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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 11 de junho de 2019

ESCRITA CORRETA. BOOZ OU BOAZ?

Em 18/05/2019 no 1º Seminário de Padronização Ritualística do REAA – GOB, realizado em Santos, São Paulo, o Respeitável Irmão Ronaldo Martins de Paula, Loja 3.706, GOB-SP, Oriente de Cotia, Estado de São Paulo, apresentou a seguinte pergunta:

ESCRITA CORRETA. BOOZ OU BOAZ

A pronuncia correta (letras) da Pal∴Sagr∴, pois vejo Loja usando BOOZ ou BOAZ. Qual seria a correta?

CONSIDERAÇÕES:

Infelizmente o nosso Ritual de modo latino ainda adota a palavra BOOZ em vez de BOAZ. Esperamos que com o tempo possamos adotar a grafia correta, todavia, enquanto o ritual mencionar a palavra com a vogal “o” dobrada, assim devemos seguir.

Acho oportuno lhe apresentar uma resposta que eu dei e que fora publicada no mês de maio próximo passado no meu Blog. Dessa forma o Irmão poderá compreender um pouco mais do porquê dessa contradição.

“Muitos já escreveram a respeito da diferença de escrita da palavra. Alguns trabalhos dignos de apreciação e outros repletos de opiniões pessoais sem qualquer contribuição para o tema.

A diferença da escrita se apresenta de acordo com as duas principais versões bíblicas – a Septuaginta (Dos Setenta) e a Vulgata.

Septuaginta - Versão dos "Setenta" ou "Alexandrina" é provavelmente a principal versão grega por sua antiguidade e autoridade. Sua redação deu-se a partir da Bíblia hebraica no período de 275 - 100 a. C., sendo usada pelos judeus de língua grega ao invés do texto hebreu. 

O nome "Setenta" se deve ao fato de que a tradição judaica atribui sua tradução a 70 sábios judeus helenistas, enquanto que "Alexandrina" por ter sido feita em Alexandria.

Em relação à questão, particularmente nessa versão bíblica a palavra tem a grafia de BOAZ.

Vulgata - No sentido em curso, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerônimo por determinação do Papa Dâmaso I e que foi usada pela Igreja Cristã.

Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se, sobretudo da língua grega, passando após a tradução latina denominada Vulgata a consolidar-se, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532.

No tocante à questão, nessa versão a palavra é rotulada como BOOZ.

Ainda não menos importante citar é que por ocasião da Reforma Protestante que quebraria o monopólio latino da língua, está à tradução da Bíblia por Martinho Lutero para a língua alemã. Nessa tradução, no tocante particular ao termo, encontra-se a palavra BOAZ.

Na concepção protestante inglesa de tradução bíblica o termo BOOZ é desconhecido, senão identificado como BOAZ.

Outro aspecto para ser considerado é que o termo BOOZ é desconhecido no vernáculo hebraico, senão a palavra BOAZ.

Sob esse prisma a palavra correta deveria ser BOAZ, já que BOOZ é considerada uma corruptela da palavra apropriada adquirida por equivoco de São Jerônimo na ocasião da tradução para a Vulgata. Em linhas gerais a conservação dessa corruptela deu-se pela Igreja Católica alegando respeito ao tradutor bíblico (São Jerônimo) e resolveu manter a tradição da Vulgata.

Em termos de Maçonaria é facilmente compreensível o uso dessa palavra dependendo da sua vertente. No Craft inglês e, por conseguinte no Americano, dentre outros costumes anglo-saxônicos, a dita é tida como BOAZ, enquanto que na vertente latina (francesa) da qual pertence o REAA∴, não na sua totalidade, porém na sua grande maioria, o termo é compreendido como BOOZ, provavelmente influenciado pela Vulgata (latina por excelência). 

A Maçonaria brasileira – filha espiritual da França – acabaria nos ritos de origem francesa por adquirir o costume de uso da corruptela (BOOZ), tornando-se um elemento consuetudinário, sobretudo no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Dadas essas considerações, devido ao caráter de segredo do Grau imposto à palavra no Rito Escocês na sua forma de transmitir, não existe oficialmente uma orientação para o uso da palavra BOAZ ou da corruptela BOOZ no Grande Oriente do Brasil, senão o costume consuetudinário do modo errado de se escrever ou se pronunciar a dita palavra.

Penso que a Maçonaria como investigadora da Verdade e dela fazendo parte o Grande Oriente do Brasil, urge a necessidade de revisão sobre esses conceitos amparados por tradições superadas. Se a palavra correta é BOAZ, que sentido teria o uso de uma corruptela?

Enquanto permanece o equívoco, sugiro que as Lojas pelo menos ministrem uma instrução esclarecendo os fatos sobre o assunto, ao mesmo tempo em que remeto o Irmão a consultar uma excelente Peça de Arquitetura intitulada “Discussões Bíblicas – BOOZ ou BOAZ” do respeitável Irmão Willian Almeida de Carvalho (encontrada na Internet) que em minha opinião fecha o assunto, além de dar subsídios para pesquisa sobre o tema” (a) Pedro Juk.

Comentário do Respeitável Irmão Sérgio Kander em junho de 2014:

“(...) acho que não se precisa nem de São Jeronimo, nem de Martin Luther (que não gostava de judeus) nem da Versão dos Setenta (feita para judeus tão helenizados que não sabiam mais ler hebraico). Peguem qualquer judeu que se preze (ou um que não se preza como eu) e vamos ao texto hebraico do Livro de Ruth. Está lá: Letra Beit (é o som do Bê, mais o sinal vocálico do som do Ó (é um pontinho), mais a letra Áiin com o sinal vocálico de A mais a letra Záin que sempre tem som de Zê. Resultado: BOAZ” (a) Sérgio Kander.

Creio que essa resposta explica a razão pela qual adotamos por aqui a palavra BOOZ. Provavelmente por sermos filhos espirituais da França e como latinos seguimos como Livro da Lei a versão bíblica da “Vulgata”. Nela São Jerônimo equivocadamente escreveu BOOZ e não BOAZ, porém a Igreja, evocando “respeito ao tradutor”, manteve nessa versão a escrita errada.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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