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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 25 de junho de 2023

QUESTÕES RITUALÍSTICAS SOBRE O REAA

(republicação)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Carlos Alberto de Souza Santos, membro de Loja pertencente ao GOB-RJ. carlossantos1309@yahoo.com.br

Desafio 1. O Cobridor Interno está situado na Coluna do Sul, que fica sob a guarda do Segundo Vigilante e, portanto não pode falar sem autorização daquele Vigilante. No entanto, na abertura dos Trabalhos o Cobridor Interno se dirige diretamente ao Primeiro Vigilante. Pergunto: 1) A quem realmente deve se reportar o Cobridor Interno para solicitar a palavra? 2) O Cobridor Interno se dirigir ao Primeiro Vigilante na abertura dos Trabalhos pode ser considerado um erro no Ritual do REAA? 3) A posição do Cobridor Interno na Coluna do Sul está correta? 4) No Rito Adonhiramita o Cobridor Interno faz triangulação direta com o Venerável Mestre, por isso ele fica posicionado no meridiano da Loja para que possa se dirigir diretamente ao Primeiro Vigilante. Podemos entender que a inversão de posicionamento dos Vigilantes alterou significativamente a ritualística do REAA?

Desafio 2. Hoje, no REAA, já não temos mais a passagem do São João na Cerimônia de Iniciação. Há quem diga que nunca deveria ter essa passagem no REAA. No entanto a passagem do São João na Cerimônia de Iniciação, ainda existente no Rito Adonhiramita, possui direta correlação a passagem do Mestre Hiram, na Cerimônia de Exaltação. Você sabe qual é essa correlação? E Por quê? 

CONSIDERAÇÕES:

Vamos por parte. O Vigilante não guarda a Coluna, porém auxilia o Venerável sendo o responsável, portanto por aquele espaço do Canteiro. Durante a abertura dos trabalhos o Venerável ainda não declarou que “desde agora a nenhum Irmão é permitido falar ou passar para outra Coluna (...)”. 

1 – O uso da palavra que é feito em Loja Aberta o Cobridor Interno por se posicionar na Coluna do Sul pede ao Vigilante da sua Coluna para dela fazer uso. Esse procedimento é completamente diferente da dialética de abertura dos Trabalhos.

2 – Não. Primeiro pelo motivo exposto no começo dessas considerações. Segundo é que pela posição simbólica de ambos no Ocidente, no momento de abertura existe entre eles uma proximidade simbólica de posição. Ratificando que a Loja esta em procedimento de abertura, não estando ainda aberta (no procedimento de abertura mantém-se apenas a circulação por aqueles que por dever de ofício, necessitam deslocamento).

3 – Corretíssima, já que o Externo ao se posicionar dentro do Templo no momento oportuno, senta na Coluna do Norte. 

4 – Bem, o Cobridor Interno no Rito Adonhiramita verdadeiro fica sobre o Equador (eixo), origem dos paralelos a partir do 0º, já o meridiano é a linha imaginária que atravessa o Templo no sentido transversal (norte para o sul ou vice-versa). Daí comumente se dizer que o Segundo Vigilantes no Rito Escocês ocupa o meridiano do Meio-Dia para melhor observar a passagem do Sol pelo meridiano (o Sol passa diante dele do Leste para o Oeste). Outro aspecto é que no Rito Adonhiramita o Primeiro Vigilante senta no lado Sul e o Segundo no lado Norte. Aliás, essa é uma tônica dos ritos de origem francesa, entretanto menos o Rito Escocês que preserva o sistema antigo do Craft inglês. Note que na França as Colunas Solsticiais (B e J) são invertidas em relação ao Rito Escocês. Também nunca é demais lembrar que apesar dessa inversão criada pelos Modernos ingleses e que influenciou diretamente a Maçonaria Francesa (Rito Moderno, por exemplo), os Aprendizes em qualquer circunstância sentam-se no Norte e os Companheiros no Sul. Por assim ser, não houve qualquer alteração na ritualística dos ritos. O que ocorre mesmo é que cada um tem a sua característica doutrinária diretamente ligada a sua própria topografia, liturgia e ritualística. 

No desafio 2 conforme sua descrição. De fato a alegoria do São João (penso que é aquela do ataúde e o degolado apresentado ao iniciando) nunca fez parte da ritualística na cerimônia de Iniciação no Rito Escocês Antigo e Aceito. “An passant“, assim também o é a prova da Taça Sagrada. 

Ocorre que nos rituais brasileiros ao longo dos tempos os “achistas” acharam “bonito” e ampliaram a colcha de retalhos inserindo no escocesismo simbólico procedimentos litúrgicos e ritualísticos do Rito Adonhiramita, entretanto essa história é longa e não cabe aqui uma abordagem, mesmo que sucinta. 

Retomando o raciocínio, a prova da câmara mortuária é verdadeiramente original no Rito Adonhiramita onde existe a cena teatral do perjuro que se inicia na Câmara de Reflexão e tem o seu epílogo quando é apresentada ao Candidato em dado momento da cerimônia de Iniciação. 

Nesse sentido a questão não é de “ainda existe” no Rito Adonhiramita. Ela existe sim porque é tradicional nesse Rito. O que não existe mesmo é essa prática em relação ao Rito Escocês Antigo e Aceito, senão como produto de mero “enxerto”. 

Quanto à cena teatral do “degolado” nada tem a ver com a Lenda do Terceiro Grau. Reconheço sim que muitos até fizeram esse exercício de imaginação, embora não haja qualquer sustentação histórica nessa correlação. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0939, Florianópolis (SC) – sábado, 30 de março de 2013

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