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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 30 de julho de 2019

OS TEMPLÁRIOS

OS TEMPLÁRIOS
Adaptado de Giovani R. Carvalho

Por volta do ano 300 o imperador romano Constantino tornou o cristianismo religião oficial do império romano, ficando a Palestina sob a guarda do império. Peregrinos iam e vinham a Terra Santa no afã de visitar locais onde Jesus pregou sua doutrina. Um dos locais preferido era a basílica de Anastasi, edificada pelo imperador Constantino, que fora construída onde teria sido o Santo Sepulcro.

A ocupação da Palestina pelos Islã no século VII, não impediu que as peregrinações dos cristãos acontecesse até Jerusalém. Isto foi devido a habilidade de Carlos Magno em fazer um tratado com o califa de Bagda Ha-run-al Rashid.

Porém, no início do seculo XI, mais precisamente no ano de 1009, a região passou para o califado egípcio, que rompeu os tratados existentes e o novo califa saqueou Jerusalém e destruiu o Santo Sepulcro, exacerbando o fanatismo islâmico e impondo uma perseguição aos infiéis cristãos. Apesar da violência praticada pelos árabes, as peregrinações continuavam mesmo com o risco de não poderem voltar para casa.

Esta agressão levou os cristãos europeus a fazerem incursões isoladas à Terra Santa, com a violência aumentando em frequência e intensidade. O grande cisma da Igreja da 1054, com a separação da igreja romana da ortodoxa e a derrota do imperador bizantino Alexio Comenus pelo exercito turco, levou Roma a pensar em uma intervenção na Terra Santa.

Em 27 de novembro de 1095 foi instaurado pelo papa Urbano II o concílio de Clermont, que convocou o povo a libertar Jerusalém das mãos dos árabes. O papa fez ainda uma turnê pela Europa mostrando que além da libertação da terra santa, a possibilidade de conquistar de novos feudos e também de saquear uma região muito rica.

Estes dois últimos apelos chamaram a atenção, pois a Europa nesta fase da idade média, estava repleta de nobres não primogênitos, ociosos que vagavam como mercenários e esta seria uma oportunidade para este tipo de gente conquistar algo, já que não teriam direito pela hierarquia a bens herdados de seus pais.

A primeira cruzada iniciou após a convocação papal e em 1099 a cidade de Jerusalém foi conquistada após sequencia de grandes saques e violência praticada pelos cruzados contra a população muçulmana. Nesta primeira empreitada oficial dos cristão, estava um cavalheiro francês chamado de Hugues de Payns, que fez voto de fé unindo para sempre seu destino com Jerusalém. 

No ano de 1100 foi fundado o Outremer (palavra francesa que significa além do mar), os estados latinos do oriente compostos pelos condados de Edessa, Jerusalém e Antioquia.

O reino latino no oriente era grande e mal protegido. A igreja do Santo Sepulcro (reconstruída) passou a abrigar os monges gregos (ortodoxos) e a grande mesquita Cúpula da Rocha abrigou os monges latinos. Estes últimos adotaram as regras de Santo Agostinho e incentivaram os laicos que trabalhavam com eles a fazerem os votos de viverem junto aos monges. Entre estes leigos estava Hugues de Payns. 

Em 1119 um grande massacre de cristãos ocorreu próximo ao Rio Jordão, fato que levou o rei de Jerusalém Balduino II a criar uma milicia independente, subordinada à igreja. Assim em 1120 Hugues de Payns e mais alguns leigos são convocados, sob a liderança do primeiro, a formarem esta milicia, onde perante o Patriarca de Jerusalém, Gormono de Picquigny, fizeram três votos monásticos, de OBEDIENCIA, POBRESA E CASTIDADE. Foi doado aos cavaleiros uma parte do palácio próximo às ruínas do Tempo de Salomão. Com isso passaram a serem chamados de Cavaleiros do Tempo ou Templários.

O grupo pretendia imprimir a fraternidade, os votos de pobreza (no sentido de despojamento material) e de penitência. Mas para formar uma milícia era necessária a aquisição armas, roupas e animais que eram muito caros na época. Precisariam de grande apoio financeiro e logístico. Devido ao tamanho do reino cristão no oriente, grande era o trabalho dos templários com poucos homens. O recrutamento no reino latino era insuficiente. Assim com autorização do rei de Jerusalém, Hugues de Payns viaja a Europa para pedir a benção papal, apoio financeiro e recrutar novos cavaleiros.

