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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 1 de junho de 2020

INTERNET - ESQUADRO E COMPASSO

INTERNET - ESQUADRO E COMPASSO
(republicação)

Em 26.08.2015 o Irmão Marcos Soares, Companheiro Maçom da Loja Estrela de Davi, 4.058, REAA, GOB-RJ, Oriente de Jacarepaguá, Estado do Rio de Janeiro, solicita o que segue:
marcos.soares@pobox.com

Caro irmão, pesquisando na Internet sobre o tema esquadro e compasso, e particularmente sua disposição no Grau 2, encontrei o texto do link... http://iblanchier3.blogspot.com.br/2012/08/disposicao-do-esquadro-e-do-compasso-no.html ...que faz referência ao seu e-mail como provável autor. Caso o texto, de fato, seja de sua autoria, seria possível nos indicar a literatura de referência sobre esse tema e que definitivamente nos esclareça se há ou não posição correta do compasso parcialmente sobre o esquadro?

CONSIDERAÇÕES:

O tema deve ser pesquisado através de documentos autênticos datados do século XII até o século XVIII (catecismos, fragmentos, manuscritos, obras espúrias) - em princípio na Maçonaria Operativa e posteriormente na Especulativa. 

Em se tratando de pesquisa na Maçonaria não existe nada de pronto e específico por Rito, já que procedimentos, a exemplo dos que envolvem as Luzes Emblemáticas ou as Três Luzes Maiores, destes o Esquadro e o Compasso quando nem mesmo existia à época operativa uma classificação por Grau, visto que apenas havia naqueles tempos dantes classes profissionais acompanhadas das suas respectivas ferramentas de trabalho, ou seja, literalmente eram manuseadas no ofício da construção – as Guildas dos Construtores. 

Assim é que quando se faz na atualidade referência aos vestígios operativos, vemos, por exemplo, as joias distintivas do Venerável e dos Vigilantes da época presente como os chefes do canteiro dos construtores da pedra do passado. A questão não era a de se arranjar o Esquadro e o Compasso sobre o Livro da Lei, porém à época, a utilização de ambos como ferramentas operativas. Aqui nesse momento não está se tratando de Lojas especulativas, todavia de um canteiro de obras medieval e os seus personagens. 

Nesse sentido, em se tratando do Esquadro (joia do Venerável) o instrumento simboliza verdadeiramente aquele usado como ferramenta de trabalho na construção, desse modo essa joia distintiva e simbólica da atualidade revive o Mestre da Obra operativo que nada mais era na época do que um Companheiro experiente (não confundir com grau simbólico da Moderna Maçonaria). Por assim ser é que na Moderna Maçonaria – especulativa por excelência – a joia distintiva do Venerável remonta as tradições operativas como uma ferramenta de trabalho usada especificamente na profissão, portanto esse Esquadro se reporta àquele com graduação (ramo maior) e que possui um cabo para o respectivo manuseio (ramo menor). Um bom exemplo para essa abordagem histórica está na joia distintiva do Mestre da Loja (Venerável) do Craft inglês, como aquele dos Trabalhos de Emulação, onde essa joia aparece com os ramos desiguais, acompanhada da 47ª Proposição de Euclides, também conhecido como o Teorema de Pitágoras, cuja equação relacionada aos catetos e a hipotenusa do triângulo retângulo constrói o ângulo de 90° que vai aos cantos e aprumadas das construções. 

Outro bom exemplo do esquadro operativo é a disposição desigual dos seus ramos (cabo e graduação) que coincidem com o triângulo retângulo na razão primária de três e quatro unidades para os catetos como figura geométrica tão cara (verdade universal) para o esquadrejamento dos cantos da obra. 

Já no que concerne ao Esquadro como componente das Três Grandes Luzes Emblemáticas, ou as Três Luzes Maiores da Loja, esse não é o operativo, senão o especulativo que se identifica com essa grande alegoria simbólica da Loja, cuja relação está na Verdade anunciada pelo ângulo reto e seus caráteres éticos e morais, sobretudo com definições hauridas ao longo dos ciclos de transformação da Maçonaria Especulativa até a Moderna Maçonaria – a materialidade para o Esquadro e a espiritualidade para o Compasso. Assim esse Esquadro mencionado não é aquele que representa o construtor operativo, porém um símbolo do código de aperfeiçoamento moral sempre visível em Loja aberta para compreensão do Maçom. 

Uma Loja somente existe na presença dessas Três Grandes Luzes. 

Sob essa óptica é que esse Esquadro como Luz Emblemática por não representar o operativo não possui cabo e nem graduação, ou seja, possui apenas os ramos perfeitamente iguais – Atenção mais uma vez: esse Esquadro não pode ser confundido com o Esquadro usado como ferramenta. 

