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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 7 de julho de 2019

O SIMBOLISMO DA ELEVAÇÃO A COMPANHEIRO

O SIMBOLISMO DA ELEVAÇÃO A COMPANHEIRO
Armando Filippi Cravo

Introdução
Inicialmente queremos dar ênfase e chamar a atenção sobre a importância transcendental do simbolismo, que constitui os fundamentos da nossa Ordem, legado que recebemos de nossos antecessores e que continua sendo a maneira mais eficaz de transmitir nosso pensamento e nossa filosofia de vida. É um dos mais dignos suportes no qual se baseia nossa união.

Trata-se da representação visível de uma idéia ou uma força que atrás dele se oculta. É o instrumento através do qual as idéias chegam a se manifestar, e ao mesmo tempo é o mais apropriado veículo, que conduzido adequadamente nos leva precisamente à compreensão da sua identidade. Veda seu conteúdo aos que não estão capacitados para saber; mas revela aos iniciados e aos que estão dispostos a ver adiante das simples aparências, os segredos e mistérios do seu significado.

O conhecimento da verdade é como a luz pura que, refratada em um cristal prismático, se decompõe nas cores primárias. Cada indivíduo, sob a influência de uma determinada cor enxergará a luz de forma diferente de outro sob a influência de outra cor, um dirá que a luz é vermelha, outro dirá que a luz é amarela, ambos estão certos, porém, cada qual conhece apenas uma parcela daquilo que é verdadeiro.

Por outro lado a interpretação dos símbolos depende da posição relativa do indivíduo e do momento psicológico que ele está vivendo, sendo ele um ser único, lerá de forma única a mensagem oculta.

Sendo cada indivíduo um ser único e que, como já visto, o símbolo permite várias interpretações, infere-se daí que cada um terá uma visão única do seu significado , ainda mais, dependendo da sua vivência, cada indivíduo poderá emitir uma interpretação totalmente diferente da anterior, fundamentado no seu conhecimento relativo no tempo e do momento psicológico que está vivendo, porém, não menos verdadeira. Em resumo, cada símbolo pode ser interpretado de infinitas maneiras.

A nós, maçons, interessa buscar em cada símbolo o seu sentido maçônico, aquele sentido que pode nos levar ao aperfeiçoamento moral e ético, que nos ajude a enxergar as irregularidades da Pedra Bruta que somos.

O Grau de Companheiro
O Grau de Companheiro, é o segundo dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito. Junto com o primeiro e terceiro são denominados de Graus Simbólicos. Os demais graus do Rito, são conhecidos como os Graus Filosóficos.

O Grau de Companheiro tem como objetivo o estudo das Ciências Naturais, da Cosmologia, da Astronomia, da Filosofia, da História e a investigação da origem de todas as causas de todas as coisas.

Dedica-se, outrossim, ao estudo dos símbolos e, como o faz o 1º Grau, procura conhecer o homem como ser útil na sociedade, buscando colocá-lo a serviço da humanidade para semear bem-estar através do trabalho, da ciência e da virtude.

O Aprendiz Maçom que conclui seu tempo no estágio que lhe foi proposto, julga ter estudado e absorvido os ensinamentos de todos os símbolos que encontrou dentro do Templo, contudo verificará que, ao passar para o 2º Grau, surgem novos símbolos e novas interpretações.

O seu caminho será um pouco mas preciso e filosófico/prático, sem obviamente, somar profundos conhecimentos maçônicos, exigidos gradativamente em sua elevação e posterior exaltação ao 3º Grau.

Por ser o grau intermediário dentro da Maçonaria Simbólica, assume relevante posição o estudo. Ser Companheiro, significa ser o laço de união entre o Aprendiz e o Mestre. Não sendo mais Aprendiz e sem ter alcançado a posição de Mestre, o Companheiro coloca-se como se fora o fiel de uma balança imaginária, equilibrando posições, aspirações e tendências.

Após cumprido seu período, que também é longo, paciencioso e constante, a sua fidelidade lhe dará um prêmio valioso, o de ser aceito como Mestre que é dentro da Maçonaria Simbólica a última posição.

O Simbolismo da Elevação
Devido a complexidade do simbolismo contido na a Elevação, vamos procurar nos deter na conceituação simbólica do ritual das viagens.