Entre 1124 a 1130, Hugues começa sua viagem por Roma, onde recebe as bençãos papais e privilégios que dariam condições para ordem crescer e fortalecer. Dentre outros incluíam: isenção de impostos, livre trânsito e principalmente autorização para receberem doações. Após a passagem por Roma Hugues faz uma maratona pela Europa.

Além dos motivos de fé, grande número de cavaleiros mercenários ou sem atividades vislumbraram oportunidade de deixar a vida de bandidagem, servir a uma causa nobre e seguir uma carreira brilhante. Para dominar a arrogância, a violência e prepotência militar, Hugues recorre a um grande conhecedor da alma humana, Bernardo o São Bernardo. Entrega a ele a carta de Balduino II, onde pedia que este elaborasse para os templários regras monásticas adequadas, que fosse compatíveis com a necessidade da guerra e ao mesmo tempo adaptada a uma ordem religiosa. Onde normas de conduta em que a penitência, a humildade, obediência absoluta a superiores e disciplina duríssima, fossem utilizadas para cortar os impulsos de gente nem sempre bem intencionadas. 

O frade guerreiro do templo teria de associar a mansidão e humildade do monge com a nobreza e a coragem do verdadeiro cavaleiro. Entre outros deveres, São Bernardo incluiu a perda da vaidade (o Templário teria vestes próprias e poucas, não deveria preocupar com a aparência); Equilíbrio harmônico entre o corpo e o espírito; poderiam ser somente homens de preferência viúvos; coragem e bravura e morrerem sob a bandeira do Cristo; terem a solidariedade como forte sentimento comunitário, onde tudo que pudesse desagregar como competição, inveja, ciúmes, calúnias eram drasticamente condenados; Respeito a hierarquia, onde no topo estaria o Grão Mestre. A vida Religiosa e administrativa da ordem subordinava-se a setenta normas.

As iniciações na ordem aconteciam a noite.

O Candidato esperava do lado de fora e por três vezes dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar o que deseja. O que respondia por três vezes que sua vontade era de entrar na ordem.

Após a entrada, era dito ao pretendente que a vida seria dura e perguntava a ele se seria capaz de suportar as asperezas que o aguardavam.

- Que ele não esperasse benemesses, honrarias e riquezas.

- Que deveria fugir dos pecados do mundo

- Servir ao Nosso Senhor

- Ser pobre e fazer penitência

Perguntava novamente se ele estaria disposto a ser servo e escravo da casa.

Perguntava se estava disposto a renunciar a própria vontade.

Se as respostas fossem sim, o candidato era retirado e a assembléia debatia o desejo do candidato de entrar na ordem e se tinha alguém que soubesse algo a respeito do candidato que falasse agora. Não tendo nada, o candidato era admitido.

O candidato era instruído e retorna ao templo, ajoelhando-se e com a mão posta fazia o juramento.

O Grão Mestre perguntava: Pensaste bem? Ainda está decidido a submeter às dificuldades e as asperezas que vigoram na casa?

- Em resposta positiva, a Assembléia levantava e orava para que o novato fosse bem sucedido.

Em seguida nova bateria de perguntas era feitas e ao final o Grão Mestre diz: Procurai não mentir, pois se o fizerem, sereis considerado perjúrio e tereis que abandonar a casa.

Ao final o candidato era submetido ao teste de obediência. Onde era solicitado que ele cuspisse na cruz. O candidato poderia fazê-lo em sinal de obediência (geralmente cuspindo ao lado da cruz) ou negando a fazê-lo em função do juramento de servir ao Nosso Senhor.

Por último o candidato aprovado era beijado levemente na boca pelo capelão. Estas duas últimas partes da ritualística foram utilizadas para a condenação da ordem sob alegação de homossexualidade e negação a Cristo.

Os nobres europeus que desejassem auxiliar a ordem moral e financeiramente, doavam recursos, posses e edifícios. Tudo que fosse produzido nas terras ou advindo do aluguel eram transferidos para a Terra Santa. 

