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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quinta-feira, 22 de junho de 2023

MAÇONARIA E O SIMBOLISMO

A Ordem Maçônica baseia os seus muitos princípios e os seus diversos ensinamentos em símbolos e rituais. Podemos afirmar que uma das principais características da Maçonaria, seja justamente aquela de procurar velar e proteger os seus muitos segredos dos olhos daqueles que ainda sejam considerados profanos. A maneira encontrada pela Ordem Maçônica para ministrar os seus muitos segredos e ensinamentos aos seus Iniciados, é procurar sempre fazê-lo utilizando-se de símbolos e metáforas (CAMPANHA, 2003, p.38). Esta Simbologia Maçônica, sua interpretação e o seu entendimento são as ferramentas utilizadas pelos maçons para o seu constante escavar de masmorras ao vício e no seu permanente edificar e levantar de templos às virtudes:

“Para tornar sua doutrina mais facilmente assimilável, como também para inspirar conceitos mais amplos, a Maçonaria transmite seus ensinamentos por meio de símbolos. Cada maçom vê nestes símbolos conforme o seu grau de evolução, sem contudo afastar-se dos fundamentos da doutrina (...)” (GRANDE LOJA DO PARANÁ, 2000, p.3).

Em seu “Dicionário de Maçonaria”, uma obra que consideramos fundamental, Joaquim Gervásio de Figueiredo, nos coloca uma interessante definição da Ordem Maçônica, em que procura destacar a importância da utilização de símbolos para a difusão dos princípios maçônicos:

“A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível somente ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (...)” (FIGUEIREDO, 1998, p.231).

Na Maçonaria a maior parte dos símbolos e metáforas que são utilizados, provêm da antiga atividade profissional e corporativa dos pedreiros medievais. Construtores que eram, principalmente de Igrejas, grandiosas Catedrais, sólidos castelos e fortalezas, os pedreiros medievais organizados em uma Corporação, constituíam a Maçonaria Operativa que evoluiu para as Organizações Maçônicas Simbólicas e Especulativas contemporâneas:

Podemos, com base no trabalho desenvolvido pelos pedreiros medievais, concluir que existiam três diferentes grupos de instrumentos operativos. Cada um destes instrumentos estava ligado a uma das fases da construção. Cada fase exigia do construtor um nível diferente de conhecimento para a sua execução e finalização:

· A medição ou especificação do tamanho e do formato das pedras;
· O desbaste, adequação das formas e o polimento para dar o acabamento adequado às pedras;
· A aplicação e o assentamento das pedras na construção.

Estes conjuntos de instrumentos necessários a execução de cada etapa da obra., indicam na Ordem Maçônica, simbolicamente os diversos Graus que nela existem. Cada Grau, representa dentro da organização de cada Rito Maçônico, todo um conjunto de conhecimentos que são considerados necessários ao aperfeiçoamento e ao crescimento moral e ético dos Maçons.

Uma das muitas certezas que a vida em sociedade e a evolução do conhecimento humano nos deram, foi a de que nem todos os homens assimilam de maneira semelhante as mensagens da Simbologia Maçônica. Como se coloca em alguns rituais: devemos pensar mais do que falamos. A reflexão e a conseqüente meditação são essenciais a compreensão da linguagem maçônica. O avanço pelos diversos graus, portanto não deve ser considerado pelo tempo que esta sendo empregado, não devem ser conduzidos pela pressa. o que deve ser levado em conta é o esforço individual e o desprendimento pessoal de cada Maçom, conforme o seu potencial e capacidades para poder galgar com segurança e sabedoria os degraus da Escada de Jacó.

A linguagem simbólica ou metafórica é característica das sociedades iniciáticas, pois exige-se do interprete dos símbolos, na maioria das vezes um conhecimento que somente será possível existir, se este já for um iniciado naqueles mistérios, cujos símbolos se pretende analisar. Este contato possibilita uma maior familiaridade e um convívio mais profundo e significativo. E este é, ao nosso ver o caso da Maçonaria.

“Herdeira espiritual das Sociedades Inciáticas da Antigüidade, a Maçonaria perpetua o tradicional método iniciático no ensino de suas doutrinas. Por este sistema que se funda no simbolismo, isto é, na interpretação intuitiva dos símbolos, o ensino maçônico torna-se muito pessoal e praticamente autodidático. É, com efeito, como tão bem explicou o eminente escritor maçom J. Cornelup: ‘ O próprio de um símbolo é de poder ser entendido de várias maneiras, segundo o ângulo sob o qual ele é considerado’, de modo que ‘um símbolo admitindo apenas uma única interpretação não será verdadeiro símbolo’ (...)”. (ASLAN, 2000, p.5).

Procuramos considerar neste trabalho, que a Maçonaria seja acima de tudo e antes de qualquer outra consideração a seu respeito, apresentada como uma sociedade iniciática. O indivíduo, que é denominado simplesmente de profano, somente consegue adentrar a Maçonaria através de um cerimonial próprio de iniciação. A cerimônia de Iniciação, somente encontra paralelos quando é comparada a um “Rito de Passagem”, evento comum a muitas culturas e mesmo civilizações ao longo da história.