Construir, talvez seja o mais perfeito paradigma para o nosso engrandecimento interior. Qualquer criação seja ela física, mental ou espiritual é para nos maçons uma obra de arquitetura. Tanto que na Ordem, Deus é chamado de "O Grande Arquiteto do Universo". Esta alegoria é tão forte que propicia no campo filosófico, a possibilidade de um ser humano alargar infinitamente seus horizontes e galgar sozinho alturas inimagináveis, começando simplesmente por aprender a desbastar sua Pedra Bruta. Essa didática é tão eficaz, que passado somente alguns meses de nossa Iniciação, podemos constatar o quanto evoluímos intelectual, moral e espiritualmente. Sem que nos déssemos conta, subjetivamente, esta imagem penetrou nosso inconsciente e ficou gravada profundamente na nossa psique, lembrando-nos o tempo todo que somos ao mesmo tempo a matéria- prima, a obra e o autor. Assim funciona a psicologia do desenvolvimento maçônico. Estamos começando, ao menos simbolicamente, a nos libertar das paixões, erros e vícios e passando de Aprendizes a Companheiros, deixamos o três para aprendermos o cinco.

Como rito desta passagem, empreendemos cinco viagens, circulando por cinco vezes o Templo, do Ocidente para a Luz do Oriente e retornando sempre ao Ocidente. A cada etapa nos são apresentados diferentes instrumentos e cada vez que retornamos ao ponto de partida nos elevamos a um plano superior.

Entra-se no Templo portando a régua de vinte e quatro polegadas. Na primeira viagem ela é substituída pelo maço e cinzel. Sendo instrumentos complementares, só funcionam em conjunto. Representam, o primeiro: a vontade, a razão e a equidade, o bem julgar e o bem decidir; o segundo: o livre arbítrio, a educação e a influencia do intelecto. São usados para desbastar a Pedra Bruta, a qual fará parte do alicerce da futura construção. Esta viagem nos alerta para os cinco sentidos que são nossas janelas para o mundo físico e nos permitem vivenciá-lo

Na segunda viagem a régua e o compasso substituem o maço e o cinzel. A régua simboliza o método, a lei e a retidão de caráter. O compasso representa o infinito, pelos infinitos círculos que pode traçar. É o relativo e o absoluto coexistindo em um único símbolo.

A Inter-relação entre a régua e o compasso é simbolicamente explicada pela função geométrica dos dois instrumentos. A régua é utilizada para traçar linhas retas que significam a retidão e inflexibilidade do direito e da lei moral. Simbolicamente, ainda a este conceito, opor-se-ia a relatividade do círculo, resultado característico do traçado do compasso, simbolizando a realidade ágil e perene, com a curvatura relativa a cada um de nós. Como somos limitados, devemos nos apoiar na régua para balizar nossa conduta reta, porém sem perder o senso de realidade a que muitas vezes temos que nos render, às vezes devemos nos espelhar no G∴G∴, que escreve certo por linhas tortuosas.

Ainda que o conceito físico da definição de reta nos prove de grande significado simbólico, onde se diz que toda reta é uma pequena secção de curva (perímetro de uma circunferência) com raio infinito, vem nos mostrar que, muitas vezes, o que nos parece reto não o é e, muitas vezes, o que nos parece curvo tão pouco o é.

Com estes dois instrumentos podemos desenhar qualquer figura geométrica e praticando os valores intrínsecos destes símbolos, projetar qualquer planta da Arquitetura Maçônica. Juntos, a régua e o compasso representam a Harmonia e o Equilíbrio. Esta viagem nos mostra o valor da Arquitetura, ensinando-nos as cinco ordens básicas. Cada ordem é representada por uma coluna que irá decorar cada um dos cinco degraus que o Companheiro deverá subir: Dórica, Jônica, Coríntia, Toscana e Compósita. Cada coluna representa também um tema de estudo do Companheiro: Inteligência, Retidão, Valor, Prudência e Filantropia.

Para a terceira viagem conserva-se a régua e recebe-se a alavanca. Esta, simboliza a perseverança, a força moral, o movimento, a vontade acompanhada da inteligência e da bondade. Possibilita que com um mínimo de esforço e com um ponto de apoio preciso, movimentemos, praticamente, qualquer objeto de qualquer peso. Simbolicamente, a alavanca pode também ser interpretada como nosso livre arbítrio, pois pode remover imensos preconceitos alojados na nossa mente, impulsionada apenas pela força da razão e tendo como ponto de apoio a inteligência. Por isso a régua deve acompanhá-la sempre, pois sem a retidão e a moral seus efeitos poderiam ser desastrosos. Nesta viagem nos são apresentadas as artes liberais. A gramática, a retórica e a lógica permitem que nos comuniquemos, transformando a fala em verdadeira arte. A aritmética nos permite a arte de contar, a geometria a de medir, a astronomia a de conhecermos o Universo e finalmente a musica que sendo também matemática, nos permite alcançar altos níveis de contato com as esferas superiores. Em conjunto nos permitem a vivência e o conhecimento plenos do mundo exterior e nos abrem as portas para o mundo interior .