A transferência de dinheiro induziu a ordem a desenvolver com rapidez técnicas bancárias e financeiras. Passaria a ser grande emprestadora de dinheiro, logicamente evitando a usura. O fato do voto de pobreza e de despojo de vaidades, sendo que cada Templário poderia ter no máximo quatro denários, deu ao Templo a reputação de honestidade, fazendo com que nobres e reis ricos confiassem aos templários o seus capitais. Que além da custódia faziam reder o dinheiro. Para guardar tanta riqueza foi construída em Paris uma fortaleza para guardar dinheiro e tesouros.

Segundo levantamentos feitos, nos tempos áureos da ordem, os Templários tinham se espalhado por toda a França, no centro norte da Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Hungria, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Irlanda, além claro da Palestina.

Para se movimentarem, para transportar bens gerados na Europa e encaminhados para a Palestina, para transportar dinheiro e tesouros, os Templários criaram uma grande frota de navios que passaram também a prestar serviços de transporte de cargas e pessoas para nobreza e reis.

No oriente, além das atividades de proteção dos peregrinos, os templários desenvolveram grande capacidade de negociação com os chefes árabes da região. Chegando ao ponto de serem requisitados para serviços delicados de missões diplomáticas por reis e papas. Mantinham relações cordiais com emires, sempre baseados em interesses econômicos e políticos sem a contaminação por argumentação religiosa. Inclusive permitiam que fiés muçulmanos fizessem suas preces na grande mesquita Cúpula da Rocha, onde ficavam como já dito os monges latinos.

Em 1144 o condado de Edessa (o condado mais ao norte) foi tomado pelos árabes. Dando origem a segunda Cruzada. Foi o maior exército cristão formado, e apesar disto foi um fracasso de estratégia. Agrediu mais cristão (império bizantino – Constantinopla) do que muçulmanos. Ao contrário da fracassada campanha do exercito cruzado, os Templários participaram de forma exemplar e imaculada.

Problemas de ordem política e administrativa dentro e entre os reinos latinos no oriente, enfraqueceram ainda mais a frágil estrutura dos reinos cristãos. Em 1184 Saladino entra em Jerusalém recuperando para as mãos islâmicas a Terra Santa. Saladino que vinha de conquistas em territórios árabes, teve misericórdia com os cristão de Jerusalém, mas não teve o mesmo comportamento com os templários e hospitalários. Torturou-os até a morte.

A derrota de Jerusalém aconteceu pela falência dos poderes e da inabilidade política dos nobres feudais que governavam a região. Mas a culpa recaiu sobre os Templários, porque tinham objetivo primordial defender a Terra Santa e a queda de Jerusalém e do Santo Sepulcro representavam a falência do ideal.

Os principais inimigos dos Templários não foram os muçulmanos, mas a inveja, a cobiça e a ganancia de reis e religiosos. Os privilégios que adquiriram quando de sua formação os tornaram muito ricos (a ordem e não os Templários). Mesmo no auge da historia dos templários (final do século XII), começaram a surgir descontentamento de setores da igreja e de outras ordens religiosas, que perdiam rendas em detrimento dos cavaleiros.

A sociedade ocidental que havia acatado e tolerado os privilégios iniciais e até a arrogância da Ordem (no auge), não estava mais disposta a suportar as falhas dela. A situação agrava com a queda de Jerusalém, quando grande parte dos cavaleiros retornam para a Europa, e não justificava mais tais privilégios. Estima-se que nesta época que 15.000 templários inativos passaram a exercer funções burocráticas administrando o grande patrimônio da ordem.

Em 1291 a queda de Acre pois fim ao Outremer e inferiu golpe fatal á ordem templária e dos hospitalários. No concílio Ailes 1292, o papa Nicolau IV decreta a fusão das duas ordens. Houve resistências em ambas e a fusão nunca aconteceu.

Morre Nicolau IV e o próximo papa, Bonifácio VIII, via com bons olhos os templários, inclusive porque recebeu deles grande soma em empréstimos. Por outro lado o pontífice tinha vários atritos diplomáticos e religiosos com o rei francês Felipe o Belo. Já nesta época a ordem estava dividida em duas frentes, a da França onde estava o centro administrativo e financeiro e a ordem de Malta na ilha de Chipre, composta de militares envolvidos com relações aos governos da região.