“(...) os ritos de passagem se associam às grandes mudanças na condição do indivíduo. As principais transições marcadas por estes ritos são o nascimento, a entrada na vida adulta, o casamento e a morte.

Tais ritos costumam simbolizar uma Iniciação. O nascimento é a iniciação na vida, enquanto a morte é a iniciação em uma nova condição no reino dos mortos, ou na vida eterna.

De uma forma ou de outra, todas as sociedades tem ritos de passagem, mesmo aquelas em que a religião não desempenha nenhum papel na vida pública. Em geral, é grande a importância deles nas culturas agrárias, nas religiões primais. Nestas, os ritos de passagem estão claramente ligados às noções de tabu. Tabu é uma palavra polinésia adotada pelos historiadores da religião para indicar uma severa proibição, restrição ou exclusão, e se aplica a algo que é considerado perigoso ou impuro (...)” (HELLERN, 2000. p.28)

Partindo deste pressuposto, podemos colocar que a ocasião representada pela Iniciação Maçônica, pode ser concebida como um novo nascimento, ou ainda mais claramente, trata-se de um nascimento maçônico, onde o neófito é submetido a diversas provas ritualísticas, que irão demonstrar a sua coragem, força de espírito e determinação em adentrar a ordem:

“(...) O iniciado é, pois, um homem que se libertou de paixões, de constrangimentos e de superstições, pode avançar no desconhecido, nas trevas da ignorância, apoiado no conhecimento que ganhou sobre si próprio e sobre a Natureza, e depois partilhar com outros este estádio de elevação da sua consciência.

O iniciado é, pois, alguém que atingiu a Luz, a compreensão de si, dos outros e da Natureza, e assim goza com discrição do saber e o poder adquiridos, antecipa o futuro, trabalha o presente, e recorda-se do passado. O verdadeiro iniciado não se abate, não desiste, não se rende aos homens sem espiritualidade (...) A iniciação maçônica é típica das sociedades secretas, em especial das corporações de mesteres da idade média (...)” (CARVALHO, 2002, passim)

SIMBOLOGIA:

Os símbolos aliados às metáforas e a prática da analogia sempre foram utilizadas na transmissão de informações e mensagens, principalmente aquelas que são consideradas religiosas ou até mesmo esotéricas. Assim foi com o cristianismo ao longo de sua evolução, e também com a imensa maioria das religiões que existem na atualidade ou que já existiram. Uma cerimônia religiosa ou ritual é um exemplo prático da riqueza representada pelos símbolos, bem como da sua utilização, assunto a que fazemos referência neste trabalho.

“(...) A cerimônia religiosa desempenha um papel importante em todas as religiões (...) invoca-se ou louva-se um deus ou vários deuses, ou ainda manifesta-se gratidão a ele ou a eles. Tais cerimônias religiosas, ou ritos, tendem a seguir um padrão bem distinto, ou ritual (...)” (HELLERN, op. cit., p. 25).

Ao analisarmos o conjunto das cerimônias pertencentes e próprias de uma religião, qualquer que seja ela, conhecido também como culto ou liturgia, encontraremos aí o maior número das representações simbólicas desta mesma religião:

“(...) A palavra culto (do verbo latino colere ‘cultivar’) é empregada em geral para significar ‘adoração’, mas na ciência das religiões é um termo coletivo que designa todas as formas de rito religioso (...)” (Idem).

O objetivo do culto é procurar promover ou mesmo estabelecer um contato efetivo entre o fiel, a pessoa que crê, e o sagrado, o divino, o sobrenatural, enfim um contato com Deus ou ainda com os deuses cultuados. Neste ponto é que reside a sua maior representação simbólica. A prática dos cultos costuma ser efetivada em locais que também são considerados dotados e revestidos por um profundo valor simbólico, como os templos, as mesquitas, as igrejas e as sinagogas. Procurar explicitar e analisar as causas do surgimento das religiões e do misticismo entre os homens, neste trabalho, seria uma realização com certeza de extrema importância e utilidade. Porém, acabaríamos por certo fugindo ao objetivo central e principal deste trabalho que se apresenta como sendo o de procurar estudar e entender a forma de utilização e também a utilidade dos símbolos e da linguagem simbólica.

Cabe-nos também aqui procurar destacar que a Ordem Maçônica, ou simplesmente Maçonaria, não é todavia e muito menos pode vir a ser encarada como uma religião. Nem mesmo pode ser considerada um sociedade dogmática. A Maçonaria, porém, utiliza-se em seus diversos rituais e em sua simbologia própria, influência de muitas outras religiões e seitas que existiram ou ainda existem no mundo. Esse aspecto em particular da Ordem Maçônica, já foi também afirmado por José Castellani em diversas oportunidades:

" (...) Embora a Maçonaria não seja uma religião e nem seja uma ordem mística, ela utiliza, em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, os padrões místicos de diversas seitas, associações e civilizações antigas, principalmente os relativos às religiões e às ordens iniciáticas de cunho religioso daqueles povos que representaram o alvorecer das civilizações e que representam o alvorecer das civilizações e que concentravam, desde o século V a. C., em torno dos rios Tigre e Eufrates e do Mar Mediterrâneo. (...) [A Maçonaria] nascida em sua forma moderna, nas asas das aspirações liberais e libertárias dos povos subjugados pelo poder real absoluto e pelos privilégios do clero, ela, também, é liberal e libertária, evolutiva e adaptável às épocas, racional e democrática. Para armar todavia, a sua doutrina moral, ela buscou o simbolismo nascido da mística de civilizações perdidas na noite dos tempos; e o simbolismo, fonte de espiritualidade oculta, será, sempre, por mais que a cibernética e a materialidade dominem o mundo, uma LUZ no caminho da humanidade (...)” (CASTELLANI: 1996. p.92)

CONDIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS:

Sobre a interpretação e o correto entendimento dos símbolos, bem como dos próprios ritos ou rituais, quer sejam eles religiosos ou mesmo filosóficos, Fernando Pessoa teceu algumas poucas, mas mesmo assim muito importantes considerações. Cabe, no entanto ressaltar, antes de qualquer outra consideração, que Fernando Pessoa é um dos mais importantes escritores da língua portuguesa de todo o século XX. Segundo ele próprio, que por diversas vezes claramente destacou, nunca pertenceu a Maçonaria, apesar de nutrir por esta instituição um profundo respeito, consideração e apreço. Em um artigo jornalístico, intitulado “Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a Um Projeto de Lei Apresentado ao Parlamento”, e publicado no Diário de Lisboa no início do ano de 1935, Fernando Pessoa faz uma defesa e uma apologia muito bem fundamentada da Maçonaria e dos direitos do homem. Porém ele procura enfatizar de maneira bastante clara a sua condição de não maçom, destacando as dificuldades advindas de tal condição. Ele destaca as barreiras e limitações naturais que são encontradas por aqueles que não pertencem à Ordem Maçônica, para pesquisar sobre os seus conteúdos e os seus muitos mistérios:

“(...) Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra Ordem semelhante ou diferente. Não sou, porém, anti-maçom, pois o que sei do assunto me leva a ter uma idéia absolutamente favorável da Ordem Maçônica (...) assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora (...)” (PESSOA, 1935, passim).

Fernando Pessoa, em uma nota preliminar ao seu livro “Mensagem”, disponibilizado no site da Loja São Paulo nº 43 (http://www.lojasaopaulo43.com.br/referencias.php), nos coloca aquelas que seriam consideradas como as cinco condições básicas ou qualidades necessárias para a mais perfeita interpretação e compreensão dos símbolos:

“O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles. (PESSOA: 2003, passim)

Estas cinco condições ou qualidades fundamentais ao entendimento dos símbolos e da linguagem simbólica e que são expostas, listadas e qualificadas por Fernando Pessoa, seriam as seguintes:

· Simpatia;
· Intuição;
· Inteligência;
· Compreensão;
· Graça ou Revelação.

SIMPATIA:

A primeira destas condições que nos são apresentadas e exaustivamente explicitadas por Fernando Pessoa, trata-se da Simpatia:

“(...) A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. (...)” (PESSOA: 2003, passim)

Em primeiro lugar, por simpatia, devemos entender e procurar compreender a afinidade e a atração natural que sentimos pelo símbolo que nos é apresentado. Parece-nos óbvio que somente um símbolo que promova uma atração para o interprete e que lhe pareça simpático, poderá transmitir alguma mensagem que lhe sirva como um ensinamento. Como uma das muitas provas desta colocação, apresentamos o caso que é representado pela “Cruz Suástica”, que foi usada como um símbolo, dístico e emblema pela Alemanha Nazista, hoje a suástica nos representa apenas o ódio e a intolerância racial. Tornou-se um símbolo emblemático e odioso do totalitarismo e da opressão, mesmo que alguns estudiosos e escritores tentem destacar o seu original ou inicial significado simbólico de progresso. Causa-nos estranheza o fato de que alguns escritores mesmo aqueles que são maçons, tenham tentado constantemente, mesmo que de maneira inconsciente reabilitar a suástica.

Dentro ainda da análise deste conceito de simpatia e em relação a Ordem Maçônica, podemos, como um exemplo simples, rapidamente analisar o significado do Esquadro e do Compasso justapostos e aquilo que a nós representam. Apenas não iremos no entanto procurar considerar ou nos aprofundarmos muito na análise dos significados que representam cada um destes instrumentos operativos de maneira distinta.

Para qualquer maçom e até mesmo para aqueles que da Maçonaria não façam parte, mas que assim mesmo possuam sobre ela algum parco conhecimento, o Esquadro e o Compasso quando justapostos ou entrelaçados passam a significar e acabam por representar praticamente a própria Instituição da Maçonaria:

“(...) O símbolo da Maçonaria remete aos instrumentos dos trabalhadores que, na Idade Média dominavam as técnicas de construção em pedra: O COMPASSO, que desenha círculos perfeitos, representa a busca da perfeição pelo homem; A letra G, no centro de tudo, vem de GOD, ‘Deus’ em inglês. Para os maçons, é Ele o Grande Arquiteto do Universo; O ESQUADRO, que forma ângulos retos, lembra que o homem deve levar uma vida igualmente reta: ética e Honesta (...)” (SUPERINTERESSANTE, 2001, p.39)

Não existe, portanto um símbolo que se apresente de uma maneira mais simpática aos maçons e também não existe um que seja também, tão mais representativo da Ordem Maçônica do que este representado pelo Esquadro e pelo Compasso quando se encontram entrelaçados. O símbolo que é formado por esta imagem, representa a medida justa que deve ser característica de todas as ações dos maçons e dos seus corpos regulares, lembra-os que não podem se afastar da justiça e da retidão determinados pelos seus profundos princípios:

“(...) Quando entrelaçam-se o Esquadro e o Compasso, formamos o mais significativo Emblema da Maçonaria de todos os tempos. Os chineses, muitos séculos antes de Cristo, já usavam esse símbolo, sugerindo ordem, regularidade e propriedade.

