O BALANDRAU E O TERNO PRETO
Balandrau é uma vestimenta com tecido na cor preta, com mangas, fechada até
o pescoço e é talar, ou seja, cobre até o nível do tornozelo (calcanhar).
É muito semelhante à “batina” dos eclesiásticos da Igreja Católica Romana.
A
origem é muito antiga, pois há evidencias de uso pelos membros do“Collegia Fabrorum” que
era um grupo de pessoas que acompanhavam as guarnições romanas, no século
VI a.C. e que reparava e reconstruia o que era destruído e danificado nas
conquistas.
Posteriormente,
foi usada pelos membros das “Associações Monásticas”, possivelmente herdeira de muitos
ensinamentos do “Collegia Fabrorum”.
Segundo
Mestre Nicola Aslan, nos parece que o uso do Balandrau é uma peculiaridade
da Maçonaria brasileira, pois nenhum autor, fora do Brasil, se refere a
ele como indumentária maçônica. Tudo indica que o uso do Balandrau remonta
à ultima metade do século XIX, tendo sido introduzido na Maçonaria pelos
Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de Lojas maçônicas e de
Irmandades Católicas, Irmãos estes que foram o pivô da famigerada “Questão Religiosa”, suscitada no Brasil em 1872.
Aparentemente,
essa vestimenta foi adotada pelos maçons brasileiros como substituto
barato e mais confortável do traje a rigor preto, sem objeção por parte das
altas autoridades maçônicas. Assim, o uso do balandrau não foi aprovado
nem desaprovado, foi simplesmente tolerado, não constituindo, portanto, um
traje litúrgico (N. Aslan).
Entretanto,
não podemos esquecer que, no REAA, o “Ir. Terrível” usa um Balandrau com
um capuz, também preto, a fim de não ser reconhecido pelos Neófitos.
Referente
ao Terno preto, camisa branca e gravata preta (REAA) vamos buscar
as informações nos livros do Mestre Castellani: “na verdade é usado um
“parelho” indumentária composta de duas peças (paletó e calças) e, não de
um “terno” composta de três peças (paletó, calças e colete)”.
Segundo
ele, o uso dessa indumentária é devido, no Brasil, a majoritária
formação católica dos maçons brasileiros, que não se desligaram, pelo
menos até agora, do “traje de missa”, transformando as reuniões em
verdadeiras convenções de agentes funerários.
Lembra
ele que, o traje Maçônico é o AVENTAL. Em outras partes do
mundo, principalmente em regiões quentes, os maçons vão às sessões até em
mangas de camisa, mas portando, evidentemente, o Avental. E trabalham
muito bem, pois a consciência do maçom não está no seu traje. Como diz a
velha sabedoria popular: “o hábito não faz o monge”.
Discutir
tipo de traje a ser usado (com exceção do Avental) é algo que não leva
a nada, pois o traje masculino sofre variações através dos tempos e,
inclusive, varia, de povo para povo, na mesma época.
A
própria Igreja, que é bastante conservadora, já abandonou certas exigências.
A Maçonaria, por ser evolutiva e progressista deveria ir pelo mesmo
caminho. O balandrau, como roupa decente, poderia, se quisessem,
uniformizar o traje, o que é, também, uma maneira de mostrar a igualdade
maçônica (J. Castellani).
M∴I∴ Alfério
Di Giaimo Neto
CIM
196017
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