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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quarta-feira, 17 de junho de 2020

ACLAMAÇÃO

ACLAMAÇÃO
(republicação)

Em 22/09/2015 o Respeitável Irmão Carlos Eduardo Silva e Sousa, Loja Apóstolos da Caridade, 0344, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, formula a seguinte pergunta: carlos.pernambucanas@hotmail.com

Peço a gentileza de esclarecer uma dúvida se possível. Minha dúvida é por que na seção de Grau 3, não utilizamos a Aclamação Huzzé? Tenho seu e-mail quando me repassou em um ERAC, quando comprei seu livro Exegese Simbólica para A∴M∴ 

CONSIDERAÇÕES:

Em se despindo das roupagens místicas que alguns querem dar para a aclamação Huzzé a exemplo daquela que a liga com a região epigástrica do abdome e outras fantasias do gênero, ela, a aclamação, verdadeiramente representa na Maçonaria uma saudação ao Sol e a volta da Luz, princípios esses hauridos dos cultos solares da antiguidade, tão caros ao ecletismo maçônico.

Alguns autores autênticos, entretanto atribuem a aclamação Huzzé relacionando-a com a flor da árvore denominada por Acácia e os costumes praticados no Antigo Egito, sobretudo em certas regiões árabes onde, por exemplo, a Acácia era considerada uma planta sagrada. 

Era costume em certas tribos – como a dos Drusos – de se saudar a volta do Sol manejando e agitando um ramo florido de Acácia (shittah ou shittin), ao mesmo tempo em que se proferia a aclamação “Huzzah” (Viva!) ou “Uezzah”, conforme os dialetos locais - essa prática, todavia, fora mais tarde proibida por Maomé pelo advento do Islã.

Da aclamação “Huzzah, ou Uezzah” é que resultou através dos tempos, a corruptela “Huzzé” (Viva!), por influência de pronuncia dos ingleses. É o caso da aclamação inglesa “ip hurrah!” que quer dizer “viva!” ou “salve!” em consonância com a dos árabes “huzzah” (viva!).

Assim antiga prática de se saudar a volta do Sol (cultos solsticiais) acabou sendo inserida no simbolismo de alguns Ritos da Moderna Maçonaria como forma de preleção moral, já que essa atitude, a de se saudar a volta do Astro Rei, é uma prática muito antiga entre as civilizações, o que ocorria nas datas solsticiais.

Conforme a doutrina de alguns Ritos maçônicos, as datas solsticiais e a renovação da Natureza revivendo os costumes operativos das Guildas de canteiros medievais, estão intimamente ligadas ao arcabouço doutrinário que inspira a alegoria do aperfeiçoamento humano.

É nesse sentido que o REAA adota a aclamação Huzzé para a abertura dos trabalhos dos Graus de Aprendiz e Companheiro com o escopo de saudar a hora de grande esplendor de iluminação (Meio-Dia), quando o Sol a pino denota que não há sombra, portanto, é um momento de extrema igualdade onde ninguém faz sombra a ninguém. Tempo perfeito para o exercício do trabalho no Canteiro - Igualdade.

Alude também ao Meio-Dia da juventude e a idade propícia para produção da Obra – a Primavera e o renascimento. A Natureza revive e o Sol está pronto para fecundar a Terra.

No que tange à aclamação pronunciada no encerramento dos trabalhos, a mesma significa que embora a jornada tenha terminado um novo dia em breve irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada mais próxima está à hora de raiar um novo dia.

A Meia-Noite simboliza o inverno que se avizinha. É o fim da vida e o momento de reflexão sobre a passagem pelo plano terrestre. Quiçá tenha sido ela pautada por atos de Sabedoria para permanecer para sempre como exemplo na mente dos pósteros – se aproxima o momento em que o corpo será devolvido à mãe Natureza (essa idade não me agrada...), restando para a eternidade a Obra que ficou – “vede a sua Obra?”.

Desse modo, no Grau de Mestre onde, dentre outros, é teatralizada a alegoria da morte da Natureza (o inverno e a morte de H.´.), não mais existe saudação ao Sol. A Natureza cumprindo os desígnios da Criação está agora morta, entretanto pronta para novamente renascer para um novo ciclo. O inverno com seus dias curtos e noites longas simboliza a Terra que fica viúva do Sol.

É certo, porém, que a Luz retornará na Primavera e um novo ciclo irá iniciar - o Mestre revive e ingressa na Luz do Oriente.

Nesse sentido é que o teatro representativo da chave da Iniciação não comporta no Terceiro Grau a saudação Huzzé, pois no princípio a Câmara do Meio está em luto e ainda lamentando a morte de H.´., enquanto que e no epílogo o Mestre reviveu na Luz. O Mestre agora é a Luz. Assim, nos seus domínios não há saudação para si próprio.

Em tese a Loja de Aprendiz e Companheiro simboliza o plano material onde o espírito é preparado, enquanto que a Loja de Mestre simboliza o plano espiritual – vide o Compasso sobre o Esquadro. Daí a razão existir aclamação nos dois primeiros Graus e não existir na Câmara do Meio.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.029– Florianópolis (SC) – sexta-feira, 22 de abril de 2016

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