De todos os símbolos dos Painéis primitivos e dos atuais, o mais forte, o mais consciente, ainda é o Esquadro e o Compasso entrelaçados. Cada um desses símbolos possui vida própria, inclusive com vida anterior ao advento da Maçonaria que nós conhecemos como Operativa. Todavia unidos, formando um terceiro símbolo, um poderoso Emblema que embora tenha tido vida anterior à Maçonaria, tornou-se um símbolo maçônico por excelência em todos os Ritos. (...) (KAPFENBERGER FILHO, 2001, p. 7-8)

Devemos também ter a consciência de que o significado que procuramos enxergar e encontrar em um símbolo, enquanto maçons, é justamente e necessariamente o seu sentido e representações maçônicos. Procuramos encontrar e enxergar e absorver a sua mensagem e significados éticos e morais, absorvendo aquilo que não for possível e claramente perceptível dos seus ensinamentos.

INTUIÇÃO:

Dando continuidade e seqüência às colocações e ao pensamento que foi exposto por Fernando Pessoa, analisaremos desta feita, aquela que é colocada como a segunda das condições ou qualidades necessárias para a interpretação e para um perfeito entendimento e compreensão dos símbolos:

“(...) A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja. (...)” (PESSOA, 2003, passim)

Podemos compreender por intuição a ocorrência da percepção clara das verdades, sem que, no entanto seja perceptível a intermediação e a utilização do raciocínio. A intuição seria como que a primeira impressão, mais do que um palpite ou impressão, ela se apresenta como sendo uma certeza inconsciente, a imagem que nos marca em definitivo e a representação que nos é causada por um símbolo. Esta impressão é primeiro formada pela simpatia que nos é despertada por este símbolo.

“A Intuição da forma como é vista pela filosofia, torna-se um dos sentidos mais importantes dentro do Estudo Maçônico, principalmente na interpretação dos símbolos(...)

O método discursivo, para a investigação e o conhecimento do objeto em estudo, adota uma metodologia indireta, analisando-o sob vários aspectos, aprimora sua tese até atingir por completo o conceito do objeto. Há uma relação direta entre o objeto analisado e o indivíduo que o analisa.

Note-se ai que a intuição é primordial entre nosso pensamento e o objeto pensado. Sem a intuição não teríamos idéias novas, não haveria evolução.” (CAMPANHA, op. cit., p.38)

INTELIGÊNCIA:

A terceira das condições ou qualidades para se obtenha a perfeita compreensão e o entendimento dos símbolos, apresentada por Fernando Pessoa, trata-se, pois, da inteligência. Compreendida como uma condição ou qualidade que atua conjuntamente e correlacionando-se de maneira análoga com as demais condições anteriormente citadas, a inteligência se apresenta como um fator considerado fundamental e essencial para a compreensão dos símbolos, das metáforas e das analogias que nos são colocadas constantemente dentro dos ensinamentos maçônicos:

“A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; (...) Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado. (...)” (PESSOA, 2003, passim)

Cabe-nos ressaltar, porém, que a inteligência atua de uma maneira paralela a razão, sendo que com esta chega a ser confundida. Sabemos da importância que é atribuída a razão[8] pelos maçons, pois dentro da Ordem Maçônica, a razão deve acabar por se sobrepor ao misticismo.

Cabe destacar novamente a inter-relação que é apontada por Fernando Pessoa, colocando que uma condição ou qualidade interpretativa, no tocante aos símbolos, nada vale e nada representa se não atuar em conjunto com a outra. A simpatia é um sentimento importante para despertar o interesse e por lançar nossos olhares sobre o símbolo, a intuição nos faz ver além da imagem representada pelo símbolo, nos fazendo buscar seus mais profundos significados e fazendo-o revelar a sua mensagem oculta. Por fim, a inteligência nos faz relacionar todos estes significados e mensagens com os outros que já foram, em momentos anteriores decodificados e assimilados. A inteligência sintetiza as informações recebidas, procurando compreende-las de uma maneira que seja profunda e integral.

COMPREENSÃO:

É a qualidade representada pela inteligência que nos encaminha para a compreensão que é a quarta condição ou qualidade necessária para a interpretação dos símbolos e a assimilação da linguagem simbólica. A compreensão pode ser também considerada como o entendimento completo, praticamente a perfeita e a total absorção e a fixação da mensagem e os significados que nos são transmitidos pelo símbolo:

“(...)A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes. (...)”(Idem, op. cit.)