Para a quarta viagem troca-se a alavanca pelo esquadro e foi mantida a régua. Símbolo da equidade, retidão, justiça e disciplina, o esquadro é a soma do nível com o prumo. Seria impossível formatar nossa Pedra Cúbica sem seu auxílio.

Esta representa o ser e sua alma e o Companheiro deverá ter a justa medida, a perseverança e a disciplina para geometrizá-la e polí-la a fim de que cada uma de suas faces resulte na perfeita representação de cada uma das faculdades espirituais.

Empreende-se a quinta viagem sem portar nenhum instrumento, pois como postulantes a Companheiros, naquele momento, já devem ter incorporado suas qualidades. Tem-se apontada contra o peito a ponta de uma espada.

Este ritual nos atenta para a pureza interna que deveremos alcançar e possamos assim atingir as regiões mais altas de nossa espiritualidade. Esta Espada representa o Anjo da Espada Flamejante que guarda o "Portal do Éden", região situada no meio da espinha dorsal. Ela impede que os pensamentos impuros do mundo inferior alcancem e poluam as regiões cristalinas do nosso mundo espiritual. A expulsão do paraíso se deu exatamente por ter o humano usado o intelecto para acumular desejos criando assim o seu inferno. O escopo desta quinta viagem é fazer com que o homem refaça este caminho em sentido inverso e reencontre-se com seu paraíso, ou seja, seu plano espiritual (seguindo esta idéia, algumas Lojas mudam o ritual e fazem esta viagem em sentido inverso).

Assim, alcança-se o primeiro degrau da escada de Jacó. A escada por onde os Anjos de Deus sobem e descem. E como o Grande Arquiteto não nos abandona nunca, envia estes mesmos anjos para nos auxiliar nesta subida. Devemos durante essa escalada para a Luz, manter acesas as chamas da Fé, da Esperança e da Caridade, simbolizadas pela Cruz, pela Âncora e pelo Cálice. Sobretudo devem-se manter acesas as chamas da justiça e da liberdade, a nossa liberdade, a liberdade dos outros, mas principalmente nossa liberdade interior. Que nunca, ninguém, nem nada, possam cercear nosso direito de livre pensar.

Bibliografia
Ritual - Rito Escocês Antigo e Aceito - 2º Grau - Companheiro - Grande Oriente do Brasil – 2001
CAMINO, R - Breviário Maçônico - Para o dia-a-dia do Maçom - Madras Editora Ltda. São Paulo, 1999.
CASTEZLLANI, J. Liturgia e Ritualística do Grau de Companheiro Maçom ( em todos os Ritos)
A Gazeta Maçônica. S Significado dessa viagem - palavras do Ven.: - Paulo ,1987.
FIGUEREDO, J.G. - Dicionário de Maçonaria - Seus mistério, Seus ritos, Sua filosofia, Sua história. Editora Pensamento Ltda, São Paulo, 1996-97-98.
http://xoomer.virgilio.it/direitousp/ini11-35.htm
http://pt.scribd.com/doc/6997567/Ferramentas-Do-Companheiro
http://pt.scribd.com/doc/6997659/Simbolismo-Da-Elevacao
http://euseiqueeusei.blogspot.com/2009/07/as-ferramentas-do-grau-de-companheiro.html
http://www.portalcravo.com.br/armando/index.php?view=article&catid=6:simbolismo&id=186:o-simbolismo-da-elevacao-a-companheiro&tmpl=component&print=1&page
GERVÁSIO de Figueiredo, Joaquim. Dicionário de Maçonaria –
ADOUM Jorge Grau do Companheiro e seus Mistérios –
DA CAMINO Rizzardo Simbolismo do Segundo Grau –
COSTA Frederico Guilherme O Grau de Companheiro por um Companheiro –
Ritual do Companheiro Maçom - GOB 

7 comentários:

  1. Feliz por encontrar texto tão esclarecedor, que com certeza ajudará vários iir.'., assim como eu, onde começei como APR.'.M.'., sendo elevado brevemente, iniciando minha subida na escada de Jacó. Parabéns pelo bom texto, muito esclarecedor. T.'.F.'.A.'.

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  2. Parabéns ao belo texto. Com certeza auxiliará não só eu, APR.".M.'., brevemente sendo elevado, como também a outros IIR.'.

    T.'.F.'.A.'.

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  3. Excelente texto!
    Altamente esclarecedor, muitíssimo obrigado meu irmão.
    T.'.F.'.A

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  4. Parabéns um excelente trabalho,esclarecedor e de um grande aprendizado,TFA:.

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  5. Excelente trabalho,muito bem detalhado parabéns TFA.'.

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  6. muito bom , exelente texto que muito me ajudara a caminhada na maçonaria.

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  7. Belo texto explicativo parabéns

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