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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 15 de setembro de 2024

O SILÊNCIO DO APRENDIZ

Autor: Ir∴ Cleber Basso – bassoadv@bol.com.br
A∴ R∴ L∴ S∴ 2 DE JULHO Nº 586 – OR∴ DE DRACENA/SP Av. Expedicionários, nº 364 – Vila Barros Dracena – SP

O que é o silêncio? Nossos dicionários são fartos em descrever o silêncio como sendo a atitude mística diante da infalibilidade do Ser supremo, o calar-se diante de determinada situação, estar mudo ou somente pensando. Para filosofia, o silencio não se confunde com ausência de ruído, pois nada mais é do que a abolição da palavra ou da linguagem. Independentemente da interpretação que se tem do silêncio no mundo profano, aqui neste trabalho temos o silêncio como instrumento de transformação e aprendizado.

Simbolicamente, o Apr∴ não sabe falar, não podendo, portanto, fazer uso da palavra. Esse impedimento, todavia, é apenas simbólico, pois o Ap∴ tem direito de falar em loja, desde que não aborde assuntos ainda incompatíveis com seu Grau. Esse impedimento simbólico tem raízes históricas e místicas. Sendo, a mística maçônica, muito influenciada pelos costumes das antigas civilizações. Esse simbolismo pode ser visto em duas instituições da antiguidade: o Mitraísmo persa e o Pitagorismo. Embora não se possa procurar profundas semelhanças entre graus simbólicos da Maçonaria e os Graus do Mitraísmo, existem pontos em comum entre Apr∴ Maçônico e o Corvo Mitráico, pois ambos não podem, simbolicamente, criar ideias próprias, limitando-se a ouvir, sem falar. O mesmo ocorre em relação aos Ouvintes, do Pitagorismo, os quais, durante o seu aprendizado, se limitavam a ouvir e aprender, numa situação muito similar à do Apr∴, que, simbolicamente, é uma criança, que não sabe falar e que se limita, também, a ouvir e aprender.

Pitágoras na antiguidade afirmava a seus discípulos que “aquele que não sabe ouvir, não sabe falar”. Importante ressaltar que o silencio aqui em comento não é o silencio maçônico propriamente dito, aquele que cogita inúmeras e infundadas especulações profanas ou o silêncio no juramento ocorrido ao término da ritualística. O silêncio em testilha tem como por finalidade o aprendizado, tendo como destaque o APRENDIZ MAÇON. Como ato de humildade que o homem “iniciado” se vê obrigado a trazer de volta para si e para seu comportamento depois de tê-lo perdido em algum momento de sua vida, como o cinzel a talhar a pedra bruta para transformá-la em pedra polida, sendo que tal silêncio deve ocorrer de forma desinteressada e sem reservas ou intenções! Quando o recém iniciado é advertido de que não poderá falar em loja, desde a sua iniciação até à sua passagem a mestre, devendo apenas ouvir e observar, está-se simplesmente a dar continuidade a um dos mais antigos costumes das ordens iniciáticas: o silêncio.

O profano, ao iniciar-se, não tem como expor suas ideias justamente porque nada sabe, e, diante desta constatação o silêncio é seu melhor companheiro, pois é o singular momento de criação e transformação. O Aprendiz Maçom encontra-se em processo de integração ao novo grupo, com regras específicas, com uma ligação pessoal forte. Desejaria, porventura, ter uma atitude proativa de se dar a conhecer, de intervir, de mostrar o seu valor. Mas não precisa: que tem valor, já todo o grupo o sabe por isso o aceitou no seu seio, o conhecimento advirá, nos dois sentidos, com o tempo e o aprendizado. Está num processo de mudança de paradigma quanto à forma de estar social. Muitos dos valores apreciados nos meios profanos não serão os mesmos que são preferidos entre os maçons. Na Maçonaria não se busca eficiência, produtividade, riqueza, estatuto, etc.. Na Maçonaria valoriza-se a força de caráter, o reconhecimento das próprias imperfeições, o desejo de melhorar, a ponderação, o respeito pelo outro, a tolerância e a paciência, dentre outros.

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