Infelizmente pela carência de conhecimento e distinção sobre o escopo desse instrumento em Loja, é que indistintamente muitos ritualistas trataram os instrumentos como iguais e, quando não, invertendo-os naquilo que eles representam na simbologia maçônica. E ainda: não se aperceberam da diferença existente entre ambos. 

Foi desse embrolho que também acabou resultando outra fantasia ritualística – o lado para qual aponta o ramo maior do Esquadro sobre o Livro da Lei (teoria dos comodistas amparados pela lei do mais fácil, ou da pura imaginação). Pois bem: primeiro é que esse Esquadro não possui ramos desiguais, daí por ele não representar uma ferramenta operativa, nele não existe lado maior ou menor. Por segundo é que esse Esquadro, mesmo que corretamente possa possuir ramos iguais como o aqui comentado, ele não tem a função de apontar para esse ou para aquele lado como a indicar disposições de Obreiros em Loja. 

Ora, se a questão é a do sítio do Companheiro na Loja, não seriam o ramo do Esquadro ou mesmo a haste do Compasso os elementos indicativos dessa situação. O que assim determina é apenas a senda iniciática, lembrando sempre que o elevado ao Segundo Grau independente da Coluna que ele possa ocupar na Loja, o mesmo pode ter acesso a ambas as Colunas e não somente ao Sul que é o seu lugar de origem no Canteiro – há que se repassar que um Companheiro foi um dia um Aprendiz, assim, a exceção do Oriente, o detentor do Segundo Grau pode transitar tanto no Sul como também no Norte (ele veio do Norte para o Sul – para a perpendicular ao nível). 

Assim, não seria o ramo de um Esquadro ou a haste de um Compasso o elemento indicatório do “lado que os Companheiros se assentam na Loja”. Afinal a função das Três Grandes Luzes da Maçonaria é infinitamente mais nobre do que um mero objeto que aponta para um hemisfério simbólico da Loja. 

Por assim ser, tanto faz a direção para qual aponta o ramo do Esquadro que ainda se mantém sob a haste do Compasso. Do mesmo modo também não importa qual é a haste do Compasso que ficará liberta do Esquadro. O que verdadeiramente implica é que ambos os instrumentos se entrelacem no Segundo Grau, não influindo o lado para onde porventura aponte um ramo ou uma haste. 

Outro aspecto é o de se observar que conforme o Rito, a posição de leitura do Livro da Lei e, por sobre ele os dois instrumentos mencionados, ambos podem ficar voltados para o Oriente ou para o Ocidente. 

Para o bem da solene alegoria das Três Grandes Luzes Emblemáticas a regra é que o Esquadro quando unido ao Compasso, possua sempre ramos iguais. Já o outro Esquadro – o da joia distintiva do Venerável - possua ramos desiguais (com cabo e graduação) como uma insígnia do trabalho operativo do Mestre da Loja. 

Para as Luzes Emblemáticas existe uma conhecida afirmativa: “o Esquadro e o Compasso somente se apresentam unidos em Loja” – essa, pois é a razão pela qual que em alguns ritos maçônicos a Loja somente será declarada aberta quando, na presença desses instrumentos emblemáticos, ambos estejam unidos sobre o Livro da Lei. 

No que se refere ao “onde está escrito isso” (mania peripatética dos carimbos e convenções da Maçonaria Francesa), como já fora anteriormente mencionado, não existe nada pronto na história da Sublime Instituição. O que carecemos é de método e compreensão acadêmica para o real entendimento da Arte - sempre desligados das fantasias e das redundâncias. Aliás, entenda-se que a Maçonaria é simbólica, daí os seus símbolos expressam verdades, entretanto deles não existe nenhuma interpretação licenciosa. 

Há então que se perscrutar bibliografias e rituais confiáveis para que se cheguem às conclusões acertadas. O pesquisador deve ficar atento aos fatos históricos verdadeiros para compreender a evolução dos quase oitocentos anos de história da Ordem Maçônica, todavia sempre tomando o cuidado de se despir das fantasias e opiniões pessoais e ufanas como as que infelizmente ainda encontramos em diversos rituais adotados pelas Obediências, conquanto que, se eles existem e estão em vigência, temos a obrigação que segui-los na Loja. 

Embora essa obrigação legal relacionada ao cumprimento dos rituais, os equívocos como os aqui mencionados e relacionados aos ramos do Esquadro, não podem se enraizar como verdades, senão como um comprometimento legalístico. Então há de se lembrar de que, não obstante estejamos obrigados a seguir esses ditames ritualísticos por uma questão de ordem legal, é verdade, porém que nem sempre o que está escrito é o que está o correto. 

