grande Loja de Londres nos usos e costumes tradicionais da maçonaria operativa. Deixou a loja e ingressou em uma das muitas lojas irlandesas de Londres, remanescentes das lojas que vieram reconstruir Londres depois do Grande Incêndio e começou a reunir interessados em fundar uma grande loja tradicional de acordo com os usos antigos.

[5] Nota do Tradutor: As lojas irlandesas, muito antes de 1717, já praticavam um ritual que tinha o grau de Mestre (que os maçons da Grande Loja de Londres só viriam a integrar em 1740) e também o Real Arco, mais tarde praticado na Grande Loja dos Modernos.

[6] Nota do tradutor: O rei da Inglaterra da época era George III, pai da Rainha Victoria. Escravagista e fanático protestante ele desenvolveu uma doença mental em 1811 da qual nunca se recuperou até sua morte em 1820, cego, louco e surdo confinado em Windsor. Seu reinado foi muito movimentado. Aconteceu Napoleão Bonaparte, a Guerra de Independência Americana, a Revolução Francesa, sofreu uma tentativa de morte, anexou a Irlanda, entre outros acontecimentos. Era um pouco desequilibrado mentalmente e ficou completamente demente após a morte de sua filha preferida. Seu filho George IV assumiu a regência do Reino e receoso de que a existência de duas Grandes Lojas Maçônicas no reino levassem à divisão diante de Napoleão, ordenou aos grãos mestres da duas GGLL que se unissem, o que veio a acontecer com a Grande Loja dos Antigos engolindo a Grande Loja de Londres, para criar a Grande Loja Unida da Inglaterra em 1813.

Fonte: https://bibliot3ca.com

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