Ao decodificar e compreender a mensagem transmitida pelo símbolo, o interprete deve sintetizá-la e passar a procurar nela o seu íntimo e pessoal significado e representação.

GRAÇA OU REVELAÇÃO:

Por fim Fernando Pessoa nos coloca a quinta que é também a ultima das qualidades ou condições fundamentais para o entendimento e a interpretação dos símbolos. Condição ou qualidade esta que, em sua opinião, é a que possui uma maior e mais profunda dificuldade para a sua definição e a sua completa compreensão. A Graça, que é esta quinta condição, acaba possuindo uma das mais dispersas possibilidades concretas de entendimento e assimilação imediata:

“(...) Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo (...)”(Idem, op. cit.)

Nos parece bastante claro que Fernando Pessoa ao realizar a sua explanação sobre esta quinta qualidade ou condição, nos coloca frente a frente com uma possibilidade, que ele considera bastante profunda da intervenção de um poder superior que poderia ser considerado, conforme as suas palavras como que divino. Uma intervenção de poderes sobrenaturais que atuando na capacidade de compreensão acabariam dando um clareamento das idéias. A ação desta “Luz” divina sobre a compreensão dos significados das mensagens, a representação e o ensinamento dos símbolos para aqueles que seriam os seus interpretes. Pode ser que neste momento ocorra aquilo a que muitos denominam simplesmente de “insight”. Esta intervenção ou atuação do “Superior Incógnito”, do “Ser Supremo”, do “Grande Arquiteto do Universo”, enfim, a intervenção de Deus ou dos deuses, poderia e pode ser simplesmente chamada de Revelação.

De nada adiantaria ao ser humano possuir a simpatia por um símbolo, conseguir adquirir capacidades para enxergar através deste. Conseguir ver além das suas formas e dos seus contornos, com o uso da intuição. Possuir a inteligência necessária para analisá-lo, a capacidade exigida e necessária para compreendê-lo e as habilidades para sintetizar os seus conteúdos, de nada adiantaria todos esses dons e qualidades se não lhe for revelado pelo Grande Arquiteto do Universo um íntimo e pessoal significado para este símbolo.

Um exemplo prático que poderíamos usar para ilustrar de maneira mais clara e objetiva esta quinta condição ou qualidade, seria o significado atribuído à Estrela de Davi para os judeus, e aquele atribuído à Cruz para os cristãos. Estes símbolos revelam significados religiosos e íntimos que transcendem a simples compreensão humana, que não poderiam jamais ser traçados em papel ou outro material que fosse. O sentimento sagrado, esotérico, pessoal e intimo que estes símbolos transmitem aos fiéis destas religiões não podem ser simplesmente dissecados e compreendidos pela razão humana. São sentimentos que teriam sido colocados por Deus diretamente no coração e na alma de cada ser humano.

Sem a atuação e a manifestação desse Dom divino jamais se compreenderia o significado de um símbolo com toda a magnitude esotérica e mística que ele poderia representar. Portanto, o seu significado seria incompleto.

CONCLUSÕES:

A Ordem Maçônica, atuando como uma autêntica escola provedora dos mais profundos ensinamentos éticos e morais, necessita como nenhuma outra instituição procurar continuadamente afirmar, reafirmar e principalmente procurar repassar os seus diversos princípios aos seus membros e também à sociedade em que ela se insere. Devido as suas origens corporativas, desde os mais remotos tempos, a Maçonaria procurou sempre traçar paralelos e estabelecer analogias entre os seus princípios morais e ensinamentos éticos, utilizando-se como base os instrumentos laborais dos pedreiros medievais.

“(...) Embora não haja documentação que o comprove, deve-se admitir que os Maçons Operativos, os franco-maçons, usavam seus instrumentos de trabalho como símbolos de sua profissão, pois caso contrário não se teria esse simbolismo na Maçonaria Moderna. A existência desse simbolismo é a mais evidente demonstração de que houve na Inglaterra, contatos diretos entre os Maçons Modernos e os franco-maçons profissionais, e demorados o suficiente para que essa transmissão se consolidasse (...).” (PETERS, 2003, passim)

Ambrósio Peters nos coloca ainda aqueles que seriam considerados os símbolos principais e essenciais a existência da atual Maçonaria Especulativa (Simbólica). Cabe destacar também que são destes símbolos que os Maçons metaforicamente retiram os princípios básicos e os seus principais ensinamentos éticos e morais:

“(...) O trabalho dos franco-maçons, limitava-se aos canteiros de obras e à construção em si. Os instrumentos que eles usavam eram o esquadro, o compasso e a régua para determinar a forma exata das pedras a serem lavradas, o maço e o cinzel, para dar-lhes a forma adequada, e o nível e o prumo, para assentá-las com perfeição nos lugares previstos na estrutura da obra. Eram, portanto três diferentes grupos de instrumentos, cada qual representando uma etapa da obra, a saber: a medição ou a determinação do formato das pedras, o desbastamento das pedras para dar-lhes a forma adequada e finalmente a aplicação das peças lavradas na construção do edifício.

