POSIÇÃO DO COMPASSO
(republicação)
Em 03/10/2015 o Irmão Luiz Felipe Mello, Loja Floriano Peixoto, 39, sem declinar o nome do Rito, GLMERJ, Oriente de Realengo, Estado do Rio de Janeiro, formula a questão seguinte: lfmello79@gmail.com
Seguindo meu caminho na busca pela Verdade, me deparei com o seguinte questionamento no blog do Irmão:
"Com mais de 35 anos de Ordem me deparei com uma duvida, isso após a pergunta de um Mestre recente sobre a posição do esquadro e compasso na Loja de Companheiro. E que a descrição no ritual dá a entender diferente do que eu aprendi então eu tive duvidas se mudou algo e eu não havia me atentado. Bom eu aprendi assim: A posição do aprendiz - Compasso em baixo do esquadro. A posição de Mestre - Compasso em cima do esquadro. A minha duvida é a seguinte: A posição do Companheiro: Compasso com a sua haste esquerda em cima do esquadro, ou seja, é o lado que os companheiros se assentam em Loja o lado sul do Templo. Estando o Orador de frete ao livro da lei como em um espelho e o lado da mão direita do Orador, assim como mostra no Painel de Loja de Companheiro publicado no ritual? O posto está errado e em algumas literaturas antigas diz ser loja fechada. Sabendo que serei atendido desde já agradeço."
Eu com minhas pesquisas e um pouco de raciocínio lógico mesmo sendo Aprendiz Maçom já consigo entender que em cada grau simbólico o esquadro e compasso ficam em posições diferentes. O que me chamou atenção, foi que o Irmão citou que em algumas literaturas antigas diz ser loja fechada a posição do Grau de Companheiro Maçom, li sua resposta meu Irmão Pedro e tenho outras dúvidas sobre a posição de "Loja Fechada".
Já ouvi de tudo e nenhum irmão crava uma resposta. Esta é uma dúvida porque, já fui orientado que a posição do esquadro e compasso no Painel Alegórico de Aprendiz determina Loja Fechada. Apenas a título de lembrança a posição nestes painéis é invertida, ou seja, de "cabeça para baixo". Já reparei que em alguns adesivos e estandartes de lojas a posição do Esquadro e Compasso está como do Grau de Companheiro Maçom. Quando eu pergunto me dizem serem questionamentos de graus superiores. Eu na minha humilde ignorância achava que a posição quando em "público" deveria ser sempre a de Aprendiz Maçom.
Cabe aqui primeiro um reparo. Eu nunca dei e nem mencionei respostas que envolvam posição simbólica de Esquadro e Compasso em Loja Fechada. Isso é no mínimo um verdadeiro absurdo. Posso até já ter comedido equívocos; sou humano, portanto passível de aperfeiçoamento. Agora cometer uma barbaridade dessas, eu posso lhe garantir que jamais eu cometi um destempero dessa magnitude (se é que eu entendi as suas colocações).
Em relação à vossa questão, vamos às respostas:
1 - Em se tratando do Esquadro que vai sobre o Livro da Lei unido ao Compasso, esse Esquadro é autenticamente composto por ramos iguais – ele não é instrumento operativo. O Esquadro que possui ramos desiguais (com cabo e graduação) é aquele presente como a joia do Venerável Mestre, pois o mesmo representa o antigo Mestre da Obra. Assim esse instrumento era literalmente manuseado durante as construções nos canteiros. Daí ser ele designado o Esquadro Operativo, enquanto que o outro (de ramos iguais) é símbolo de uma das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria.
2 – No que diz respeito ao Grau de Companheiro e o entrelaçamento do Esquadro com o Compasso sobre o Livro da Lei, tanto faz o lado para qual aponte a haste do Compasso ou o ramo do Esquadro (esse tem ramos iguais). É puro mito e invenção essa “estória” de se mencionar que o objeto esteja apontando para o lado dos Aprendizes ou Companheiros.
O racional é apenas que eles se entrelacem para representar que houve evolução de um para o outro Grau, sobretudo tomando-se em conta a materialidade e a espiritualidade representada na alegoria dessas duas Luzes Emblemáticas.
3 – Verdadeiramente no REAA só existe um Painel da Loja (aquele que mostra logo na frente às Colunas B∴ e J∴). O Rito em questão é de origem francesa, daí o uso do Painel francês. O Painel dito “alegórico”, infelizmente foi colocado indevidamente no REAA. Esse Painel (que tem as três Colunas e a Escada) é de outro Rito (York americano), daí a sua doutrina não se encaixar com o escocesismo – trocando em miúdos esse Painel tradicionalmente não existe no Rito Escocês. Assim ele não poderia ser tomado para definir símbolos da liturgia de outro Rito.
4 – Não existe o termo “de cabeça para baixo” para definir posições em Loja. O que tem amparado esse engano é o uso indevido de dois Painéis, já que como explicado no item 3, um é da vertente inglesa e outro da francesa.
Nesse sentido os símbolos em muitos casos se apresentam posicionados de modo diferenciado. No REAA, o Livro da Lei fica posicionado para leitura pelo protagonista que fica de costas para o Ocidente na oportunidade, por conseguinte as hastes do Compasso ficam voltadas para o Ocidente enquanto que o Esquadro assume posição oposta (ângulo interno voltado para o Oriente).
Já nos Trabalhos de Emulação (inglês), por exemplo, a posição das Três Grandes Luzes se inverte em relação ao Escocês (o Livro fica voltado para o Venerável). Assim, esse dito Painel Alegórico é Inglês e, não raras vezes os instrumentos emblemáticos mencionados parecem estar “de cabeça para baixo”, o que na verdade ele está simplesmente posicionado conforme a disposição de leitura do Livro da Lei.
Ocorre que quando da busca de reconhecimento nas Grandes Lojas americanas pela Grande Loja recém-fundada à época por Béhring no Brasil, muitos costumes da Maçonaria americana, que é originária da Inglaterra, acabaram paulatinamente aportando indevidamente no REAA – é o caso da mistura de Painéis.
Graças a essa combinação, dentre outras que não cabem ser aqui mencionadas, é abrolham respostas absurdas, a exemplo da que menciona a tal “posição em Loja Fechada”.
5 – Não existe posição litúrgica que mencione qualquer alegoria que corresponda aos instrumentos emblemáticos para se posicionarem em Loja fechada. Encerrados os trabalhos da Oficina, simplesmente fecha-se o Livro da Lei e, geralmente ao seu lado ficam descansando o Compasso, agora com as hastes unidas, junto com o Esquadro. Não há nenhuma prática litúrgica nesse sentido – esse é simplesmente um ato de simplicidade.
Ainda em se tratando de Loja Fechada e Loja Aberta os termos aludem respectivamente a uma Loja que tenha encerrado os seus trabalhos na Sessão estando fechado o Livro da Lei, e o termo Loja aberta alude àquela assim declarada pelo Venerável na presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas.
Isso não significa posicionar o Esquadro e o Compasso “de cabeça para baixo” para simbolizar essa atitude.
Finalizando, devo salientar que essas considerações não possuem nenhum intuito de afrontar rituais legalmente aprovados. O aqui mencionado apenas vai de encontro com as verdadeiras tradições, usos e costumes,
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.050 – Melbourne (Vic.) sexta-feira, 13 de maio de 2016
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