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domingo, 14 de junho de 2020

O QUE É UMA LOJA SIMBÓLICA

Questão que faz em 19/02/2020 o Aprendiz Maçom, Irmão Erson Vieira da Silva, Loja Campos Sales, 1.307, REAA, GOB-SP, Oriente de Santa Bárbara D'Oeste, Estado de São Paulo.

LOJA SIMBÓLICA

Caro Irmão, estou procurando uma resposta clara, sobre o que é uma Loja Simbólica.

CONSIDERAÇÕES:

Antes alguns comentários breves sobre as palavras loja, símbolo, simbólico, simbolismo e simbologia:

Loja - em linhas gerais, o termo menciona as acomodações - geralmente térreas - de uma edificação que abriga um estabelecimento comercial em loja. 

O vocábulo em Maçonaria se refere ao local em que se dão as atividades maçônicas, ou o local onde realizam os seus trabalhos (sessões). Por extensão o termo também designa a Corporação Maçônica, assim como a reunião dos Irmãos em Loja quando essa é aberta ritualisticamente (conforme o rito).

Vale a pena mencionar que a Maçonaria latina não raramente adota o nome de "templo" para designar o seu local de trabalho, embora isso não seja apropriado, sobretudo por dar à Maçonaria uma conotação de religião, o que não condiz com a realidade maçônica.

A bem da verdade, a palavra Loja teve primeiramente aplicação nas guildas dos canteiros medievais (ancestrais da Maçonaria). Segundo historiadores autênticos - como José Castellani - o vocábulo Loja aparece pela primeira vez no século XIII, mais propriamente em 1292 num velho documento de uma guilda (indica-se pesquisar esse termo). 

Resumindo, as guildas de mercadores adotariam o nome loja para designar o local que lhes servia para depósito, assim como para também realizar as vendas dos seus produtos manufaturados. Já as guildas artesanais adotariam o espaço intitulado loja para acomodar seus locais de trabalho, mais conhecidos por oficinas dos artesãos. 

Assim, foi das guildas de mercadores que se originaram as casas comerciais, ou lojas do comércio, enquanto que as dos artesãos deram nome às organizações de construtores (canteiros medievais) que ficariam mais tarde conhecidas como Franco-maçonaria.

Cabe aqui uma observação importante. Na amplitude do seu significado, o vocábulo loja, salvo em Maçonaria, não deve ser tomado de modo generalizado, senão se levando em conta o idioma empregado. Desse modo, em francês, por exemplo as lojas comerciais são os magasins e em inglês os magazines. Já o termo loja em Maçonaria, tanto como lodge em inglês ou loge em francês, dentre outros, sempre designará uma Corporação Maçônica.

Símbolo – é a figura, marca ou objeto que possui significado convencional. É também a emblema, sinal, indício e outros do gênero. Em Maçonaria os símbolos constituem o modo velado pelo qual os iniciados recebem conhecimentos de moral e ética como parte dos seus ensinamentos. Na Sublime Instituição os símbolos, na sua maior parte, se constituem por instrumentos ou figuras ligadas à arte da construção, cuja interpretação, sem licenciosidade, pode ser de caráter alegórico ou místico. Destaque-se que os ancestrais da Maçonaria, em seu período operativo, ou de ofício, com aproximados 800 anos de história daria origem à corporação de canteiros que ficaria conhecida por Franco Maçonaria. 

Simbólico – o vocábulo menciona aquilo que é relacionado ao símbolo, assim como o que tem caráter de símbolo. Também é a ideia representada por meio de símbolos, como a escrita, por exemplo. O termo também menciona aquilo que se faz por símbolos, a exemplo do gestual utilizado nas votações.

Simbolismo – em se levando em consideração o mote desses apontamentos, é o sistema composto por símbolos proposto a lembrar fatos, ou exprimir ideias. Assim, em Maçonaria Simbólica é o sistema de emblemas e alegorias por ela utilizado com o objetivo de fazer lembrar as suas grandes lições de moral e ética. Por óbvio essa aplicação se dá no chamado simbolismo maçônico que é a Maçonaria Universal, ou seja, aquela que abriga apenas e tão somente os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (universais e obrigatórios).

Simbologia – o termo menciona o tratado acerca dos símbolos. Em Maçonaria, o estudo e a interpretação (exegese) dos símbolos é que compõem uma vasta e complexa simbologia (conforme os ritos maçônicos). Todo esse conhecimento adquirido somente é acessível aos iniciados.

Dados esses comentários, a Maçonaria Simbólica é assim denominada porque a transmissão aos iniciados dos conhecimentos é feita através do significado dos diversos símbolos que compõem o seu arcabouço doutrinário. Reitera-se assim que qualquer que seja a interpretação simbólica, ela deve estar longe da prática licenciosa. Em síntese, os símbolos não se apresentam ao iniciado para que ele, à sua maneira e entendimento os interprete. Os emblemas trazem consigo regras e ideias formadas que estão muito longe de meras ilações e palavreados vazios.

Desse modo, uma Loja Simbólica, além de ser uma corporação maçônica (representada pelo Estandarte), é também o lugar, espaço ou recinto onde se realizam os trabalhos ritualísticos maçônicos. De maneira abrangente, a própria constituição de uma Loja, conforme o rito adotado, se estabelece num elemento simbólico. A Loja representa simbolicamente um canteiro de obras estilizado onde os maçons trabalham no seu aperfeiçoamento para, como construtores sociais, mais tarde servirem à humanidade que busca um mundo melhor (arrume o homem e consertarás o mundo).

Porquanto, é um grande equívoco se imaginar que os espaços de trabalho maçônico se comparam a recintos onde homens possam expor os seus proselitismos religiosos e políticos. 

A Loja Simbólica representa a oficina de trabalho onde a pedra bruta, matéria prima de outrora, hoje seja simbolicamente o próprio obreiro que trabalha no seu desbaste interior, de tal modo que, percorrendo os caminhos iniciáticos, ele mesmo se transforme numa pedra cúbica e preparada para compor o templo simbólico dedicado à Virtude Universal. 

Em linhas gerais esse é o significado de um elemento maçônico simbólico denominado Loja que tem por objetivo abrigar no seu interior construtores que formam a Moderna Maçonaria. A Loja Simbólica é a representação de um canteiro de obras que outrora agregava as corporações de ofício dos pedreiros da Idade Média. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br - 13/06/2020

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