Cada trabalhador tinha para sua tarefa, instrumentos apropriados que indicavam a especialidade de cada um. Os Mestres mediam e transmitiam suas instruções aos aprendizes, estes executavam as instruções dos Mestres, e os Companheiros aplicavam os trabalhos dos aprendizes na estrutura da obra (...)” (Idem)

Possivelmente a linguagem simbólica utilizada pela Maçonaria, na atualidade somente encontre paralelos significativos, se comparada, com aquela que é utilizada ainda nos dias de hoje pela Igreja Católica. A igreja Católica que talvez seja ainda a única outra instituição que na atualidade ainda faça uso de símbolos e metáforas para poder ministrar os seus ensinamentos, conforme nos foi afirmado por Nicola Aslan (ASLAN, 2000, p.5).

Como já colocamos neste trabalho, o significado de um símbolo, é íntimo e pessoal para cada pessoa ou interprete. A interpretação dos símbolos depende da formação de cada pessoa ou ainda da maneira como estas qualidades que aqui procuramos retratar, se manifestam em cada um individualmente. Tais afirmações encontram respaldo nas afirmações de Luís Roberto Campanha, quando fez referência ao chileno Moisés Mussa Battal:

“(...) As escolas filosóficas caracterizam-se por serem criadas por um mentor intelectual, possuem um sistema ideológico, verifica-se nela certa uniformidade de pensamento e ação, desenvolvem seu trabalho em torno do ser, do conhecer e do valer, atuam nas áreas da metafísica e da ciência, assumem aspectos esotéricos e exotéricos.

A Escola Maçônica difere em alguns aspectos das escolas filosóficas, pois não foi fundada por um pensador, seu sistema ideológico não é fixo, se adapta às evoluções do mundo e da cultura, sua doutrina e prática não são ortodoxas, pois o Símbolo permite uma interpretação ampla e variada, fundamenta suas preocupações nos problemas do ser, do saber e do valer, não exige obediência cega a ela dando a todos a liberdade de pensamento.

A Maçonaria, mais que uma escola filosófica, é uma escola que permite o livre exame, a crítica, a dúvida metódica, a aceitação de postulados, ainda que superficiais, no intúito de melhorar a condição humana, individual e coletiva (...)” (CAMPANHA, op. cit., p.34-35).

Porém, Theobaldo Varoli Filho, em seu livro “Simbologia e Simbolismo da Maçonaria”, da Editora A Trolha, nos coloca algumas posições contrárias e contraditórias às afirmações de Luís Roberto Campanha. O principal ponto seria a questão da liberdade de opinião como recurso para a livre interpretação dos Símbolos Maçônicos.

Theobaldo Varoli Filho, nos coloca que dentro da Maçonaria, devemos ao interpretar um Símbolo Maçônico, sempre procurar analisá-lo justamente do ponto de vista maçônico. A Maçonaria nos coloca algumas tradições, princípios e significados gerais que devem ser sempre respeitados, caso contrario desvirtuaríamos os objetivos da Sublime Ordem:

“(...) A Loja Maçônica não é lugar de psicanálise, onde cada um interpreta os Símbolos como lhe aprouver. Esta é a resposta que damos aos que afirmam que os Símbolos Maçônicos são livremente interpretados subjetivamente e livremente, isto é, licenciosamente (...) É importante assinalar que o Símbolo Maçônico é sempre ideológico e não simplesmente ideográfico.

O símbolo Maçônico se distingue por sua universalidade e como expressão de idéias pacificamente aceitas pela humanidade civilizada. Por conseguinte, o maçom não deve ‘particularizar’ o Símbolo a seu gosto. Todo Símbolo Maçônico é de comunicação nos âmbitos da Sublime Instituição, ainda que, por motivos históricos, não seja originário da Maçonaria, mas de tradições morais profanas. Assim o Maçom licencioso prejudica a comunicação iniciatória universal. É Obreiro pernicioso e vaidoso, ainda que invoque a liberdade de opinião a seu favor, a sua falsa maneira de defender-se e de impor as suas inventivas pessoais.

Ainda, todo Símbolo Maçônico requer interpretação coerente, lógica, e inspiradora de lições morais.

Roberto Bondarik
(http://www.pedreiroslivres.com.br/?area=artigos/p1/03)

Ao longo do tempo, os maçons são conhecidos pela utilização de símbolos capazes de estabelecer a reafirmação de vários princípios que fortalecem os valores de seus praticantes. Para muitos, essa simbologia deveria ser a chave fundamental de um misterioso conjunto de mensagens que acobertaria uma faceta obscura desta sociedade. Contudo, essa postura de desconfiança e conspiração está bastante afastada do lugar que os símbolos ocupam no universo maçom.

Uma significativa parcela dos símbolos maçônicos é figurada por instrumentos empregados na construção civil. O sentido maior da construção reforça junto ao maçom a necessidade constante de aprimoramento moral, intelectual e espiritual. Não por acaso, o processo evolutivo do maçom está dividido em vários graus que são relacionados a um conjunto específico de símbolos. Dessa maneira, qual o significado de cada conjunto de símbolos presente em um determinado grau específico da Maçonaria?