Segue, para se chegar futuramente a conclusões acertadas, um pequeno roteiro bibliográfico que ajudará o estudante a compreender com autenticidade a Maçonaria e daí tirar as lições objetivas e racionais para que ele possa compreender muitas razões litúrgicas, ritualísticas e doutrinárias que compõem hoje a Moderna Maçonaria. Reitero, existem situações que demandam da lógica do raciocínio e não de uma bibliografia qualquer que diga no que devemos ou não acreditar. Há que se juntar escritos, pergaminhos e fragmentos autênticos para que possamos expressar verdades. 

Espero que eu tenha me feito entender. Segue o roteiro bibliográfico resumido que trata com amplitude os costumes maçônicos. A questão é montar uma grade e buscar as conclusões certas que geralmente estão ocultas por detrás dos procedimentos hauridos da tradição, uso e costumes da Sublime Instituição. 

ROTEIRO BIBLIOGRÁFICO. 
WAITE, A. E. The Secret Tradition of Freemasonry, Londres, 1911. 
CASTELLANI, José. Ciência Maçônica e as Antigas Civilizações, Traço, São Paulo, 1980. CASTELLANI, José. Consultórios Maçônicos diversos, Editora A Trolha, Londrina. 
CASTELLANI, José. Coleção de Dicionários Etimológicos Maçônicos, A Trolha. 
CASTELLANI, José. Cartilha do Aprendiz, A Trolha, 1992. 
CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística, A Trolha, 1991. 
CARVALHO, F. A. Símbolos Maçônicos e Suas Origens, Editora A Trolha, Londrina, 1996. CARVALHO, F. A. A Maçonaria - Usos e Costumes, Editora A Trolha, Londrina, 1994. CARVALHO, F. A. O Companheiro Maçom, Editora A Trolha, Londrina, 1996. 
PRESTON, W. Ilustrations of Masonry, Londres, 1.986. 
LOMAS, Robert. Os Segredos da Maçonaria, Madras, São Paulo, 2015. 
GOULD, R.F. A History of Freemasonry, Londres, 1883. 
GOULD, R.F. Historie Abrégée de La Franc-Maçonnerie, Paris, 1989. 
DYER, Colin F. W. Symbolism in Craft Masonry, Lewis Maçonic, 1976. 
DYER, Colin F. W. Some Troughts on the Origins of Speculative Masonry, A. Q. C. 1982. STEVENSON, D. Origens da Maçonaria – O Século da Escócia, Madras, São Paulo. 
BAIGENT, M. & LEIGH, R. O Templo e a Loja, Madras Editora, São Paulo. 
A.Q.C., Freemasonry and Building, Londres, 1922. 
A.Q.C., BEGEMANN W. Remarks on The Craft Legend of the Old Britsh Masons, 1892. 
CARR, Harry. The Transition from Operative to Speculative Masonry, The Collected Prestonian Lectures – Londres. 
CARR, Harry. Word of Freemansonry, Lewis Maçonic, 1985. 
BAYARD, J. P. Le Compagnonnage en France, Payot, 1976. 
JONES, Bernard. Freemasons’ Guide and Compendium, Harrap, Londres, 1950. 
MELLOR, Alec. Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie e des Franc-Maçons, Belfond, Paris, 1990. NAUDON, Paul. Les Origens de la Franc-Maçonnerie, Dervy, Paris, 1979. 
NAUDON, Paul. Les Loges de Saint-Jean, Dervy, Paris, 1990. 
VAROLLI FILHO, T. Curso de Maçonaria Simbólica, Tomos I, II e III, Gazeta Maçônica, São Paulo. 
VAROLLI FILHO, T. Importância da História da Maçonaria Operativa, Gazeta Maçônica, São Paulo, 1982.
BOUCHER, Jules – La Symbolique Maçonnique – Dervy-Livres – Paris, 1.979.
RIDLEY, Jasper – Los Masones, La sociedad secreta más poderosa de la terra Ediciones B. Argentina S.A. – Buenos Aires, 2.000. 
JUK, Pedro. Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I, A Trolha, Londrina, 2007. NASCIMENTO, R. S. R, Manuscrito Régius, GOB, Brasília, 1999... 

Dentre tantos outros, esses darão um bom suporte para começar. E.T. 1 – Dentro desse roteiro resumido de literatura o interessado terá contato com uma imensa bibliografia para o estudo. E.T. 2 – O interessado não deve tirar conclusões apressadas em se baseando em rituais enxertados e repletos de vícios e invencionices que apareceram ao longo dos tempos no Brasil – cuidado com rituais antigos, sobretudo aqueles que por aqui foram editados – antiguidade não significa verdade.
T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.999 – Florianópolis (SC) quarta-feira, 23 de março de 2016

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