Durante a queda de Acre morre em combate o Grão Mestre Guillaume de Beaugeu. Em Malta havia se destacado um cavaleiro que insistia no combate a certos casos de imoralidade e corrupção dentro da ordem. Era um homem de grande experiencia de campo onde tinha feito sua historia de honra e dedicação. Este cavaleiro chamado Jacques deMolay foi indicado para ser o novo Grão Mestre. Havia um concorrente para o cargo, Hugues de Perraud, cavaleiro burocrático com mais de 30 de serviços e que nunca tinha ido ao front e aliado de Felipe o Belo. Independente da sua força política, Hugues de Perraud não foi indicado e Jacques deMolay torna-se o Grão Mestre.

Em 1306 após sequencia de erros administrativos e bélicos, Felipe o Belo desvaloriza a moeda. O resultado foi uma grande revolta popular. Acuado, Felipe refugia-se na sede dos Templários em Paris. Segundo alguns historiadores, Felipe vendo aquela riqueza se enche de cobiça e exige que o Templo empreste ao rei 300 mil florins em ouro. Jean de la Tour, tesoureiro do Templo, empresta o dinheiro a Felipe sem autorização do Grão Mestre e sem um termo de garantia.

Jacques deMolay ao retornar em 1307 para Paris, verifica a contabilidade, descobre o enorme rombo nas contas e despede de forma irrevogável o contador, aplicando sanção disciplinar. Jean de la Tour, homem de origem burguesa com boas relações no trono, pede auxilio a nobres próximos do rei. Este solicita a Clemente V, o novo papa, a recondução do tesoureiro ao cargo. O papa exige que Jacques de Molay o readmita, que o faz a contragosto.

Felipe o Belo percebe que a Ordem não era mais intransponível, o flanco estava aberto. Passa a difamá-la. Inicia levantando dúvidas da fidelidade da ordem ao Cristo. A inquisição já tinha sido instalada e bastava uma denúncia de heresia para que as investigações iniciassem. 

A acusação de que os templários negavam Cristo cuspindo na cruz, fato já comentando que era um teste da obediência, mas que não punia o iniciado caso ele negasse o ato, foi usado como uma das grandes heresias praticadas. O beijo do capelão no final da iniciação e a figura de dois homens montados no mesmo cavalo (símbolo da simplicidade e economia) foram utilizados como práticas de homossexualismo. Assim em 13 de outubro de 1307 cerca de 150 templários, inclusive Jacques de Molay, foram presos em Paris.

A custa de longas seções de torturas, muitos cavaleiros assumiram culpas e assinaram falsos depoimentos. Os bens dos Templários foram desejados por todos incluindo nessa relação o rei Francês e o papa. A frota de navios desapareceu com a prisão dos 150.

Em 18 de março de 1314 Jacques de Molay e Geoffroy de Charny foram queimados em praça pública. Conta-se que antes de morrer de Molay pediu que afrouxasse a corda e olhando para Notre Dame faz uma prece a Virgem Maria, testemunhando sua inocência e da ordem. Lança uma praga a Felipe por traição e a Clemente V por abandono, que eles em breve iriam prestar contas no tribunal Divino. O papa morre um mês depois e Felipe antes de se completar um ano. 

Após as prisões e mesmo antes da morte do Grão Mestre, os templários livres se dispersaram, vivendo como refugiados e entrando em ordens religiosas ou não. Em Portugal e Espanha os templários tiveram mais sorte. O Rei português não vendo acusações substanciais contra os cavaleiros não pactua, junto os reis de Aragão e Castela, com a condenação dos mesmos. Enviam mensageiros ao papa Clemente V e pedem que em seus domínios os templários sejam poupados, inclusive porque da ameaça de invasão muçulmana na península Ibérica. O papa para se livrar dos problemas, concede a eles o pedido, mas que o nome seja mudado. Assim é formada a Ordem dos Cavaleiros do Cristo em Portugal e na Espanha a Ordem de Nossa Senhora de Montesa.

Os Templários criados a princípio como monges guerreiros do Cristo, em muito excederam os objetivos iniciais. Foram responsáveis pela introdução dos conceitos de transações comerciais, fidelidade bancária, administração austera. Trouxeram para a Europa conhecimentos de arquitetura, as grandes obras de igrejas e castelos são pós templários, navegação e diplomacia. A ordem acabou em 1314, mas deixou um grande legado para o ocidente.

Fonte: https://focoartereal.blogspot.com

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