Ao contrário do que se supõe, os símbolos não teriam uma função ritualística ou comportariam algum tipo de habilidade mágica. De fato, você nunca terá a oportunidade de ver um maçom prestando homenagens ou se curvando mediante os símbolos. Os símbolos possuem a função de um texto que fora construído pelo próprio participante da Maçonaria. Com isso, o universo simbólico maçom emite uma mensagem que se entrelaça com o processo de reflexão e aprendizagem particular de cada seguidor.

Um dos mais importantes símbolos da Maçonaria é o triângulo que carrega um olho em seu centro. Ele faz referência ao Grande Arquiteto do Universo, aquele ser de natureza onisciente que tudo vê e tudo julga. Oriundo da antiga arte egípcia, esse símbolo está fortemente vinculado ao todo poderoso princípio criativo que organiza o Universo. Dessa forma, é errado acreditar que a Maçonaria se alia a uma perspectiva deísta do mundo, pois os ateus e agnósticos também podem integrar tal irmandade.

Outro significativo símbolo da Maçonaria é a associação entre o esquadro e o compasso, surgido no século XVIII. O esquadro pode fazer referência ao quadrado, ao número quatro ou à própria terra. Já o compasso faz referência à imensidão dos céus, ao princípio de unidade e ao círculo. Unidos, esquadro e compasso empregam a função de salientar a importância da associação indispensável e fundamental entre o mundo espiritual e o mundo material.

A trolha estabelece a representação de um importante princípio para os maçônicos. Na construção, essa ferramenta desempenha o discreto, mas significativo papel de aplicar a argamassa que promove a junção entre as pedras. Lançada ao campo moral, essa ferramenta salienta a necessidade de amor e tolerância entre aqueles que estão unidos pelos fundamentos da Maçonaria. Na medida em que “perdem” a sua forma de pedra bruta (outro símbolo maçom), os congregados buscam a perfeição entre seus convivas.

De fato, existem tantos outros símbolos que são empregados entre os maçons. Ao longo do conhecimento e da experiência na Maçonaria, estes símbolos passam a extrapolar a dimensão fixa de um significado de natureza invariável. Sendo o conhecimento do mundo e o autoconhecimento processos de natureza dinâmica, os símbolos maçons coerentemente assumem este mesmo comportamento.


Por Rainer Sousa - Graduado em História - Equipe Brasil Escola – site http://www.brasilescola.com/curiosidades/a-simbologia-maconica.htm

Hoje nós iremos tratar da Simbologia Universal dos milhares de Símbolos que podem ser encontrados nos diversos Ritos e Rituais da Ordem.

Um símbolo pode ser estudado de várias maneiras, por mais que muitos Maçons ainda insistam que só existe uma forma de fazê-lo – e que, coincidentemente, está sempre ligado a sua forma de enxergar as coisas.

Os Símbolos podem ser entendidos de forma Litúrgica, Antropológica, Mística e etc. No entanto, também não é incomum que cada um defenda sua forma de encarar os símbolos como sendo a “Verdadeira” forma de se entendê-los.

O Ocultista irá dizer que a “Verdadeira Maçonaria” é aquela compreendida pelos preceitos espiritualistas e que é assim porque foi idealizado pelos “Mestres Superiores”.

Aquele que tende a uma visão “antropológica” irá defender que a Maçonaria, com sua influência do movimento Humanista, quer apenas fazer dos Símbolos uma referência do Homem, afirmando que é o que realmente importa, a nível de conhecimento.

Já o Litúrgico irá buscar a causa do porque o Símbolo (ou “procedimento ritualístico”) foi parar na Ordem – e seu conhecimento será mais profundo nas causas e movimentos históricos, que tiveram consequências dentro da Ordem, do que, nos Símbolos em si.

Mas ainda fica a pergunta: Deve-se, ou não, limitar a interpretação de um Símbolo apenas à forma como ele foi inserido na Ordem?

O Conhecimento
Essa é uma opinião particular, mas a verdade é que ninguém poderá dizer que não se pode interpretar os Símbolos da Ordem, afinal, um Símbolo não perde a sua história nem a significação que ele teve, ao longo dos tempos.

Vejamos a seguinte situação:

Imagine que um determinado Símbolo tenha sido retirado de uma Ordem da Idade Média, como a Ordem dos Cavaleiros Templários (e realmente isso acontece em muitos graus). Digamos que o membro resolva apresentar a história do Símbolo, insistindo que este vem do Antigo Egito – e dê a respectiva explicação acerca do mesmo. E, digamos também, que apareça um outro Irmão para dizer que o Símbolo não tem relação com o Antigo Egito, porque o Símbolo está ali pela referência aos Cavaleiros Templários.

Ele está certo ou não?

Sim, ele está certo, mas isso não inviabiliza a história do Símbolo. Tentar impedir isso acaba criando barreiras para o conhecimento dos demais Irmãos que não se interessam muito pela Literatura Maçônica e acabam criando a ideia de que só existe uma única forma de entender todos esses Símbolos.

Claro que é importante sabermos qual é a referência direta dos Símbolos. Os “Graus Simbólicos”, por exemplo, tem quase todas as suas referências ligadas aos Maçons Operativos e o fato desses Símbolos serem mais referenciados com outros significados, do que o significado Operativo, faz com que muitos acabem não conhecendo a história de como aquele símbolo foi parar na Ordem – e o significado “Operativo” acaba ficando prejudicado.

Todavia, a solução para isso não é impedir que todo o conhecimento, acerca do Símbolo, seja anulado. A Solução é propagar a importância de se conhecer a origem do símbolo, na Ordem. Dessa forma, haverá mais conhecimento para todos.

Impedir que isso aconteça, na minha opinião, não acrescenta nada a ninguém.

(Voltando ao exemplo lá de cima) Não se pode dizer apenas que o Símbolo “X” é um Símbolo Templário e dizer que aquele símbolo não tem origem no Egito Antigo – porque, além do fato de ter existido no Egito (no caso de ter existido mesmo, obviamente), existe a possibilidade dos Cavaleiros Templários terem retirado esse Símbolo de outro grupo, ou civilização, e estes podem sim tê-lo retirado do Egito Antigo – e, se isso não for pontuado, todos os Irmãos perdem a oportunidade de ter esse grande aprendizado.

Eu entendo que aqueles que propagam uma defesa estritamente pragmática estão apenas defendendo as origens diretas da Ordem, que muitos ignoram, como se a Maçonaria só tivesse importância se tudo que tem nela tivesse tido origem nas “Antigas Escolas de Mistério”.

Problemas de Critério

Isso tudo faz com que não seja incomum a falta de critérios em uma avaliação simbólica.

[Vamos ilustrar a situação]

O Irmão vai apresentar um trabalho e tem dificuldade em conceituar e pontuar o símbolo. Ele começa:

“E esse símbolo tem ligação com o número 3986457 que vem da multiplicação de uma equação universal ashtariana que, dividida com o 9 da iniciação e levando em conta o seu formato divino, representa o Ser que precisa evoluir segundo os princípios milenares da….”
(Sim, eu exagerei propositalmente no exemplo…)

Daí você termina de ouvir o estudo sem saber porque aquele Símbolo está inserido na Ordem e nem a Origem dele em si – e essas são duas informações essenciais.

Primeiro, obviamente, você precisa saber o que ele representa dentro do contexto. Se for uma Virtude, ótimo, você já sabe para que serve. Mas também é importante saber em que contexto ele foi parar ali e, indo mais além, a história dele.

Não fosse essa falta de critérios, a Ordem teria membros mais preparados e que também poderiam aprender com outras diversas formas de conhecimento distintas. Afinal, se a explicação de um Símbolo acabar citando a Cabala Judaica, por exemplo, poderiamos (e porque não?) aproveitar como incentivo para que os Irmãos viessem a estudar e conhecer um pouco da Cabala em um outro momento mais apropriado.
É por esse prisma que o universo de conhecimentos da Ordem pode ser tão amplo. É pelo fato de termos 

Símbolos diversos e distintos – e Símbolos permitem quase tudo isso.

Não vamos negar o conhecimento, tão importante para o nosso aprimoramento. Que mal pode haver na erudição de um membro acerca da essência profunda dos Símbolos que compõe a sua Ritualística??
Volto a dizer, o problema é PONTUAR tudo isso da forma mais correta possível e não anular os conhecimentos adicionais. Pense nisso antes de criticar um Irmão dizendo que a informação dele está errada.
Defenda que esse conhecimento deve ser pontuado e justificado. Critique apenas se REALMENTE a referência estiver errada. Afinal, se ele diz que o Símbolo era utilizado pelos Pitagóricos, mas isso não é verdade, então sim, alguém precisa atentar-se para isso e corrigir.

Conhecimento Simbólico Através dos Ritos

Da mesma forma, pode-se aplicar esses preceitos ao Simbolismo de vários outros Ritos, como aqueles que não são aplicados no Brasil. E não estou dizendo para que eles sejam realizados. Estou dizendo apenas para que eles sejam conhecidos e estudados, na medida do possível.

Já existiram Ritos na Ordem de questões que quase ninguém imagina. Por exemplo, existe um Rito que fala sobre Quetzalcoalt, que foi um dos Deuses da Mitologia Maia.

Perceba que, se esse Rito fosse levado para a Loja, com a finalidade de Estudo, o Maçon conseguiria aprender sobre “quem foram os Maias”, aproveitar pra falar da sua Cultura, do seu Estilo de Vida, suas Crenças e Práticas Religiosas, enfim.

Você percebe o quanto se pode aprender com tudo isso? É válido alguém tentar impedir que se aprenda tudo isso, sobre a ótica de que “esse Rito apenas foi feito porque foram descoberto as primeiras evidências sobre a existência da civilização Maia, na Europa, naquela época?”

Não, não é. O conhecimento é importante e melhor ainda quando todos podem aprender com isso dentro de uma Ordem como a Maçonaria.

Bem, imagino que essa questão já tenha ficado clara.

Da mesma forma que a “Filosofia da Virtude” é a Essência da Ordem, o “Simbolismo Universal” é a Ferramenta de Conhecimento, que nos permite explorar novas ideias – que irão nos ajudar em nosso árduo trabalho que é polir a nossa “pedra bruta”.

Fonte: https://liberdadeeamorcassia.mvu.com.br

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